Ideias provocativas em tempos de barbárie – por José Renato Ferraz da Silveira
“O crime de perder as eleições”, premissas para escolher prefeito e vereador...
“Como se vê, não é apenas o coração, mas também a política que tem razões que a razão desconhece” Rubens Ricupero
“Think globally, act locally” Patrick Geddes
Caro leitor e leitora, a partir de hoje, convido a acompanhar meus textos, neste espaço – que sejam proveitosos para todos e todas – de atualidade sobre o debate político, econômico no Brasil e no mundo.
Os temas serão tratados com objetividade e concisão analítica sob a luz de um intenso humanismo (considero a marca definitória do meu caráter, da minha formação intelectual e do meu percurso existencial).
O crime de perder as eleições: partidos e políticos
Deveríamos ter aprendido que os partidos e políticos devem ser julgados pelos seus atos e resultados. Sendo assim, não há dúvida de que nossos governos são todos como o coronel mineiro evocado por Antônio Cândido, para o qual em política só há um “crime”: perder as eleições.
Para não cometer esse “crime”, estão prontos a perpetrar todos os outros. Assim notamos que os governos exaltam e querem receber todos os créditos por todas as coisas boas e as oposições querendo se livrar da culpa de todas as coisas más e responsabilizando a situação pelo retrocesso ou estagnação da sociedade.
Polêmica à parte, os governos se mexem quando pressionados. Os políticos se preocupam quando o mandato está em risco. Na democracia representativa, os grupos de interesse e pressão são peças essenciais no jogo político.
2024: ano de eleições municipais
2024 é ano de eleições municipais. Arrisco a dizer que teremos as disputas políticas municipais mais polarizadas de todos os tempos.
Por exemplo, em Santa Maria, o debate público gravitou, frequentemente, em torno de questões nacionais.
A impressão que tive é que boa parte dos vereadores santa marienses – neste mandato em especial – estavam mais preocupados com os fatos e personagens de Brasília do que os problemas estruturais e conjunturais da nossa cidade.
Pois bem, Santa Maria é um município de médio porte com desafios de metrópole: infraestrutura deficitária (saneamento ambiental irregular, asfalto inadequado, precária iluminação pública), transporte coletivo insuficiente, violência (taxas de homicídio comparáveis a cidades de 800 mil habitantes) e exclusão social (aumento significativo de indigentes pelas ruas).
Há tempos que advogo – espero não ser uma voz solitária – sobre a necessidade de valorizarmos os nossos votos nas eleições municipais. Lembrando que o Brasil é uma Federação de entes autônomos.
Neste sentido, Brasília fica a mais de 2 mil km de Santa Maria. No meu entender, os nossos problemas (que são muitos e são complexos) cotidianos pertencem a nós. Cabe a nós buscarmos soluções a curto, médio e longo prazo. Os nossos representantes locais devem ou deveriam ter consciência disso e terem focado no mandato eletivo! Cabe mudanças!
Observações pontuais sobre as eleições municipais que se avizinham
Não podemos ignorar que há muitos (as) pretensos (as) candidatos (as) a prefeitos que não debatem e desconhecem sobre a realidade local.
Outro dado é que muitos representantes federais estão se candidatando às prefeituras.
A última constatação é que no cenário eleitoral atual, os principais atores da política nacional estão ainda mais interessados nas eleições municipais. A performance dos partidos nas eleições municipais – principalmente nas capitais – são indicativos de aprovação dos “donos do poder”.
Santa Maria: amor, identidade, compromisso e responsabilidade pela cidade
Santa Maria é o lugar onde vivemos, trabalhamos, amamos, descansamos todos os dias. É o local mais importante das nossas vidas. Aqui estão a nossa família, nossos animais, nossos vizinhos, nossos amigos, nossos colegas de trabalho e etc.
Portanto, nessa perspectiva filosófica, precisamos resgatar o espirito cívico grego de que a nossa própria identidade está inseparavelmente ligada à cidade. Nós temos compromisso e responsabilidade com a Santa Maria do presente e do futuro. Considero que qualquer sociedade, organização, instituição que se comporta olhando o resultado de curto prazo, diminuem de seu olhar aspectos impactantes e relevantes para as gerações futuras. O olhar para o futuro é inevitável.
Por fim, a escolha do (a) prefeito (a) e dos (as) vereadores (as) deve ser pautada por algumas premissas básicas (e não só!) no meu entender. Listo algumas:
a) formação pessoal e profissional do (a) candidato (a);
b) trajetória política do (a) candidato (a);
c) cumprimento legal do (a) candidato (a) à Lei da Ficha Limpa;
d) propostas viáveis do (a) candidato (a);
e) histórico de engajamento e participação do (a) candidato (a) em temas fundamentais do munícipio como educação, saúde, moradia, segurança, meio ambiente e mobilidade.
