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Felicidade – por Orlando Fonseca

Finlândia, o país mais feliz. E o Brasil, como está no ranking?

Se você, nestes tempos atribulados, de crises e guerras, já buscou um lugar feliz pra morar, agora não precisa pôr o dedo no mapa, aleatoriamente, a depender da sorte. Segundo informe da ONU, a Finlândia é considerado o país mais feliz do mundo pela sétima vez consecutiva. Se não gostar deste lugar, pode ficar na região, pois os países nórdicos ocupam os primeiros lugares neste ranking: Dinamarca, Islândia e Suécia estão logo abaixo da Finlândia.

Mas as boas novas divulgadas semana passada não ficam apenas naquela zona fria do planeta: aqui nos trópicos, o Brasil, o nosso Brasil brasileiro subiu  5 posições, ocupando agora a 44ª posição (ano passado ocupava a 49ª posição). Desse modo, já é o terceiro mais feliz da América Latina, perdendo apenas para o Uruguai e o Chile.

O índice da medição de felicidade da ONU aparece em um relatório, divulgado anualmente pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável, desde 2012. A pesquisa leva em conta a avaliação que as pessoas fazem da própria felicidade, convertendo essa percepção em dados econômicos e sociais.

São seis os fatores-chave do documento: apoio social, renda, saúde, liberdade, generosidade e ausência de corrupção. Há quem pense ser um lugar bom para viver o país com grandes metrópoles, no entanto, os países mais populosos do mundo não aparecem entre os 20 primeiros (entre os 10 primeiros, apenas Holanda e Austrália têm mais de 15 milhões de habitantes; entre os 20 primeiros, apenas o Canadá e o Reino Unido têm mais de 30 milhões de habitantes).

Por aí se pode deduzir que os finlandeses, por exemplo, talvez tenham mais presente em seu cotidiano o que é uma vida bem-sucedida, em comparação com os Estados Unidos, “onde o sucesso está mais relacionado aos ganhos financeiros”, aponta uma especialista.

A busca da felicidade, pelo que se pode supor deste relatório é coletiva. Para tanto, o cidadão desenvolve maior confiança nas instituições (que não lhe dão motivos para desconfiança), a ausência de manchetes sensacionalistas sobre corrupção (porque políticos, administradores e empreendedores não usam o recurso escuso). O acesso gratuito à saúde e à educação também são primordiais.

Um dado importante, que faz supor também uma longa permanência desta percepção é que, na Finlândia, o sentimento de felicidade é mais forte entre as novas gerações do que entre as pessoas mais velhas, o que se verifica também (como tendência) na maioria das regiões pesquisadas.

Como era de se esperar, lugares conflagrados por guerras ou graves crises humanitárias são os piores para que alguém se sinta feliz. O último lugar na lista (são 143 países avaliados) é ocupado pelo Afeganistão, afetado pela catástrofe produzida após o retorno do Talibã ao poder, em 2020. Também retrocederam, nos últimos anos, Líbano e Jordânia, enquanto Sérvia, Bulgária e Letônia registraram fortes avanços.

Uma das coisas que nós, brasileiros, podemos aprender é que devemos copiar as boas práticas. Enquanto por aqui se apregoam as falsas benesses da privatização de todos os serviços, como educação e saúde, é preciso destacar que o sistema nórdico de ensino é gratuito e universal, com ênfase na igualdade e na inclusão.

Na Finlândia, não há mensalidades nas escolas públicas, o que elimina barreiras financeiras ao acesso à educação de qualidade, em tempo integral, com alimentação gratuita nos níveis primário e secundário. No ensino superior, os estudantes podem receber ajuda financeira, serviços de alojamento subsidiado, refeições econômicas, descontos nos transportes públicos e serviços de saúde.

Aliás, por lá também, todo cidadão tem direito a serviços de saúde públicos gratuitos, ou através de uma taxa igual para todos. Com isso, nós, brasileiros poderemos ter a certeza de que a saída para encontrar felicidade não será o aeroporto. E ainda vamos melhorar nossa posição no ranking da ONU.

(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela “Da noite para o dia”.

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9 Comentários

  1. Resumo da opera: uma defesa da presença maior do Estado, um ‘socialismo’, um ‘coletivismo’, a projeção de ‘um futuro melhor’ e a defesa de uma ideologia (inclusão, igualdade). A base são estereotipos dos paises nordicos e comparações de um abacaxi com um fusca. O óbvio? Para quem só tem um martelo na mão todo problema é prego.

  2. ‘Na Finlândia, não há mensalidades nas escolas públicas, […]’. Engraçado, nas escolas publicas do Brasil também não cobram mensalidade. Evasão escolar é outro assunto (como gostam de ‘escorregar’ os(as) causidicos(as)).

  3. ‘[…] é preciso destacar que o sistema nórdico de ensino é gratuito e universal, com ênfase na igualdade e na inclusão.’ Sim, uma população bem mais homogenea, com outra cultura. Mas isto era antigamente, agora o estado de bem estar social está ruindo, as sociedades não estavam preparadas para receber o numero de migrantes que recebeu. Suecia convocou o exercito para lidar com as gangues, para ‘felicidade geral da nação’.

  4. ‘Uma das coisas que nós, brasileiros, podemos aprender é que devemos copiar as boas práticas.’ Obvio que não. Copiam o sistema, a cultura e o orçamento é diferente. Agora o NHS britanico quebrou, mas quando funcionava serviu de modelo para o SUS. Alguma vez na historia o SUS teve a mesma qualidade do NHS? Não, O SAMU foi copiado da França, alguma vez o tupiniquim teve indices comparaveis com o frances? Não. Logo é só marketing. Copiam mal quase tudo e ainda tem a cara de pau de dizer que ‘é um dos melhores do mundo’.

  5. ‘A busca da felicidade, pelo que se pode supor deste relatório é coletiva’. Obvio, não existe estatistica de uma pessoa só.

  6. Os dados não variam muito de ano para ano. Outra instituição pouco confiavel, a Organização Mundial da Saúde. Dados 2019. Finlandia: 13,4 suicidios por 100 mil habitantes. Dinamarca 7,6. Islandia 11,2. Suécia 12,4. Uruguai 18,8. Chile 8,0. Brasil 6,4. Conclusão: é muito mais complexo. Imagine se os automoveis tivessem só um mostrador apresentando a media da velocidade, do conta giro, da temperatura do oleo do motor e do nivel do tanque de combustivel. Serviria para alguma coisa? Pois é, a taxa de suicidios está enterrada na media da saúde que depois entrara na media do indice.

  7. ‘[…] o que é uma vida bem-sucedida, em comparação com os Estados Unidos, “onde o sucesso está mais relacionado aos ganhos financeiros”, aponta uma especialista.’ Ou seja, existe um ‘criterio absoluto’ para medir o ‘sucesso’ na vida e não é capitalista! Diz uma ‘especialista’ oculta. Kuakuakuakua!

  8. Para começo de conversa: ONU não é fonte confiavel. Segundo: burocratas adoram um indice, geralmente é uma média sem nenhuma medida de dispersão acompanhando. Terceiro: como é medida a ‘generosidade’?

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