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A política brasileira de crises: anúncios vazios denunciam o desamparo real – por Giuseppe Riesgo

“Não podemos aceitar esse ciclo de ineficiência e desamparo contínuo”

Em meio à crise causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, temos testemunhado uma triste repetição de padrões na política brasileira: anúncios grandiosos seguidos de execução deficiente e desculpas esfarrapadas. Esse ciclo de promessas vazias não é novo, mas sua recorrência é cada vez mais frustrante e prejudicial para os cidadãos que mais precisam de ajuda. Eu venho falando disso há um bom tempo, inclusive já tratei do assunto neste espaço.

Eduardo Leite e agora Lula, assim como muitos outros políticos, parecem seguir um “manual” sobre como lidar com crises. O primeiro passo: anunciar algo! Não importa se é viável ou se vai realmente acontecer no prazo necessário, o importante é acalmar os ânimos e dar a impressão de que algo está sendo feito. No entanto, como vimos tantas vezes, essas promessas frequentemente não se materializam ou demoram demais para se concretizar.

O recente anúncio de que todos os afetados pelas intensas chuvas de maio receberiam R$ 5,1 mil reais pareceu inicialmente uma resposta rápida e eficaz ao desastre das enchentes. No entanto, a realidade pintada por relatos como os do Diário de Santa Maria revela uma história bem diferente. Dos 3,3 mil afetados em Santa Maria, apenas um morador viu o dinheiro prometido chegar até ele. Em um mês e meio desde as enchentes. Onde está o resto do auxílio? Por que apenas apenas uma pessoa afetada recebeu a ajuda tão necessária?

Os relatos de burocracia excessiva, critérios complicados para liberação de verbas e falhas na comunicação entre entidades mostram que não se trata apenas de incompetência, mas sim de um desinteresse calculado. Enquanto a população sofre e espera por auxílio, os políticos estão mais preocupados em proteger suas imagens e evitar críticas do que em realmente resolver os problemas.

É desanimador ver líderes políticos atacando aqueles que denunciam a falta de ação, rotulando suas preocupações legítimas como “fake news” ou ameaçando processar quem se atreve a criticar. A prioridade parece ser salvar a própria pele, não a população que os elegeu.

Não podemos aceitar esse ciclo de ineficiência e desamparo contínuo. É hora de exigir responsabilidade real e ação concreta. Os políticos precisam entender que não são suas reputações que estão em jogo, mas sim o bem-estar e a vida das pessoas que dependem de sua liderança.

Enquanto os discursos políticos continuarem a divergir drasticamente da realidade vivida pelos cidadãos, precisamos continuar a levantar nossas vozes e exigir mudanças. A crise das enchentes no Rio Grande do Sul é apenas um exemplo recente de como o sistema está quebrado. É hora de um novo manual político, um que priorize ações concretas sobre palavras vazias e que coloque o bem-estar dos cidadãos acima de tudo.

Se queremos um futuro melhor, não podemos mais nos contentar com respostas vazias. Precisamos de líderes que não apenas prometam mudança, mas que realmente a entreguem, sem desculpas e sem atrasos. Afinal, não são apenas os políticos que estão sendo testados nesta crise, mas também a própria estrutura de nossa democracia e a nossa capacidade de cuidar uns dos outros em tempos de necessidade.

Está na hora de transformar indignação em ação e garantir que as lições desta crise não sejam esquecidas. Afinal, nossas comunidades não podem mais suportar o peso da inação política enquanto esperam por um auxílio que nunca chega.

(*) Giuseppe Riesgo é ex-deputado estadual pelo partido Novo. Ele escreve no Site às quintas-feiras.

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7 Comentários

  1. Resumo da opera. Em muitas repartições observa-se o crime: ‘Art. 331. Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.’ E na iniciativa privada, qual o aviso mais visto? Geralmente a palavra imbecil (ou idiota) é mencionada: ‘Urgente é tudo aquilo que você não fez em tempo hábil e quer que eu faça em tempo recorde.’ Serve para os politicos.

  2. ‘[…] a realidade pintada por relatos como os do Diário de Santa Maria […]’. Kuakuakuakuakua! La onde volta e meia aparece um(a) secretario(o) que afirma estar tudo bem, tudo certo. E os/as jornalistas dizem amem. Porque os donos são das patotinhas. Alas, a vice do Pessimo na chapa é a ‘prefeita da educação’, não é?

  3. Escolas municpais. Resultado 2021. Media das escolas do municipio:206,21. Media das escolas municipais do estado: 209,82. Media das escolas municipais de SC: 221,59 (a do municipio que escolhi para pegar os dados é 239. Media das escolas munipais do PR: 257,38. E ‘a cidade cuidando das pessoas’!

  4. ‘[…] coloque o bem-estar dos cidadãos acima de tudo.’ Diria que é preciso cuidar do basico. Como está o atendimento nos postos de saúde, nas UPA’s? Ainda tem gente acordando de madrugada para tirar ficha? Atendimento demora demais? Fila dos exames como está?

  5. O descolamento entre a classe politica e a realidade é uma das ameaças a democracia. Algo que o establishment não capta, sistema tem que funcionar minimamente para quem só quer tocar a vida. Caso contrário é 2013 de novo.

  6. Mais ou menos por ai. Só que ‘Está na hora de transformar indignação em ação […]’ não vai rolar. Simples assim.

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