Por Maiquel Rosauro
Jaime Homrich (MDB), 79 anos, e Giovana Mercês (PSol) e Arthur Raskopf (PRD), ambos de 23 anos, são os melhores exemplos de experiência e juventude nesta eleição à Câmara de Vereadores de Santa Maria. Entre os 262 nomes lançados ao Parlamento, Homrich é o mais idoso e Giovana e Raskopf são os mais jovens. Em comum, eles buscam ingressar no Parlamento para lutar por melhorias para a comunidade.
Com décadas de experiência na vida profissional e pública, Homrich tem uma visão crítica sobre as últimas administrações do município e entende como vital a necessidade de Santa Maria gerar renda. A universitária Giovana defende uma maior inclusão para os jovens da periferia e um melhor acesso à saúde para os moradores de Camobi. Já o empreendedor Raskopf busca mudar a realidade do município trabalhando para o asfaltamento e iluminação de vias, além de um comércio mais próspero e organizado.
“O município é governado como se fosse um condomínio”
Natural de Formigueiro, Homrich veio para o município para estudar. Foi admitido no Colégio Manoel Ribas (Maneco) em dezembro de 1957, iniciando os estudos em março do ano seguinte. Na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) se formou primeiro em Odontologia, em 1968, e, pouco depois, em Medicina, em 1973.
Em agosto de 1969, enquanto aluno da Medicina, foi contratado como docente da UFSM como cirurgião dentista. Em 1974, chefiou uma equipe múltipla de saúde da Universidade em Roraima e, ainda naquela década, fez mestrado e doutorado em Ribeirão Preto-SP, na Universidade de São Paulo (USP), em Neurofisiologia, se tornando doutor na área de comportamento alimentar.
No início da década seguinte, Homrich começou sua caminhada na política se filiando ao Partido Popular (PP), que logo viria a ser incorporado pelo MDB. Em 1982, concorreu a deputado estadual e ficou na suplência. Na ocasião, fez 5.961 votos. No mesmo pleito, Cezar Schirmer (MDB) foi eleito à Assembleia Legislativa.
Em 1986, concorreu pela primeira vez à Câmara de Vereadores e ficou na suplência com 547 votos. Na eleição seguinte, em 1992, veio a vitória nas urnas, com 1.125 votos. Atuou na Câmara apenas na legislatura de 1993 a 1996 e não tentou a reeleição. Voltou a concorrer em 2004 (1.118 votos), 2008 (997 votos), 2016 (990 votos) e 2020 (479 votos) – em todos os esses anos ficou na suplência.
Sobre o tempo em que foi vereador, Homrich destaca a criação da Fundação Assistencial e Educacional Santa Maria Progresso (SMP), onde ele mesmo atuou por mais de uma década. Contudo, aponta que o desenvolvimento do município aconteceu de forma acanhada e, por esse motivo, decidiu voltar a concorrer ao Legislativo.
“Nos últimos 20, 30 anos, os empresários mais antigos foram transferindo os negócios para os filhos e quem ganha tudo de mão beijada não dá valor. Os filhos, ao invés de investir, compram apartamentos, alugam e ficam sentados ganhando o capital. Santa Maria possui uma visão empreendedora que deixa a desejar”, comenta Homerich.
Caso seja eleito, ele afirma que pretende cobrar o desenvolvimento da cidade, mas sem se esquecer das necessidades das pessoas.
“Quero fazer um trabalho mais voltado para o social, estimulando e cobrando investimentos. Santa Maria é uma cidade polo na região e está parada. Nos últimos 30, 40 anos – e posso falar isso com tranquilidade porque fui amigo de todos os prefeitos – o município é governado como se fosse um condomínio, apenas recebe e paga contas. Falta gerar renda e riquezas”, pontua o experiente emedebista.
Farret
Jaime Homrich é o candidato à Câmara mais idoso deste pleito, mas há um nome concorrendo a outro cargo com ainda mais bagagem na vida pública e profissional. Trata-se do candidato a vice-prefeito José Haidar Farret (UB), 82 anos, que completa a chapa liderada por Valdeci Oliveira (PT), 67, à Prefeitura.
“Queremos saúde de qualidade para Camobi”
Giovana Mercês – 23 anos e 7 meses – é natural de Salto-SP e, entre 2019 e 2022, estudou Engenharia de Transportes e Logísticas no campus da UFSM em Cachoeira do Sul. Em abril de 2022, decidiu se transferir para Santa Maria para cursar Engenharia de Produção. A mudança, segundo ela, ocorreu não apenas pela estrutura do campus sede, mas também pela própria estrutura que a cidade oferece.
Ela teve contato com o PSol no ano em que se mudou para Santa Maria e logo percebeu que as suas bandeiras são semelhantes às ideias defendidas pela sigla. Ela se filiou em 9 de junho de 2022 e, desde então, milita na sigla.
Esta será a primeira vez em que ela concorre a um cargo eletivo. O que motiva a jovem é a possibilidade de conseguir políticas públicas para mulheres, moradores da periferia e a juventude.
“Hoje temos vereadores que apresentam projetos de lei que atacam a nossa liberdade, nossas decisões enquanto mulheres, o direito ao lazer e a cultura da nossa cidade com políticas de higienização. Ocupar uma cadeira na Câmara é um espaço de resistência onde vou poder estar lutando por algo que acredito”, explica Giovana.
Moradora de Camobi, a jovem pretende levar os problemas do bairro para dentro da Câmara caso seja eleita.
“Queremos saúde de qualidade para Camobi, que não possui uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Quando precisamos de acesso à saúde, temos que atravessar a cidade para conseguir atendimento. Precisamos de políticas públicas de saúde”, comenta Giovana.
“Pretendo ter uma atuação metódica e precisa”
Arthur Raskopf – 23 anos e 5 meses – é natural de Santa Maria, formado em Direito pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco da USP e é um empreendedor do ramo da gastronomia. O jovem se filiou ao PRD entre março e abril deste ano, mas também possui passagem por Progressistas e PSDB.
Uma das motivações para concorrer ao Parlamento é a possibilidade de mudar a realidade de Santa Maria nos pontos que estão ao alcance dos vereadores.
“Um exemplo é o melhor asfaltamento e iluminação das ruas, um comércio mais próspero e organizado, um maior número de eventos turísticos de mobilização da cidade, etc.”, comenta Raskopf.
Além disso, o candidato considera que o cargo possibilitará um primeiro passo para buscar mudanças ainda mais significativas na sociedade.
“O cargo de vereador é a principal porta de entrada para a vida pública política e um primeiro ponto para poder atingir cargos mais elevados, os quais possibilitam uma maior efetividade de mudança nas propostas feitas, principalmente, no que se refere à legislação. Por exemplo, os cargos de deputado”, comenta.
No momento, Raskopf promove uma campanha mais voltada para panfletagem e está analisando ampliar a divulgação nas redes sociais. Caso eleito, ele já sabe exatamente como pretende atuar no Parlamento.
“Pretendo ter uma atuação metódica e precisa, planejando bem o que acredito que deva ser feito, filtrando com o que realmente pode ser feito e traçando os caminhos factíveis para chegar lá. Isso, sem discursos ou atos expansivos e agressivos e, principalmente, de forma a atingir uma construção dialogada, mas ainda assim efetiva”, pondera o candidato.
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