Por conseguinte, como afirma o cientista político Junior Ivan Bourscheid: “nas eleições municipais, creio que há um vínculo com a noção de confiança interpessoal presente na área de estudos do capital social, que considera que é nos espaços locais (de socialização e institucionais) que começa a discussão sobre a confiança dos indivíduos nos demais, e por conseguinte, das suas instituições”.
(*) José Renato Ferraz da Silveira, que escreve às terças-feiras no site, é professor Associado IV da Universidade Federal de Santa Maria, lotado no Departamento de Economia e Relações Internacionais. É Graduado em Relações Internacionais pela PUC-SP e em História pela Ulbra. Mestre e Doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP.
‘[…] o espirito cívico grego […]’. Que é coisa da Globo. Quem leu Tucídides sabe que é ‘narrativa’, não historia. Politica naquela epoca não era tão ‘limpinha’ e ‘pausterizada’.
Vereadores serão escolhidos como Deus fez a mandioca. Como costume.
‘[…] precisamos resgatar o espirito cívico grego de que a nossa própria identidade está inseparavelmente ligada à cidade.’ Isto é uma utopice. Mudanças culturais levam em media umas duas gerações (uns 50 anos). As pessoas já não tem paciencia. Poder publico tem a responsabilidade e recebe muito bem para fazer as coisas funcionarem. Se todos são responsaveis ninguém é.
‘Pois bem, Santa Maria é um município de médio porte […]’ muito mal gerida. Segurança não se resolve so aqui. Asfalto e iluminação é abandono e falta de fiscalização. Esgoto em Camobi é coisa da Globo. Indigentes não são problema só daqui. Transporte é coisa dos ‘nossos amigos’ donos das empresas tais e tais, filhos do dono Fulana e dona Sicrana. Nem da para reclamar muito, no tempo da Excal (linha Campus) em frente ao Senac/Casa do Estudante só parava de entrar gente quando começava a sair pela janela. Quando beirava o absurdo alguém corria no DCE e fechava o tempo, ‘não vai subir ninguem’ e as vezes ‘não sai mais onibus’. Quando terminou umas duas semanas sem aula ate formarem consorcio.
Fatos locais não dão ‘like’ nas redes sociais. Ja vi, na epoca dos ‘santinhos’, gente escolher em quem votar catando papel no chão (para agravar). Como do Casarão não sai nada que preste maioria tem muito mais coisa melhor para fazer (alem de resolver os proprios problemas). E a CV não sai barato.
Não quer dizer que tenham que ser inimigos ou estejam impedidos de ter relações sociais. No Brasil os partidos são fracos e tem deficit democratico interno incomensuravel. Em Santa Maria o problema é agravado pelo fator ‘patotinhas’. Mesmo que seja para beneficio do todo não irão contrariar interesses dos ‘amigos’ (com ‘o’ mesmo, nenhuma mulher incluida).
Vice-presidente do Novo, que tem Riesgo como candidato, foi vice numa chapa com Farret numa candidatura ao paço municipal. E foi advogado e assessor parlamentar de Aideti. E diretor da Cacism, mesma instituição que Pessimo foi presidente (não simultaneamente).
‘Arrisco a dizer que teremos as disputas políticas municipais mais polarizadas de todos os tempos.’ Só se for cortina de fumaça. Sim, porque existe uma ‘geleia geral’ na aldeia. Qual a polarização na ultima eleição? PT e Cavalistas. Como estava configurado por aqui? Cechim contra o candidato petista. Por fora Possochato. Petista não vai para o segundo turno. PT ‘libera’ o voto para o publico geral e orienta o voto em Possochato no privado (o que se reflete no Casarão depois, ‘tudo amiguinho’). Quem apoia Pessimo agora? O mesmo PP cavalista de outrora.
‘Deveríamos ter aprendido que os partidos e políticos devem ser julgados pelos seus atos e resultados.’ Teoria e pratica. Maioria das pessoas não tem tempo e/ou ‘saco’ para cuidar do ‘todo’. Brasil afora a jornada é mais de 8 horas por dia. Mal existe tempo para solucionar os proprios problemas. A imprensa/midia não cobra os politicos. Ideologia, ‘interesses’, pressão, preguiça. O que se ve não é ‘cobrança’, limitam-se a divulgar parte do que acontece. Politicos pautam a midia e esta pauta (agora mudou um pouco) a sociedade. Por conta das mudanças tentam ‘regulamentar’ as redes sociais, a ‘inteligencia artificial’, etc. Controle social da midia virou coisa do passado, por que será?