Catástrofe natural? Catástrofe Humana! – por Leonardo da Rocha Botega
“Não há desculpas para seguirmos dançando à beira de um precipício”
Santa Maria, terça-feira, 30 de abril de 2024, 10 horas e 30 minutos. Um conjunto de professores e professoras estava reunido em uma sala do Centro de Educação discutindo os rumos do movimento paredista na Universidade Federal de Santa Maria. Chovia intensamente. Um trovão silenciou a conversa, faltou energia elétrica e alguns minutos depois veio a ordem de evacuação do campus.
A primeira imagem que projetava a dimensão do que estava por vir foi o local da chamada “ponte seca” transformado em um rio com grandes correntezas. O que ocorreu na sequencia foi só tristeza. Cidades tomadas pelas águas, casas destruídas, pessoas sendo resgatadas, muitos mortos e feridos. Cenário de devastação, uma grande guerra para salvar vidas e, como em toda guerra, uma guerra de informação contra aqueles que lucram com as Fake News.
Como toda guerra, esta também poderia ter sido evitada. Aqui entra o papel da História. A História, diferentemente do que afirma o senso comum, não ensina. Ela aponta os erros que nos conduzem a uma determinada situação. Aprender ou não com estes erros cabe a sociedade. Se a sociedade, principalmente seu corpo político e econômico, não quiser, os erros se repetem (como tragédia ou farsa).
É inegável que desde a metade do século XVIII, com o advento da Revolução Industrial, o planeta tem sofrido significativas transformações. A concentração de CO2 na atmosfera, que ao longo de 800 mil anos nunca ultrapassou o nível de 300 partes por milhão (ppm), foi crescendo gradativamente até atingir o nível atual de 420 ppm. Como consequência, a temperatura média da terra foi aumentando até chegar à 2,07°C acima da média pré-industrial. Desde 1850, cada nova década tem sido mais quente que a anterior.
Quem afirma isso é o Copernicus, Programa de Observação da Terra vinculado à União Europeia, atualmente servido por um conjunto de satélites, a “família Sentinel”, que geram dados em tempo real sobre as condições climáticas do planeta. Entre os historiadores, a questão climática se tornou um objeto mais especifico de pesquisa desde à década de 1970 com o surgimento do campo da História Ambiental, influenciado, entre outros historiadores, pelo trabalho realizado algumas décadas antes por Fernand Braudel.
Foi Fernand Braudel que, em seus estudos sobre o tempo histórico, produziu o conceito de longa duração, aquilo que demora a ser modificado numa sociedade ou num ambiente natural. No que tange ao que estamos vivenciando hoje, o principal problema é justamente o da longa duração do predomínio da uma lógica socioeconômica que afirma o valor de produção acima do valor de preservação. É essa lógica que condiciona a política e alimenta os negacionismos climáticos.
Essa lógica impõe a concepção de que os eventos climáticos extremos que temos vivenciado cada vez com mais frequência são apenas catástrofes naturais. Obviamente, catástrofes naturais existem e existiram ao longo da História, as consequências do fim da última glaciação são exemplos disso. Porém, como bem lembra o historiador Josep Fontana, “não convém abusar do conceito”.
“Catástrofes Naturais” não pode ser uma desculpa para se referir à fenômenos que não têm muito a ver com ação direta da natureza, mas sim com a própria ação humana. As catástrofes que estamos vivenciando são catástrofes humanas. São frutos da corrida desenfreada por um “desenvolvimento” que é cada vez mais desigual, excludente, insustentável e mortífero.
É urgente repensar o “mito do desenvolvimento”. Propostas de um novo paradigma estão brotando já há algum tempo. A economia de Clara e Francisco, o Green New Deal, o ecossocialismo e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas são exemplos destas propostas. Não há desculpas para seguirmos dançando à beira de um precipício que se amplia à medida em que o tempo passa.
(*) Leonardo da Rocha Botega, que escreve regularmente no site, é formado em História e mestre em Integração Latino-Americana pela UFSM, Doutor em História pela UFRGS e Professor do Colégio Politécnico da UFSM. É também autor do livro “Quando a independência faz a união: Brasil, Argentina e a Questão Cubana (1959-1964).
Existem decisões e constatações que não chegam no noticiario do grande publico. Mas isto é outra ‘historia’. Alas, curiosidades. Vacas e familiares respondem por 4% dos gases de efeito estufa. Transporte responde por 16%. Produção de aço uns 9% e de cimento outros 8%. Sol e vento não resolvem tudo, discutir energia nuclear é pecado. Tudo muito complexo. Vermelhos querem vender suas soluções teoricas como se fosse o unico caminho possivel. Não deixa de ser engraçado!
‘Não há desculpas para seguirmos dançando à beira de um precipício que se amplia à medida em que o tempo passa.’ Desculpas para quem? A quem a humanidade deve explicações? Os ‘racionais’ substituirão o Juizo Final por outra criação abstrata, o ‘tribunal da historia’?
‘A economia de Clara e Francisco, o Green New Deal, o ecossocialismo e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas são exemplos destas propostas.’ Ideias antigas travestidas de novidades. São e serão devidamente ignoradas. Soluções simples para problemas complexos.
Ultima idade do gelo terminou perto de 12 mil anos atras. Ignorando a ‘pequena’ que durou mais ou menos entre 1300 e 1850. Para confirmar basta perguntar a alguém que se preocupe com os fatos historicos. Não para alguém que utilize a historia para fazer sociologia de segunda linha e assim defender ideologias furadas.
‘[…] alimenta os negacionismos climáticos […]’. Quando alguém utiliza a palavra ‘negacionismo’ sinaliza que não deve ser levada a serio. Melhor gastar tempo de outra forma.
‘[…] uma lógica socioeconômica que afirma o valor de produção acima do valor de preservação […]’. O maior emissor de CO2 do planeta é a China. Controlada pelo Partido Comunista Chines.
‘ Ela aponta os erros que nos conduzem a uma determinada situação. ‘ Visão simplista, determinista e mecanicista. Engenharia de obra pronta.
‘[…] principalmente seu corpo político e econômico, não quiser, os erros se repetem (como tragédia ou farsa).’ Marx do primeiro ao quinto e invertido.
‘Aqui entra o papel da História. A História, diferentemente do que afirma o senso comum, não ensina. Ela aponta os erros que nos conduzem a uma determinada situação. Aprender ou não com estes erros cabe a sociedade.’ Kuakuakuakuakua! A historia não ensina, mas a sociedade pode ou não aprender com ela. Kuakuakuakua!
‘Como toda guerra, esta também poderia ter sido evitada.’ Diz quem passa a vida esfregando a barriga na mesa dentro do ar condicionado e produzindo textos.
Ponte seca da UFSM não era para ser seca. Era para ser um lago destinado a pratica de esportes aquaticos, remo, etc. Dai alguem resolveu construir predios.