Maria Helena [Corrêa da] Câmara de Andrade Pinto (1845- 1894) – por Elen Biguelini

Poetisa que deixou um livro publicado.

Sacramento Blake informa que ela seria carioca, mas seu registro de óbito nos informa que a autora nasceu no Rio Grande do Sul. 

Foi filha do Coronel Abel Correia da Câmara (1810-1873) e de sua esposa Ana Francisca Marcolina Vieira da Câmara (1820-1895).  Nasceu em 7 de abril de 1845, batizada em 10 de maio de 1845.

Casada em 10 de julho de 1867 com o conselheiro Eduardo de Andrada Pinto (?- 1895), que foi ministro da Marinha durante o segundo reinado. Teve apenas uma filha, chamada Alice que nasceu em 26 de novembro de 1869 e faleceu em 18 de fevereiro de 1942. Foi sepultada no Cemitério João Batista.

Faleceu de tuberculose aos 49 anos, em sua casa na Rua Riachuelo número 140, no dia 24 de agosto de 1894. O periódico “O Paiz” também informou sobre sua morte, na edição do dia seguinte (página 2).

Segundo o periódico gaúcho “A Federação”, teria sido mencionada no livro “A mulher rio grandense” de Patrícia Andradina de Oliveira (Cf. Edição de 6 de janeiro de 1908, 2).

Ignez Sabino menciona a autora e sua obra “Brazileiras Ilustres”, e afirma que “[h]abituada a alta roda, a distincta senhora educava a unica filha que tinha com essa caricia dada á mulher culto e moderna, escrevendo para a sua Alice, comedias em prosa e em verso” (SABINO, 1899, 275). Mas uma doença de seu marido fez com que seus poemas fossem lidos pela filha para aquele o conselheiro Francisco Otaviano de Almeida Rosa (1825-1889), que fascinado pelo talento ali apresentado, levou alguns de seus textos à prelo.

Obra:

 “Violetas”, com prefacio do conselheiro F. Octaviano Rosa. 1887.

Poesia de “Violetas” apresentada na obra de Ignez Sabino:

“LIBERDADE

Com o mundo nasceu a fada peregrina :

() giro de seu vôo , se estende å immensidade,

Não tem patria , nem leis , abrange o mundo inteiro,

Aspira ao infinito ; seu nome é – Liberdade.

È sempre bella e nobre : ás vezes pavorosa,

Ruge como a panthera que luta fratricida,

E a mão que arranca os ferros de misera opprimido

Quebra o sceptro dos Reis e os leva de vencida

Ou grande e soberana nas margens do Ypiranga ,

Ou meiga e carinhosa na mente do galė.

A dilecta de povo arrasta em suas vestes

O porvir das nações e o symbolo da fé.

Mas, quando fatigada das luctas gigantescas,

Ao mais modesto lar se acolhe a Liberdade,

O misero captivo, transforma em homem livre,

A fada muda o nome, e o nome é – Caridade !. ..” (SABINO, 1899, 277-278)

Fontes:

Obito de sua filha Alice de Andrade Pinto Cardoso: “Brasil, Rio de Janeiro, Registro Civil, 1829-2012”, , FamilySearch (https://www.familysearch.org/ark:/61903/1:1:WY2J-YR2M: Sat Nov 04 03:30:32 UTC 2023), Entry for Alice de Andrade Pinto Cardozo and Eduardo de Andrade Pinto.

Nascimento de sua filha Alice: “Brasil, Rio de Janeiro, Registros da Igreja Católica, 1616-1980”, , FamilySearch (https://www.familysearch.org/ark:/61903/1:1:6X8L-2ZWS: Wed Dec 13 00:08:24 UTC 2023), Entry for Alice de Andrade Pinto and Eduardo de Andrade Pinto, 7 Apr 1870.

Nascimento: “Brasil Batismos, 1688-1935”, “Brasil, Rio Grande do Sul, Registros da Igreja Católica, 1738-1952”, , FamilySearch (https://www.familysearch.org/ark:/61903/1:1:6NVX-4QFC: Tue Dec 12 23:12:30 UTC 2023), Entry for Maria da ? Camargo and Minaca, 10 de maio de 1845.

Registo de óbito: “Brasil, Rio de Janeiro, Registro Civil, 1829-2012”, , FamilySearch (https://www.familysearch.org/ark:/61903/1:1:79H3-J86Z: Sat Nov 04 01:42:14 UTC 2023), Entry for Maria Helena Camara and Coronel Abel Correia Da Camara.

Referências:

Blake, Augusto Victorino Alves Sacramento. Diccionario Bibliographico Brazileiro. V. 6  Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1883. pp 232-233

Lopes de Oliveira, Américo. “Escritoras brasileiras, galegas e portuguesas”. s.l. Tipografia Silva Pereira, 1983, 155.

Sabino, Ignez. “Mulheres Ilustres do Brazil”. Rio de Janeiro: H Garnier Livreiro-editor, 1899, pp. 275-278.

(*) Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.