Educação especial e escolas inclusivas (ou não) – por Demetrio Cherobini
As condições mínimas necessárias para uma boa inclusão. E a realidade visível
Uma questão que preocupa pais e mães de crianças com necessidades especiais é saber se a escola na qual pretendem matricular seus filhos é de fato inclusiva. Reflitamos a respeito com base em critérios razoáveis e claros.
Para haver uma boa inclusão, as condições mínimas necessárias são:
1) Diminuição do número de alunos das turmas regulares para que os professores tenham maior possibilidade de dar atenção aos estudantes com necessidades especiais;
2) Contratação de mais professores de sala regular a fim de viabilizar a redução do tamanho das turmas com alunos incluídos;
3) Contratação de mais educadores especiais para cada escola – atualmente, o grande número de estudantes incluídos sobrecarrega os poucos educadores especiais e inviabiliza muitas vezes um trabalho com qualidade;
4) Contratação de monitores especializados para acompanhar as crianças e adolescentes com necessidades especiais durante sua jornada escolar diária;
5) Disponibilidade, na escola, de uma equipe de educação especial, composta por profissionais de terapia ocupacional, psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia, música, dança, teatro, artes plásticas, educação física, terapias alternativas e outros, voltados diretamente à pesquisa, ao planejamento e ao trabalho de inclusão;
6) Salas de aula próprias e em boas condições para o trabalho de educação especial;
7) Gestão da educação especial nas mãos de conhecedores e praticantes da área.
Tais ideias são justas e adequadas a uma proposta generosa de inclusão. A realidade, no entanto, mostra um quadro diferente:
1) Turmas com número excessivo de alunos, nas quais se “incluem” dois ou três, ou até mais, alunos com necessidades especiais;
2) Constante falta de professores para as turmas regulares de ensino;
3) Renitente falta de professores de educação especial;
4) Carência crônica de monitores especializados para acompanhar os estudantes com necessidades especiais – em razão do baixíssimo salário ofertado pela mantenedora a esses profissionais de apoio;
5) Ausência completa de equipe multidisciplinar nas escolas para dar suporte aos professores no trato com os estudantes incluídos;
6) Salas de aula improvisadas e precárias para o atendimento educacional especializado;
7) Gestão da educação especial feita por leigos no assunto.
Diante disso, podemos dizer que as escolas são inclusivas? As condições atuais são próprias para os professores trabalharem no sentido da inclusão? Acaso pode ser inclusiva a escola de uma sociedade que não tem a inclusão por princípio?
Não sejamos ingênuos. As escolas não são um mundo mágico e à parte onde os problemas sociais encontram solução fácil e milagrosa. Elas refletem a sociedade, não são a sua panaceia. Vigoram no seu interior os mesmos elementos conflitivos que existem no seio da comunidade humana mais ampla. A inclusão real e efetiva não é garantida pela mera formalização de uma lei de inclusão. Ao contrário, precisa de grandes transformações econômicas, políticas, sociais e culturais para se realizar na prática.
Portanto, se considerarmos que a inclusão deve proporcionar às crianças com necessidades especiais a construção de hábitos e de conhecimentos necessários para uma participação e vivência autônomas na sociedade – conhecimentos que envolvam ao menos leitura, escrita, interpretação de textos e noções sólidas e amplas das diversas disciplinas escolares -, devemos forçosamente concluir que,salvo exceções, infelizmente, as escolas que temos não são inclusivas. Resta-nos refletir, por fim, sobre o que é necessário fazer para modificar radicalmente essa situação.
(*) Demetrio Cherobini, professor da rede municipal de Santa Maria, é licenciado em Educação Especial e bacharel e Ciências Sociais pela UFSM, mestre e doutor em Educação pela UFSM e pós-doutor em Sociologia pela Unicamp.
Resumo da opera: quem diz se preocupar com ‘inclusão’ está mais interessado no ‘olha como sou legal, sou a favor da inclusão’ do que resolver o problema. Vide as propostas/medidas completamente irrealistas.
Nesta hora algum vermelho começa a falar no que se gasta com pagamento de juros (a culpa é sempre dos outros). Questão é: paga juros quem pegou emprestado. Se pegou emprestado gasta exatamente no quê? Obras faraonicas? No ralo? E os salarios de 40 mil fora as vantagens?
Enquanto o conceito abstrato/utopia de ‘inclusão’ serve de cortina de fumaça, a educação da população geral continua com qualidade baixissima. Fabrica de analfabetos funcionais. Chegam no curso superior sem saber interpretar um texto e sem as quatro operações matematicas dominadas.
Por que não funciona? Porque um bando de imbecis se reuniu numa sala com ar condicionado e resolveu que o mais importante é a ‘inclusão’, os escarsos recursos da educação (o que chega la na ponta é muito pouco) tem que ser gasto na minoria. A educação da população geral fica em segundo plano. Politicos olharam para o planejado, riram concordaram e colocaram em pratica na base do ‘é o que a casa tem para oferecer’.
Mais ‘[…] voltados diretamente à pesquisa, ao planejamento e ao trabalho de inclusão;[…]’. Tarefa abstrata, sem maior especificação. Pesquisa no Brasil é feita nas universidades, o resto é cascata.
Crianças com necessidades especiais são minoria. Fato. Postulado da economia: necessidades são ilimitadas, recursos são escassos. Orçamento para educação é um só. Proposta? Contratação de mais professores do ensino regular, contratação de educadores especiais, contratação de monitores, contratação de equipe de educação especial. ‘[…] profissionais de terapia ocupacional, psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia, música, dança, teatro, artes plásticas, educação física, terapias alternativas […]’, que já não existem nem para os alunos regulares.