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SANTA MARIA. Ato simbólico (e solene) formaliza começo das obras do Memorial às Vítimas da Kiss

Espaço para lembrar os 242 jovens mortos deve estar concluído em 240 dias

Por Lenon de Paula (com Foto de Eduardo Ramos) / Da Assessoria de Imprensa da Prefeitura

Representantes da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) e da Prefeitura de Santa Maria participaram, na manhã desta quarta-feira (10), de um ato para marcar o início da construção do Memorial às Vítimas da Kiss. A cerimônia foi realizada em frente ao local onde funcionava a casa noturna, na Rua dos Andradas, Bairro Centro, e foi transmitida ao vivo no canal da TV Ovo no YouTube.

O Memorial é erguido em homenagem aos 242 jovens vítimas da trágica madrugada de 27 de janeiro de 2013, que deixou outros 636 feridos e culminou na maior tragédia do Rio Grande do Sul e a segunda maior do país em número de vítimas em um incêndio. Além de honrar a vida dos que partiram, a construção também servirá para conscientizar sobre a importância da prevenção contra incêndios e simbolizar a luta de todos os pais e familiares de vítimas por justiça, segurança e valorização da vida.

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“Este dia é um simbolismo da não omissão. Era inadmissível que o Poder Público não conversasse com a Associação e não tivesse, minimamente, um respeito e empatia com os pais e familiares. Negociamos a desapropriação do imóvel junto aos proprietários e colocamos o dia 27 de janeiro no calendário oficial do Município, sempre primando pelo trabalho coletivo. Agradecemos, em especial, ao Ministério Público do Rio Grande do Sul, que foi incansável e aprovou por unanimidade o projeto do Memorial para ser financiado pelo Fundo de Reconstituição de Bens Lesados. Nosso recado para o mundo inteiro é que esse Memorial, além de acolher e preservar a memória, sirva de exemplo para que uma tragédia como esta não se repita”, pontuou o prefeito Jorge Pozzobom acompanhado do vice-prefeito Rodrigo Decimo.

“Desfazer a ruína e construir a memória” é a frase que estampa os tapumes dispostos à frente da fachada da antiga boate e que isolam o local da obra na Rua dos Andradas. A empresa vencedora do processo licitatório e responsável pela execução da obra é a INFA Incorporadora Farroupilha, de Triunfo. A obra está orçada em R$ 4.870.004,68, e é custeada com verbas do Fundo para Reconstituição de Bens Lesados (FRBL), do MPRS – que em maio de 2023 oficializou o repasse de R$ 4 milhões. O restante do valor (R$ 870 mil) é contrapartida da Prefeitura. O prazo para entrega é de 240 dias (8 meses).

“A frase ‘Desfazer a ruína e construir a memória’ é uma frase lapidada em muitas conversas para que chegássemos a um termo que representasse a dimensão que a obra tem para nós. Desfazer a ruína é diferente de destruir ou demolir. É desfazer porque a gente sente que cada tijolo, madeira, espelho, cada objeto que tem lá vai ser pego com o carinho devido e com a dimensão que representa cada movimento nessa obra, pois sabemos que cada tijolo tirado ali reflete em movimentos muito grandes dentro de cada um de nós. Assim que encaramos esta obra e a sensibilidade de desfazer a ruína, com um olhar tão sensível e sutil que essa história exige”, declarou o atual presidente da AVTSM, Gabriel Rovadoschi, acompanhado dos ex-presidentes da entidade, Adherbal Ferreira, Sérgio da Silva e Flávio Silva. Na ocasião, cada um dos ex-presidentes recebeu uma placa como homenagem de reconhecimento pela atuação à frente da Associação.

Um dos pontos marcantes do ato foi a soltura de 242 balões brancos representando cada uma das vítimas do incêndio. O início das obras foi simbolizado pela remoção do letreiro da boate e da porta principal que, seguidos de um abraço coletivo entre os pais e parentes de vítimas, marcaram o encerramento do ato. A execução dos serviços seguiu até às 17h desta quarta-feira de forma interna, sendo retomada na quinta (11).

As primeiras etapas da execução da obra incluem o recolhimento dos itens classificados pela AVTSM, que farão parte do acervo do Memorial; a remoção do telhado; a classificação dos resíduos que ainda existem no local e recolhimento por empresa especializada; e a abertura de espaço na fachada para acesso de máquinas e equipamentos.

“Hoje é um dia importante na história dessa cidade, que tem tantas coisas boas e sempre foi sinônimo de crescimento, desenvolvimento, esperança e expectativa e há 11 anos e meio se viu manchada por essa tragédia. Lembro bem daquela madrugada. Ex-alunos e filhos de amigos meus faleceram aqui. Eu vi o que isso representou na vida dos pais, a culpa mal resolvida, uma série de sentimentos. Essa história continuou com enormes desafios, com brigas judiciais, e chegamos a este dia. Um dia de honrar a memória de todos que perderam as suas vidas aqui nessa tragédia que não pode se repetir. A presença do MPRS hoje, aqui, não poderia ser diferente. É muito mais para dizer e registrar que estamos e estaremos com vocês, sempre”, afirmou o procurador-geral de Justiça do Rio Grande do Sul, Alexandre Sikinowski Saltz.

A cerimônia também contou com manifestações do arquiteto e autor do projeto do Memorial Felipe Zene Motta; da arquiteta e paisagista responsável pelo projeto paisagístico do Memorial, Mariana Siqueira; da engenheira civil e especialista em Engenharia contra Incêndio, Renata Dal Molin; da representante da equipe de concursos do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Franciele Franceschini; e do jornalista Marcelo Canellas. Também prestigiaram o ato, pais e familiares de vítimas e demais representantes do MPRS. Representando a empresa responsável pela construção do Memorial, compareceu Paulo Kull.

Memorial às Vítimas da Kiss

A busca pelo Memorial às Vítimas da Boate Kiss ocorre desde 2013, ano em que aconteceu o incêndio na casa noturna e resultou em 242 mortes e em mais de 600 feridos. O projeto arquitetônico foi escolhido por meio de concurso nacional aberto de arquitetura, organizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) do Rio Grande do Sul em 2018. Ao todo, foram entregues 121 propostas. A escolhida por unanimidade pelo júri como vencedora foi a do arquiteto Felipe Zene Motta, da empresa Motta e Zene Engenharia e Arquitetura, de São Paulo, que prevê um jardim naturalista circular de flores e um auditório. Ao redor, haverá 242 pilares de madeira, cada um representando uma vítima da tragédia.

O memorial terá 383,65m² de área total construída distribuída em um único pavimento e inclui sala de escritório, sala multiúso, auditório, banheiros masculino e feminino, acessos ao auditório, depósito, área técnica, varanda e jardim. A construção terá uma estrutura mista de concreto armado e de madeira laminada colada (MLC).

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