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POLÍTICA. Nem bem as urnas esfriaram e partidos gaúchos já tratam de 2026. Confira as articulações

Leite fora do PSDB, opções do MDB e PP, pacote do PL, nomes do PT e ainda...

Diversos fatores decidirão os concorrentes ao Piratini (e ao Senado) nas eleições de 2026 (Foto Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini)

Reproduzido do Site do Correio do Povo / Texto (cronologicamente atualizado) de Flavia Bemfica

Antes que se passassem 24 horas do resultado final dos pleitos municipais, no domingo, os partidos, de todos os matizes ideológicos, passaram para a próxima fase do jogo: as eleições ao governo do Estado e às duas vagas disponíveis para o Senado em 2026.

É tão estreita a relação entre as duas corridas, que a de domingo lançou pelo menos mais um jogador na seguinte, o prefeito reeleito da Capital, Sebastião Melo (MDB). Sua vitória aumenta a tensão no MDB a respeito de quem será o próximo candidato da legenda ao governo.

Mas não é só o resultado de Porto Alegre que está na mesa de negociações aberta a partir de agora. Um conjunto de fatores embaralha nomes e articulações para 2026.

O primeiro é o caminho a ser seguido pelo governador Eduardo Leite (PSDB), que voltou a ser cortejado pelo PSD. As especulações sobre a possibilidade de Leite trocar de partido em 2025 crescem na mesma proporção das apostas sobre se a sigla de Gilberto Kassab, após o sucesso deste ano, vai optar por apresentar uma candidatura “de centro” à presidência da República em 2026.

O PSD foi o partido que mais elegeu prefeitos no país: 891. Possui, para oferecer ao governador, estrutura e recursos financeiros para daqui a dois anos que os tucanos não têm como igualar. O PSDB cresceu um pouco em número de administrações municipais no RS, passando de 30 para 35, mas o Estado foi uma exceção. No Brasil, o número de prefeitos eleitos pela legenda caiu de 512 em 2020 para 274 neste pleito. Um reflexo do encolhimento que a sigla enfrenta há alguns anos.

A decisão de Leite, seja sobre o partido, ou sobre o cargo que disputará (a presidência ou o Senado), impactará tanto a manutenção da aliança como a construção que vem sendo feita pelo vice, Gabriel Souza (MDB), para concorrer ao Piratini. Apoiadores de Gabriel tentam projetar qual futuro tem uma coalizão com o PSDB sem seu principal articulador do lado tucano. Enquanto isso, adversários do vice-governador dentro do próprio partido seguem, nos bastidores, ventilando a possibilidade de que o vice também troque de legenda.

A contenda que já se avizinha no MDB a partir da Capital, por sua vez, impacta o cenário porque o arco de alianças que a sigla vai conseguir fechar depende muito do nome do escolhido. Além de Gabriel e Melo, o deputado federal Alceu Moreira também pretende pleitear a indicação para concorrer ao governo. Sabedor de que o desgaste gerado pela batalha pode pôr a perder a construção de uma coalizão competitiva, o presidente da sigla no RS, o deputado estadual Vilmar Zanchin, diz que a prioridade é a candidatura ao governo amparada em uma aliança de centro.

“O partido tem como meta ter candidato a governador. Para isso, precisa articular de forma a atingir todos os segmentos. Os demais espaços (da majoritária, com as duas vagas do Senado inclusas) vamos ter que compor. Não sei ainda se o MDB terá candidato ao Senado. A partir de agora é que vamos construir 2026”, desconversa.

PP aguarda desdobramentos no MDB

O PP, aliado importante do governo estadual e da prefeitura da Capital, aguarda pelos desdobramentos da disputa do MDB para dar continuidade, ou não, às conversas sobre uma coalizão capitaneada pelos emedebistas. O modo como as siglas de direita, PP entre elas, se distribuirão no tabuleiro é o terceiro fator a pressionar as definições de 2026 no RS.

O PP avisou aos pretendentes que não vai aceitar “receita pronta”. O recado é direcionado principalmente ao PL, que já procurou pelo partido para encaminhar tratativas para 2026, mas que, há meses, ventila pelo menos três nomes próprios para o governo ou o Senado.

“Temos uma base eleitoral gigantesca, força e representatividade. Com certeza absoluta, seremos protagonistas na eleição de 2026. Mas precisamos antes construir um projeto, para depois ver quem vai capitanear. O PL já está apresentando candidato a governador, a vice e a senador. Isto atrapalha. De repente, pode surgir um terceiro projeto”, diz o presidente do diretório do RS, o deputado federal Covatti Filho. A alusão é a uma opção de centro-direita e direita a chapas encabeçadas pelo MDB ou o PL.

Anima o PP gaúcho a expectativa sobre o desfecho das negociações nacionais para a formação de uma federação partidária com o Republicanos e o União Brasil, o que deve se resolver até o final de 2024.

“Muitas coisas vão acontecer ainda entre o fim do ano e o primeiro semestre de 2025. A federação, por exemplo: se acontecer, já começa em um patamar de pontear cabeça de chapa”, estima Covatti Filho.

