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A solidariedade ao Rio Grande do Sul não descansa – por Valdeci Oliveira

“...Se cada um fizer a sua parte, mais cedo voltaremos a ser um RS por inteiro”

Um mês depois do início da maior tragédia ambiental experimentada pela população gaúcha, o saldo que podemos tirar dessa triste experiência é que ninguém faz nada sozinho, que a união de desejos e esforços é capaz de mover montanhas e que, independentemente de qualquer outra coisa, em situações limites não podemos soltar a mão (e até mesmo a pata) de ninguém.

Também vimos a diferença que faz termos um governo que não olha para as cores partidárias quando sua presença se faz mais que necessária, que entende da sua obrigação e responsabilidade e que nem por isso sai contando vantagem. Vimos que população e estado, no sentido amplo da palavra, em suas diferentes esferas, se complementam, que não há como um prescindir do outro. Frases como ‘povo pelo povo’ ou ‘civil salva civil’, além de venderem uma ilusão, até podem cair bem em postagens da internet. Mas é só. De forma prática, em casos como o que estamos a enfrentar, ou nos unimos todos em torno de um ou mais objetivos, ou as perdas – de vidas, principalmente – serão ainda maiores, e somente os adeptos do ‘quanto pior melhor’ sairão vencedores.

Porém, apesar de toda perplexidade, vimos também, nesses últimos trinta dias, que o ser humano é capaz de atos repugnantes: casas que precisaram ser abandonadas às pressas foram saqueadas, assim como pequenos e médios mercados e negócios. Vimos inúmeras tentativas de desvios de doações e falsas campanhas virtuais de arrecadação de dinheiro; assistimos famosos e outros nem tanto fazendo selfies e gravando vídeos tendo ao fundo a dor e o desespero, para em seguida postarem em suas redes e buscarem a tal ‘lacração’ e engajamento que tanto precisam.

Nesses últimos trinta dias também vimos que, para alguns, o termo ‘escrúpulos’ não passa de um sinônimo masculino. Para eles, o que vale é extrair o máximo de dividendos políticos, visto que se aproveitaram e assim continuam a disseminar a desinformação junto à população para atacar ou tentar enfraquecer o governo Lula. E o fazem com método, em escala industrial. Utilizam-se de um trauma coletivo para fazer disputa eleitoral, apontando seus canhões de bits contra toda e qualquer ação em prol do RS, mesmo estas sendo mais do que necessárias. O que lhes passa pela cabeça não é que a mentira tem perna curta, mas que a sociedade hoje, por conta de toda a tecnologia ao alcance de um dedo, vive, de forma considerável, na era da narrativa, onde a verdade pouco importa, mas sim a sua interpretação disseminada. E como dominam esse campo, numa muito bem arquitetada rede informacional, a sua ‘versão da verdade’ acaba prevalecendo junto a parte significativa daqueles que utilizam meios não oficiais para buscar entender o que acontece no mundo que os rodeia.

De qualquer forma, nesses últimos trinta dias, presenciamos um esforço, até então inédito (por nunca termos passado por algo de tamanha envergadura), de sentar à mesma mesa prefeitos, governador, presidente e ministros para construírem um plano que nos indique existir um horizonte. O exemplo mais recente disso foi o anúncio feito pelo governo federal nesta semana – dias depois da vinda do vice-presidente Geraldo Alckmin ao RS – em socorro às inúmeras empresas gaúchas afetadas pelas enchentes. Serão R$ 15 bilhões em créditos subsidiados pelo BNDES.

Nunca é demais lembrar que as 12 primeiras medidas de crédito – e de adiantamento de pagamentos – para as famílias, pequenos produtores rurais e micro, pequenos e médios empresários, além de municípios, começaram a ser colocadas em prática já nos primeiros dias. Unidas, somam R$ 51 bi. Outros R$ 24 bi se referem a liberação de emendas parlamentares e suspensão do pagamento e dos juros da dívida gaúcha com a União por 36 meses. Da mesma forma, por orientação do presidente Lula, o governo suspendeu a cobrança por seis meses dos financiamentos ‘Minha Casa, Minha Vida’, vai comprar moradias que estejam à venda ou em construção (nas faixas 1 e 2 do programa) e usar imóveis da Caixa e do Banco do Brasil que iriam a leilão nas cidades atingidas, além do Auxílio Reconstrução no valor de R$ 5,1 mil para as famílias, voltado à compra de móveis e eletrodomésticos.

Nesses últimos trinta dias, vimos que temos ainda muito a fazer pela retomada econômica do RS, pela geração de trabalho e renda da população. Tarefa esta que somente sairá vitoriosa se houver parceria sólida entre a sociedade, prefeituras, governo estadual, Assembleia Legislativa e governo Federal.

E, se cada um fizer a sua parte, mais cedo voltaremos a ser um Rio Grande do Sul por inteiro.

(*) Valdeci Oliveira, que escreve sempre as sextas-feiras, é deputado estadual pelo PT e foi vereador, deputado federal e prefeito de Santa Maria

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7 Comentários

  1. Resumo da ópera. Voluntariado foi importante no inicio devido a inercia do Estado. No longo prazo as instituições funcionarão ainda na base do ‘é o que a casa tem para oferecer’. Molusco com L., honesto, abstemio e famigerado dirigente petista comporta-se como se o Brasil fosse uma ponchada de terra ao redor do sitio de Atibaia (que é de um amigo). Vai colher o que plantou.

  2. ‘Também vimos a diferença que faz termos um governo que não olha para as cores partidárias quando sua presença se faz mais que necessária, que entende da sua obrigação e responsabilidade e que nem por isso sai contando vantagem.’ Kuakuakuakuakuakua! Montaram um circo eleitoreiro tentando tirar vantagem. De novo, o que todos veem não esta acontecendo, o que esta acontecendo ‘é o que eu digo’.

  3. ‘[…] apontando seus canhões de bits contra toda e qualquer ação em prol do RS, […]’. Canhão de bits não entorta um alfinete. Simples assim. O resto é mimimi. Governo Molusco, ‘a vítima’. Na hora de bater gostam.

  4. ‘[…] o ser humano é capaz de atos repugnantes: casas que precisaram ser abandonadas às pressas foram saqueadas […]’. ‘[…] Vimos inúmeras tentativas de desvios de doações e falsas campanhas virtuais de arrecadação de dinheiro; […]’. Todos devem ser indiciados e responder processo por tempo que pode chegar a 10 anos. Depois de cumprida a pena tem que ser ‘ressocializados’ e ‘reintegrados a sociedade’. Discurso não pode mudar conforme a conveniencia.

  5. ‘[…] ou nos unimos todos em torno de um ou mais objetivos […]’. Dispenso. Porque na cabeça dos vermelhos autoritários ‘nos unimos’ significa adesão a ‘um ou mais objetivos’ estabelecidos pelos proprios. Um amontoado de utopices (mistura de utopia com idiotice) que deram errado em todo lugar.

  6. ‘Frases como ‘povo pelo povo’ ou ‘civil salva civil’, além de venderem uma ilusão, […]’. Não é texto mimimi, é o que as pessoas viram nas imagens. Podem repetir até o resto do inferno congelar como é costume, mas o que foi visto alerta muita gente. Como a ponte de Nova Roma do Sul.

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