A fábula italiana sobre o vinho e a água, razões de existência, Política e o jogo de influências – por José Renato Ferraz da Silveira
“Seja brando consigo mesmo, aguarde o momento”. Naby Cury
A fábula italiana sobre o vinho e a água
“Nos Alpes Italianos existia um pequeno vilarejo que se dedicava ao cultivo de uvas para produção de vinho. Uma vez por ano, acontecia uma grande festa para comemorar o sucesso da colheita. A tradição exigia que nessa festa cada morador do vilarejo trouxesse uma garrafa do seu melhor vinho, o de maior sucesso, para colocar dentro de um grande barril, que ficava na praça central. Um dos moradores pensou: “por que deverei levar uma garrafa do meu mais puro vinho? Levarei água, pois no meio de tanto vinho o meu não fará falta.” Assim pensou e assim fez. Conforme o costume, em determinado momento, todos se reuniram na praça, cada um com sua caneca para provar aquele vinho, cuja fama se estendia muito além das fronteiras do país. Contudo, ao abrir a torneira, um absoluto silêncio tomou conta da multidão. Do barril saiu… água”. (A fábula italiana sobre o vinho e a água).
Razões de existência
Durante a nossa existência, buscamos algo que nos complete, além da condição humana atual que nos obriga a sermos competitivos, egoístas, reservados, invejosos e vingativos.
Particularmente, busco alcançar algo pleno que transcenda a minha humanidade fragilizada.
É no relacionamento com o outro que nos sentimos parte de algo pleno, algo superior. Fazemos parte do Todo.
Pois bem, a todo tempo, somos alvos de interesses, de confianças e desconfianças, e queremos ser amados e compreendidos como somos e não como querem que sejamos.
No entanto, enfrentaremos adversidades e infortúnios sem fim. Faz parte. E em nosso cotidiano, cercados por “pessoas combustíveis” que nos magoam, aborrecem, agridem e nos ferem.
Não há dúvida de que a cada despertar, nesses tempos de barbárie, também encontraremos com um aproveitador, um bajulador, um cínico, um falso, um manipulador, um golpista que tentará nos ferrar (destruir) e também aqueles seres despojados que vão nos acolher, amparar, aceitar e amar.
O fato é que nós só passamos a existir plenamente quando o outro, o próximo – os familiares, os amigos, os vizinhos, os colegas, por fim, os conhecidos e o desconhecidos – nos acompanharão em nossa existência de maneira profícua, singular, em que metas, projetos e desafios sejam condições para propiciar o bem comum a todos seres viventes do Planeta Mãe. Há muitos sentidos e significados nisso tudo.
Política e o jogo de influências
O exercício da política é semelhante à fábula do vinho. Em um sentido amplo, política significa todo jogo de influências dentro das relações humanas. Ao vivermos em sociedade somos influenciados por determinadas pessoas, grupos e exercemos influências sobre elas. É um jogo inevitável! E se desenvolve, na maioria das vezes, de forma inconsciente. É nessa lógica que Aristóteles definiu o homem como um ser essencialmente político (instinto e tendência de socializar e politizar).
Dessa forma, o simples fato de pertencer a um determinado grupo provoca a transformação do mesmo, pois minha presença, independentemente da minha vontade, o influencia de alguma forma. No segundo nível, política constitui-se no exercício “consciente” desse jogo de influências.
Notamos que para alcançar determinados objetivos, é fundamental traçarmos estratégias, procurando convencer nossos semelhantes da importância do que desejamos.
Assim sendo, a política será exercida em nosso microcosmo, como família, grupo de amigos ou bairro, como também em nosso macrocosmo, ou seja, em nossa sociedade.
Ao vivermos numa democracia, é válido lembrar as palavras de Abraham Lincoln: “democracy is governement of the people, by the people, for the people”. Ou seja, o poder do “povo” de se autogovernar.
Mas, quem é, na verdade, o povo? Em uma democracia, povo é sinônimo de maioria. Mas não significa e não deve ser uma ditadura da maioria. É necessário tolerância, deixando que as minorias exerçam o direito de divulgar suas ideias e talvez algum dia terem a chance de se tornar maioria.
Lições de engajamento político
Tanto a maioria como as minorias devem procurar saber “o que” e “como” os políticos realizam seus serviços, tanto no Executivo como no Legislativo. O povo deve ter a consciência de que as realizações desses homens e mulheres não são e não serão “presentes” ou “concessões” à população, mas sim obrigações para com eles.
No Brasil, os políticos são bem pagos para trabalhar com eficiência por uma sociedade mais igualitária e não o contrário.
Acredito ser necessário maior participação, movimentação popular (com responsabilidade, maturidade e bom senso), fiscalização ampla, rígida, eficaz e contínua de nossos políticos.
Por fim, doemos as nossas melhores safras (energia, entusiasmo, respeito, caridade, fraternidade, compaixão e empatia) para a nossa comunidade.
(*) José Renato Ferraz da Silveira, que escreve às terças-feiras no site, é professor Associado IV da Universidade Federal de Santa Maria, lotado no Departamento de Economia e Relações Internacionais. É Graduado em Relações Internacionais pela PUC-SP e em História pela Ulbra. Mestre e Doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP.
Nesta hora aparecem os chavões. Churchill e o pior regime com exceção de todos os outros. ‘Nossa democracia é jovem’, ou seja, brasileiros são tão burros que estão condenados a repetir todos os erros dos outros paises para, quem sabe um dia, chegar a ser ‘desenvolvido.’
Politicos cuidam dos proprios interesses. Perderam contato, como a academia, com a sociedade. No mais uma receita de Tocqueville na America. Tempos diferentes, conjuntura diferente. O mundo não vai se adaptar a uma teoria. Teoria é que tem que explicar (ao menos tentar) o mundo.
Quanto a barbarie há quem discorde. Se olharmos estatisticas a nivel mundial (mortes violentas, por doença, etc.) não sei se proporcionalmente a afirmação se sustente. Obviamente há pessoas mais ‘sensiveis’ que esperam um mundo perfeito.
‘Não há dúvida de que a cada despertar, nesses tempos de barbárie, […]’. Maioria confunde avanço tecnologico com ‘progresso civilizational’ (por falta de melhores termos). O ensino de historia generico elimina detalhes que tira o aspecto humano da equação. Exemplo? Justiano, tão bajulado pelos causidicos. Houve uma revolta e ele foi para o porto para fugir de barco. Levou um esporro da imperatriz Teodora. Voltou e lidou com a situação (há uma passagem de rodo envolvida). Teodora que era atriz e tinha fama de outras coisas, inclusive ‘mulher facil’.
Gringos todos se acham muito espertos. Alas, nacionalidades da piada variam, mas dizem que o cumulo do absurdo é um Gringo desfilando na rua, tirando dinheiro de um saco para tras e outro juntando e devolvendo. Não é preconceito, tenho um oitavo da etnia.
Hummm…. Proverbio chines é mais adequado. ‘Fique sentado o tempo suficiente a beira do rio e verás os corpos dos teus inimigos passarem boiando’.