A união produzirá dias melhores- por Valdeci Oliveira
“Os próximos dias ainda se mostrarão duros; e será necessária muita resiliência”
Difícil traduzir em palavras os sentimentos de medo e apreensão que tomam conta de nós diante da maior tragédia climática já experimentada pelo RS e, em particular, por Santa Maria em toda a sua História. Ver regiões inteiras da nossa cidade e do estado debaixo d’água, observar pontes e estradas sendo arrastadas pela força da correnteza e testemunhar famílias inteiras desesperadas a espera de resgate sobre telhados nos causa angústia e certa impotência, pois o desejo é resolver o problema naquele exato instante.
Ao contrário do ano passado, quando Santa Maria passou praticamente ilesa pela força das chuvas, na última quarta-feira, 1º de maio, nosso município foi a segunda cidade do mundo com o maior nível de chuva num período de 24 horas, perdendo apenas para uma localidade na Indonésia. O dado veio do portal espanhol Ogimet, que acompanha os índices de temperatura e volumes de chuva registrados durante 24 horas no mundo.
Santa Maria está isolada, difícil sair, difícil chegar. O desabastecimento no interior do município, com a queda de 17 pontes, está comprometido, assim como bairros e comunidades inteiras com sua infraestrutura em frangalhos. Somos uma espécie de microcosmo – com o agravante de que a nossa região foi a mais afetada – do que está acontecendo no estado, que vem sendo castigado de forma contínua em reflexo às mudanças climáticas.
Diante de tanto desespero, diferentes atores públicos não perderam tempo e estão trabalhando unidos, de forma rápida para salvar vidas, operar no resgate das pessoas e restabelecer a mobilidade, a comunicação e os serviços de energia. E essa ação foi personificada a partir do apoio do governo federal, que se fez presente já no dia seguinte em Santa Maria, com uma comitiva formada pelo presidente Lula e diversos ministros de estado, o santa-mariense Paulo Pimenta entre eles, incluindo chefes das Forças Armadas.
O presidente deixou claro que tudo o que for preciso e possível de ser feito contará com o máximo empenho da União, que não economizará em aportes humanos e financeiros. E que se for necessário, dentro da legalidade, alterar alguma legislação para agilizar processos, isso será buscado.
Mas como repetiu Lula, o foco agora é salvar as pessoas, dar acolhimento, fazer chegar comida, remédios, água. E na sequência, assim que baixar as águas, limpar as estradas e reconstruir cada tijolo que a chuva tenha derrubado na cidade e nos demais municípios afetados. A participação do governo estadual – que se comprometeu em fazer a sua parte – e das prefeituras nesse processo também é fundamental, pois a responsabilidade é de todos os entes.
Os próximos dias ainda se mostrarão duros, pois será necessária muita resiliência da população no que diz respeito a economizar água, alimentos, combustível, ajudar os vizinhos que têm menos e aplicar o máximo de bom senso em todos os seus atos. Talvez isso seja pedir demais para quem perdeu tudo, perdeu alguém que ama.
Mas não há milagres nem mágicas em situações como a atual. Uma Sala de Situação foi estabelecida para organizar as informações e orientar as ações neste momento e nos seguintes. A vinda do presidente, dando exemplo de determinação, de empatia, de responsabilidade e liderança, é um estímulo a nós mesmos, que devemos nos unir, escolher as palavras ‘fraternal’ e ‘solidariedade’ como mantras a serem repetidos e ver a prevenção como algo urgente a ser perseguido.
Os recursos de um projeto do PAC, no valor de R$ 16 milhões para a contenção de encostas em áreas da cidade, foram antecipados, conforme anunciou o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho.
No momento em que o estado conta com mais de 148 cidades atingidas, 150 bloqueios em rodovias, 67 mil pessoas afetadas e 13 óbitos registrados, além de 21 desaparecidos, estão em operação 5 aeronaves enviadas pelo governo federal para uso em resgate ou reconhecimento, 12 embarcações (entre barcos e botes) da marinha e do exército, 45 viaturas e mais de 600 profissionais das Forças Armadas.
São recursos que, apesar de importantes, muitas vezes dependem de outros fatores para entrar em operação, como é o caso dos aviões e helicópteros, que carecem de teto para sobrevoar os locais. Fora isso, tem muita gente em pontos de difícil acesso.
E nesse sentido, como coordenador do Movimento Rio Grande Contra a Fome, encaminhamos à Mesa Diretora do Parlamento gaúcho, cuja deliberação deverá ocorrer na próxima terça-feira, 7 de maio, documento sugerindo a destinação de R$ 20 milhões do orçamento do Legislativo estadual para a aquisição de alimentos, além de colocar o Movimento à disposição nessa soma de esforços, cuja ação de caráter humanitário é o principal foco.
A situação exige que fiquemos unidos, sem transferir responsabilidades e prontos para estender as mãos. Todos sabemos que o desespero é algo desolador, mas temos que encontrar forças e nunca desanimar nem perder a esperança, pois há muitas vidas em jogo e uma reconstrução a ser feita.
(*) Valdeci Oliveira, que escreve sempre as sextas-feiras, é deputado estadual pelo PT e foi vereador, deputado federal e prefeito de Santa Maria.
Não é o pior cenario. O que hoje acontece poderia ser parecido com o que ocorreu na decada de 40. Do evento só vi registros de POA, ninguém fala do que aconteceu no resto do estado. Alas, nada impede que a catastrofe se acumule, é de imaginar se o fenomeno climatico tivesse ocorrido durante a pandemia.
Normalmente no começo do mes os supermercados estão cheios. Radialistas falam em ‘não estocar comida’. E intermpretado como ‘vai faltar comida’. Muita gente com dois carrinhos abarrotados. Horas de filas, seja no açougue, seja nos caixas.
O mesmo vale para a gasolina. Faltou em outros lugares, onde o acesso não está interrompido tem gente vindo abastecer em SM. Preços diversos, do mesmo jeito que a agua mineral.
Aideti no Pais das Maravilhas. Radialistas abrem a boca para falar ‘rompeu adutoras da Corsan’ quem não confia na empresa corre a comprar agua mineral e armazenar agua. Alas, ‘rodizio’ é a palavra bonita que inventaram para substituir ‘racionamento’. Que não funciona direito. A pressão da agua não permite abastecimento em todos lugares. No meio disto tudo há quem só usa agua da caixa e não notou a falta na rua, logo estão sem agua. Gente sem caixa d’agua. Daqui a pouco vão consumir a agua que encontrarem e a possibilidade de doenças não é pequena. Alas, Corsan colocou um aviso de normalização para ingles ver para o ‘fim da noite’. E o mesmo sempre, so muda a data para o dia seguinte quando não é cumprido. Quem confia numa empresa assim?