O presidente do PL no Estado, deputado federal Giovani Cherini, confirma que o propósito maior da agremiação é ter o candidato a governador e ocupar uma das vagas ao Senado. Mas admite que quem não faz coligação dificilmente chega a um resultado favorável. E refuta que já existam nomes postos da legenda, o seu entre eles. “A centro-direita foi a grande vitoriosa desta eleição. Temos que buscar o PP e o Republicanos para tratarmos de 26. É óbvio que o PL quer ter candidato a governador e a senador. Porém, tem vaga de vice, a segunda de senador, há como acomodar os interesses de três ou quatro partidos”, avalia.

Além de Cherini, cotado para o Senado, mas com a possibilidade de se apresentar ao governo, se necessário, o deputado federal Luciano Zucco e o ex-ministro Onyx Lorenzoni são as opções que já surgiram no PL para compor a majoritária. O dirigente, contudo, diz que não há candidatos definidos, e adianta as condições em que as decisões sobre nomes vão acontecer.

“Quem colocar o nome na frente, com certeza não vai ser candidato. Eu estou no oitavo mandato de deputado (entre estadual e federal), estou pronto para tudo, inclusive para não ser nada. Candidato a governador e a senador tem que vir da base e ter a mão do Bolsonaro na cabeça. Se qualquer um dos partidos tiver um candidato maior do que os nossos, a gente tem que discutir. A discussão sobre 2026, aliás, já começou no domingo de noite.”

Na ponta oposta do tabuleiro, está o quarto fator que vai definir o jogo eleitoral de 2026 no Estado: a estratégia a ser traçada por partidos de esquerda e centro-esquerda para recuperar eleitores, voltar ao Piratini e manter em seu campo a vaga que hoje é do petista Paulo Paim no Senado. Nesta terça-feira, a executiva estadual do PT faria uma reunião para avaliar o resultado final da eleição e começar a estabelecer uma linha de ação para os próximos dois anos. O partido hoje tem dois nomes postos para colocar na mesa de negociações. Mesmo que, de público, siga a cartilha geral e informe que, primeiro, vai discutir uma união programática.

A sigla vai trabalhar para emplacar a candidatura do ministro Paulo Pimenta preferencialmente ao Senado. Há possibilidade de que ele dispute o governo. Mas, internamente, o nome consolidado para o Piratini no momento é o do presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto. A legenda arranca oferecendo a aliados a cadeira de vice e a outra vaga ao Senado, com dois focos: manter a aliança com o PSol e insistir em atrair o PDT para uma frente.

“É fato que 2024 informa 2026. Sendo assim, a unidade da esquerda é fundamental. O ambiente político onde se darão as eleições de 2026 vai exigir uma unidade cada vez maior e a ampliação das temáticas que dialogam com a população. Manter a construção que tivemos até agora é prioridade”, adianta a presidente do PT gaúcho, Juçara Dutra Vieira.

Uma negociação com o PDT não é menosprezada pelos trabalhistas. Mas será uma construção difícil. O prefeito eleito de Osório, Romildo Bolzan Júnior, que se licenciou da direção partidária, mas segue como uma das lideranças a conduzir articulações, diz que a prioridade da sigla para 2026 no RS serão as eleições legislativas e as alianças com legendas que tentem sair da polarização, a exemplo do que foi feito na disputa recente pelo comando da Capital.

Ele não descarta uma união do campo à esquerda, e admite que o processo regional estará vinculado ao nacional. Mas diz que, primeiro, o PDT deverá tentar apresentar candidatura ao governo e ao Senado. O nome do próprio Bolzan, assim como os dos federais Afonso Motta e Pompeo de Mattos, e o do estadual Eduardo Loureiro, são ventilados entre pedetistas, seja para encabeçar uma chapa ou fazer uma composição. O dirigente, contudo, é taxativo: “Não temos nomes ainda.”

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7 Comentários

  1. Boules já tinha sido candidato a prefeito. Mesmo com 80 milhões a mais para gastar só conseguiu 155 mil votos a mais do que a primeira vez. Cavalismo claudica, a rejeição não, está muito bem obrigado.

  2. Muita gente coloca as emendas, dinheiro, como fator preponderante da eleição. Boules tinha Marta como candidata a vice. Ela foi prefeita e não conseguiu se reeleger, perdeu para o Serra. Com meia duzia de partido apoiando e, segundo pesquisas, aprovação de 48%. Um dos fatores, penso, foi ter deixado muitas obras para a ultima hora. Experiencia pessoal, antes da eleição era sair de um engarrafamento para entrar no outro.

  3. O que se sabe de concreto. Gnomo é o vice, candidato natural a sucessão de Dudu Milk. Este não vai trocar de partido, pegar o bonde andando e ganhar lugar na janela. Kassab declarou em varios lugares, PSD vai ter candidatura proprio e Ratinho Junior só não sai candidato a presidencia se não quiser.

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