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FUTEBOL. “Se cruzaram na hora errada”, diz Paulo Porto, treinador que passou por Inter-SM e Pelotas

Para o comandante, jogo do acesso deste domingo será “muito equilibrado”

À frente do Alvirrubro, Paulo Porto chegou às semifinais do Gauchão Série A e alcançou a 3ª colocação do pódio (Foto Divulgação)

Por Pedro Pereira

O Pelotas, rival deste domingo (28) do Inter de Santa Maria na disputa final pelo acesso ao Campeonato Gaúcho Série A de 2025, não teve vida fácil na edição deste ano da segunda divisão para chegar até aqui. O “Áureo-Cerúleo”, como é conhecido o clube, garantiu a vaga ao mata-mata da competição apenas na última rodada – e contra o Alvirrubro.

Antes de bater o Glória, de Vacaria, time que teve o melhor desempenho na primeira fase do certame, para chegar às semifinais, a equipe da Região Sul do Estado teve 6 vitórias, 4 empates e 4 derrotas na etapa classificatória. Dois destes resultados negativos foram com Paulo Porto, vitorioso técnico do Rio Grande do Sul, à frente da casamata pelotense. Da 3ª partida em diante, ele foi afastado e Ariel Lanzini, então auxiliar, assumiu a função

Eleito melhor treinador do Gauchão em 2007, 2008 e 2012, Porto conquistou quatro títulos com o Pelotas na história. Entre eles, a Recopa Gaúcha de 2014 em cima do Internacional, de Porto Alegre, e a Divisão de Acesso de 2018, quando o clube ascendeu à Série A com triunfos sobre o Inter-SM. Dessa forma, o Site conversou com o comandante, que também teve momentos de sucesso no Alvirrubro, para avaliar a temporada de cada esquadrão e como eles chegam para a decisão.

Bem-sucedido dos dois lados

Em 2008, primeira temporada do esquadrão vermelho e branco de Santa Maria na elite após sete anos na “Segundona”, Porto chegou com a missão de evitar que a equipe fosse rebaixada. Um ano antes, à frente do Veranópolis, ele chegou às semifinais do Estadual passando por cima do Internacional, ainda na fase de grupos – que lhe concedeu o prêmio de melhor técnico daquela edição.

Contudo, o treinador fez mais do que simplesmente fugir do descenso: levou o Inter-SM à medalha de bronze do Gauchão Série A, conquista que só tinha sido alcançada em outros três momentos ao longo dos 80 anos de história do clube. “Não tenho dúvida nenhuma de que a minha primeira passagem pelo Inter de Santa Maria, em 2008, foi muito marcante. O Inter vinha da segunda divisão e, sempre que um time vem da segunda divisão, ele é o primeiro candidato a cair”, relembrou o comandante.

Porto iniciou como técnico do Pelotas mas, após 3º jogo, foi afastado (Foto Lucas Canez/Divulgação)

Porto revela que, naquele ano, o trabalho no semifinalista estadual Alvirrubro deu certo pois, ao lado do diretor de futebol da agremiação na época, Vilmar Tambara, a formação do elenco foi de olho no que ambos achavam o ideal. “Até hoje eu tenho aquele sentimento de perda porque nós não chegamos na final do Gauchão. Nós vencemos o Juventude em Caxias do Sul, por 1 a 0, e, depois de um descuido em Santa Maria, perdemos”, disse. Na ocasião, o representante da Serra Gaúcha avançou à decisão do torneio ao ganhar dos santa-marienses por 4 a 2 no placar agregado.

O técnico chegou a retornar ao Inter-SM em 2015 mas, na época, o clube vivia um contexto diferente e, na metade da competição, houve a desistência da disputa da segunda divisão. Entretanto, no Pelotas, o próprio profissional admite: “é uma história um pouco mais longa. Tive cinco ou seis passagens no clube, em que disputei cinco títulos e venci quatro”. Além da Recopa Gaúcha em cima do Internacional e da Série A2 de 2018, o comandante conquistou a Copa Sul Fronteira e a Super Copa Gaúcha, as duas em 2013. “A equipe naquela época tinha um bom encaixe”, comentou.

Pontapé inicial complicado

Após um período à frente de times juvenis do Pinheiros, agremiação situada na cidade de Taquari, onde nasceu e foi criado, Porto recebeu um convite do Pelotas para comandar o elenco na Divisão de Acesso deste ano. Ele conta que participou do processo de montagem do plantel, escolhendo peças de acordo com o que acredita taticamente, mas passou por algumas pedras no caminho.

