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VOLEIBOL. “Não tenham medo de ser quem vocês são”, afirma Tifanny, madrinha do Festival LGBTQIA+

Pela 3ª vez, atleta da Superliga Nacional é a embaixadora do torneio em SM

Jogadora do Osasco, à esquerda, esteve presente na abertura da competição, no início da tarde do sábado, 22 (Foto Pedro Pereira)

Por Pedro Pereira

Na manhã do sábado (22), foi dada a largada para a 3ª edição do Festival Internacional LGBTQIA+ de Voleibol nas quadras do Centro Desportivo Municipal (CDM). Com mais partidas da primeira fase e o mata-mata a serem realizadas neste domingo (23), o evento conta novamente com a atleta da Superliga Nacional, Tifanny Abreu, como embaixadora oficial – ou como também foi nomeada: “madrinha”.

Desde 2022, quando o projeto da disputa iniciou, a jogadora marca presença na competição, que acontece em junho justamente para celebrar o Mês do Orgulho LGBTQIA+. Nesta temporada, cerca de 140 participantes estão envolvidos entre os 12 clubes que brigam pelo título. No que diz respeito à qualidade técnica, Tifanny garante: “a cada ano que passa, o nível aumenta”.

“Nós temos 12 equipes hoje, com previsão de que no ano que vem sejam 16. Por enquanto, ainda temos só representantes do estado do Rio Grande do Sul, mas o nível está ficando cada vez melhor. Eu espero que a gente consiga ter cada vez mais equipes, mais fortes também, para que o torneio fique ainda mais lindo”, relatou a madrinha do evento.

Para a jogadora, o investimento da iniciativa privada, aliada ao apoio da Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, e de vereadores como Rudys Rodrigues (MDB) e Luci Duartes, a Tia da Moto, (PDT), que fazem parte da comunidade LGBTQIA+, são essenciais para o crescimento do Festival. A organização é do grupo comandado pelo gestor esportivo Jean-Pierre Ávila, que também é responsável pela coordenação dos times da Associação Voleibol Futuro.

Tifanny Abreu foi a primeira atleta trans a disputar a Superliga Nacional, em 2017 (Foto Divulgação)

Em solo santa-mariense desde a tarde da sexta-feira (21), Tifanny já teve a oportunidade de conhecer melhor o Coração do Rio Grande e visitar pontos que havia conhecido em suas outras passagens pela competição. “A cidade é maravilhosa. Tudo que eu conheço aqui é de muito bom gosto, de qualidade altíssima, seja restaurantes, hotéis… Eu fico muito feliz de estar aqui. Eu sou tão acolhida por toda a cidade, por todas as pessoas que amam o meu trabalho. Eu conto nos dedos os dias para a chegada do Festival. Santa Maria está de parabéns por tudo que representa no nosso país”, destacou a atleta.

Uma trajetória batalhada

Tifanny, natural do município de Paraíso do Tocantins, no estado de Tocantins, começou a carreira profissional em Portugal, na temporada de 2008. Antes de receber a permissão da Federação Internacional de Voleibol para fazer parte de campeonatos femininos, em 2017, ela disputou torneios do naipe masculino na Indonésia e em países da Europa. Pelo Vôlei Bauru, se tornou a primeira mulher trans a jogar na Superliga Nacional na história da modalidade. Hoje, desde 2021, defende as cores do Osasco na posição de ponteira.

A veterana, que soma 16 anos de experiência nas quadras e, em outubro, completa 40 anos de vida, define o Festival como “um grande evento LGBTQIA+” e destaca a necessidade do projeto: “é muito importante para a inclusão no esporte para todas as comunidades que, às vezes, fica de fora por falta de espaço. Quando temos um evento tão importante quanto esse, é muito bonito”.

A jogadora conta que, no início de sua carreira, aconteceram alguns eventos voltados à inclusão lado a lado com a competição – ainda que “não tão grandiosos” quanto o Festival -, mas que “no Brasil, é meio complicado”. Caso uma ideia como a do torneio sediado por Santa Maria tivesse acontecido antes, muitos rumos poderiam ter sido tomados de forma diferente. “Talvez hoje nós estivéssemos com um debate muito mais amplo e muito mais aberto, mas antes e tarde do que nunca”, declarou a ponteira.

Na edição deste ano da Superliga Nacional feminina, o Osasco de Tifanny terminou a primeira fase na 2ª colocação. Com 387 pontos marcados e 22 “aces” (quando o ponto é garantido direto do saque, sem tocar em atletas antes de encostar no chão), a madrinha deste fim de semana do voleibol santa-mariense foi nomeada a 3ª maior pontuadora e a 5ª melhor sacadora.

Entretanto, a equipe paulista deu adeus à competição ao ser derrotada pelo Minas, de Belo Horizonte, Minas Gerais, nas semifinais. De qualquer forma, com base em tudo que precisou passar para chegar onde chegou, Tifanny dá apoio aos jovens sonhadores: “não se preocupe mais em se esconder. Não tenha medo mais de ser quem vocês são. No esporte, nós estamos abrindo espaço para que vocês um dia sejam nossos campeões olímpicos”.

Tifanny Abreu em meio aos em torno de 140 atletas que disputam o Festival LGBTQIA+ desta temporada (Foto Pedro Pereira)

Reta final do Festival LGBTQIA+

Os jogos voltam na manhã deste domingo, com início previsto para as 8h30min. Às 9h30min e às 10h30min acontecem as partidas finais da primeira fase da competição. As semifinais, que abrem o mata-mata, serão realizadas às 14h e às 15h. A decisão de 3º lugar será às 16h e, enfim, a grande final será às 17h. Os jogos para definir as últimas colocações também serão à tarde. Confira abaixo os resultados do primeiro dia.

Galáticos 2 X 0 Black Belt

Eagles 2 X 1 Thunders

Valleball 2 X 0 Viva Vôlei B

Fireballs 2 X 1 Battel Force

Sparks 2 X 0 Alfa

Green Volley 2 X 0 Viva Vôlei A

Galáticos 2 X 0 Thunders

Black Belt 2 x 0 Eagles

Viva Vôlei B 2 X 0 Battel Force

Fireballs 2 X 1 Valeball

Green Volley 2 X 1 Sparks

Viva Vôlei A 2 X 0 Alfa

Galáticos 2 X 0 Eagles

Black Belt 2 X 0 Thunders

Fireballs 2 X 1 Viva Vôlei B

Battel Force 2 X 0 Valleball

Viva Vôlei A 2 X 1 Sparks

Green Volley 2 X 0 Alfa

Galáticos 2 X 0 Battel Force

Eagles 2 X 0 Viva Vôlei B

Black Belt 2 X 0 Fireballs

Valeball 2 X 0 Alfa

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