O que realmente importa na política? – por Luís Henrique Kittel
“Ela mora nas cidades, caminha nas ruas e vive no dia a dia de cada cidadão”

“A política é a arte de governar para o bem de todos.”
Essa frase, atribuída a Aristóteles há mais de dois mil anos, ainda ressoa com força hoje – talvez até mais do que em seu próprio tempo. O filósofo grego via a política não como um jogo de poder, mas como um instrumento essencial para a convivência e o desenvolvimento da sociedade.
Com essa mesma visão, compartilho uma reflexão que me acompanha desde 2012, quando, recém-formado em Jornalismo, deixei a rotina de repórter na região e embarquei para Brasília, o coração da política nacional. Ali, entre gabinetes, corredores e debates intensos, descobri algo que nenhuma sala de aula poderia ensinar com tanta clareza: a política tem o poder de transformar – para o bem ou para o mal. Tudo depende de quem a exerce e do propósito que a norteia.
Esse despertar me levou, anos depois, a aceitar o desafio de me tornar um agente político.
Relembro essa trajetória porque acredito que momentos de pausa e reflexão são essenciais para quem ocupa cargos públicos. A política atual exige mais do que trabalho duro: requer, sobretudo, lucidez e clareza de propósito. Afinal, o que nos motiva a estar na política? Qual o verdadeiro papel de quem se dispõe a servir à comunidade?
Perguntas como essas deveriam guiar todos que ingressam na vida pública. Ser político, nos dias de hoje, vai muito além de ocupar um cargo. Exige sensibilidade, visão, preparo e, principalmente, a capacidade de ouvir e dialogar com a sociedade – em um tempo em que a informação circula em alta velocidade e a paciência se tornou um recurso escasso.
Infelizmente, o que para muitos deveria ser uma missão nobre, para outros se reduz a interesses pessoais. E o que para uns é vocação sincera, para alguns acaba servindo apenas à vaidade.
Mas como agir diante da polarização política, da pressão por respostas imediatas e da crítica constante nas redes sociais? Que tipo de líder buscamos hoje? Um bom político precisa ser mais do que gestor: deve ser mediador, articulador, representante legítimo das necessidades do povo – e, acima de tudo, coerente com aquilo que defende.
De tempos em tempos, gosto de deixar de lado as pautas quentes do noticiário e olhar para dentro. Observar o cenário com distanciamento e tentar entender que tipo de política queremos — e que tipo de político a nossa população espera.
Hoje, deixo essa reflexão para você:
Que perfil de liderança você gostaria de ver à frente do seu município, estado ou país?
A resposta a essa pergunta molda o futuro da nossa democracia. Quanto mais conscientes estivermos disso, melhores escolhas faremos. A política não é algo abstrato – ela mora nas cidades, caminha nas ruas e vive no dia a dia de cada cidadão.
(*) Luís Henrique Kittel, 39 anos, é jornalista formado pela então Unifra, atual UFN). É prefeito reeleito do município de Agudo (o único do PL na região), foi vice-presidente do Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia e atualmente é vice-presidente da Associação dos Municípios da Região Central (AM Centro). Ele escreve no site às quintas-feiras.
‘Que perfil de liderança você gostaria de ver à frente do seu município, estado ou país?’ Pergunta irrelevante. População escolhe em quem vai votar, mas não escolhe os(as) candidatos(as). Parece Henry Ford no inicio da industria automobilistica: “o cliente pode ter o carro da cor que quiser, desde que seja preto”. Ainda por cima o sistema tupiniquim não preve um sistema de ‘recall’, revogação do mandato antes do seu termino através do voto. Alem disto ainda o voto não é distrital, as responsabilidades são diluidas nas maldades e concentradas nas bondades via emendas.