“A gente não conseguiu formar a equipe toda de uma vez só. Nós tivemos que contratar alguns jogadores que teoricamente não seriam do grupo titular, mas sim reservas. Por quê? Porque nós estávamos esperando as competições de primeira divisão e a Série A2 de São Paulo terminarem para contratar os jogadores de nível titular. Teve jogador que chegou na quinta-feira para fazer o primeiro treino na sexta e jogar já no domingo”, explicou o técnico.

Logo de cara, nas duas primeiras rodadas da competição, o Pelotas enfrentou o Inter-SM e o Monsoon, de Porto Alegre, e perdeu por 1 a 0, em casa – mas de portões fechados – e por 2 a 1, fora, respectivamente. Neste momento, os dois times, que iniciaram o certame com grande parte do esquadrão contratado, brigam pelo acesso ao Campeonato Gaúcho Série A de 2025. Com os resultados, Porto foi mandado embora do Áureo-Cerúleo.

“Eu, como treinador, acabei jogando contra duas equipes que estão agora nas semifinais, que foram as melhores do campeonato, quando a minha equipe não estava preparada. Penso que houve uma precipitação da direção, mas futebol é assim, a gente tem que compreender. Entendo que a direção do Pelotas precisava de resultados, é uma torcida muito grande, exigente” declarou o comandante.

A hora da verdade

Para Porto, Inter-SM e Pelotas se cruzaram na hora errada. Uma vez que as duas agremiação são tradicionais no Rio Grande do Sul, o técnico crê que ambas merecem retornar à elite do futebol gaúcho. “Esse acesso é muito importante para os dois. Eu acredito que a torcida do Inter de Santa Maria está necessitando muito essa volta à primeira divisão, assim como a torcida do Pelotas. Por coisas do futebol, tabela e tudo mais, eles acabaram tendo que brigar por essa vaga”, salientou o profissional, que ressaltou o esgotamento de ingressos para a partida deste domingo e a grande presença de público no Estádio Boca do Lobo, no jogo de ida.

O comandante defende que sua torcida será igual para os dois times, no sentido de que “o melhor irá vencer”. Ele começa a análise do confronto final avaliando o trabalho do treinador Daniel Franco, que já garantiu acessos com o União Frederiquense, em 2021, e com o Santa Cruz, em 2023: “eu conheço o Daniel. É muito competente. É um cara que está crescendo, que vai chegar a algo ainda maior. É um cara de qualidade e vem de boas campanhas. Os times dele são difíceis de enfrentar”.

Porto ao lado do presidente do Inter-SM, Pedro Della Pasqua, em encontro na Série A2 sub-17, quando ganhou o uniforme do alvirrubro (Foto Renata Medina/Inter-SM)

Na casamata santa-mariense, Porto pondera que o técnico teve bons resultados no início, depois decaiu mas, no momento certo, voltou a evoluir – e é assim que tem que ser, na visão do experiente profissional. “Tem um detalhe muito importante que eu sempre digo: não adianta a gente apenas iniciar bem, ser o primeiro colocado. O Glória, de Vacaria, é um exemplo. Tu tem que chegar na metade da competição e crescer”, expôs.

Sobre o Pelotas, o treinador enfatiza a irregularidade na competição: “começou mal mas conseguiu crescer, porém não daquele jeito vertiginoso, uniforme. Teve altos e baixos, tanto que se classificou no detalhe”, ao empatar em 2 a 2 com o Alvirrubro. Na opinião do comandante, se dará melhor no confronto o time que conseguir manter a cabeça no lugar. “Claro que tem que ter muita vontade, muita determinação, mas vai ter que estar bem ciente do que está fazendo. Vai ser um jogo muito equilibrado”, concluiu.

Respeito pela história

Longe das casamatas desde o fim de abril de 2024, Porto ainda não sabe qual caminho irá seguir – se optará pela aposentadoria ou se terá condições de viver um novo desafio. Após ter dedicado sua vida ao futebol, está procurando assimilar as situações, pesando algumas questões, para fazer uma escolha. A necessidade de cuidar de sua família, ficar mais presente em casa, pode ser determinante para o veredito.

Na temporada passada, o técnico liderou o elenco sub-17 do Pinheiros no Campeonato Gaúcho Série A2 sub-17, que teve como vencedor o Inter-SM, que bateu os taquarienses para garantir o acesso à primeira divisão. Na partida realizada no Estádio João Bizarro Porto, também conhecido como Pinheirão, casa da agremiação adversária dos santa-marienses, o presidente Pedro Della Pasqua presenteou Porto com o uniforme da equipe.

“É difícil a gente encontrar uma equipe que não tenha nenhuma falha defensiva e o Inter foi defensivamente perfeito, não nos deu oportunidade nenhuma. Fizemos a melhor campanha e acabamos não passando”, relembrou o treinador sobre a disputa. Ele ainda afirma: “eu tenho boas recordações do Inter de Santa Maria”.

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