Reproduzido do Site do Correio do Povo / Texto (cronologicamente atualizado) de Flavia Bemfica
Antes que se passassem 24 horas do resultado final dos pleitos municipais, no domingo, os partidos, de todos os matizes ideológicos, passaram para a próxima fase do jogo: as eleições ao governo do Estado e às duas vagas disponíveis para o Senado em 2026.
É tão estreita a relação entre as duas corridas, que a de domingo lançou pelo menos mais um jogador na seguinte, o prefeito reeleito da Capital, Sebastião Melo (MDB). Sua vitória aumenta a tensão no MDB a respeito de quem será o próximo candidato da legenda ao governo.
Mas não é só o resultado de Porto Alegre que está na mesa de negociações aberta a partir de agora. Um conjunto de fatores embaralha nomes e articulações para 2026.
O primeiro é o caminho a ser seguido pelo governador Eduardo Leite (PSDB), que voltou a ser cortejado pelo PSD. As especulações sobre a possibilidade de Leite trocar de partido em 2025 crescem na mesma proporção das apostas sobre se a sigla de Gilberto Kassab, após o sucesso deste ano, vai optar por apresentar uma candidatura “de centro” à presidência da República em 2026.
O PSD foi o partido que mais elegeu prefeitos no país: 891. Possui, para oferecer ao governador, estrutura e recursos financeiros para daqui a dois anos que os tucanos não têm como igualar. O PSDB cresceu um pouco em número de administrações municipais no RS, passando de 30 para 35, mas o Estado foi uma exceção. No Brasil, o número de prefeitos eleitos pela legenda caiu de 512 em 2020 para 274 neste pleito. Um reflexo do encolhimento que a sigla enfrenta há alguns anos.
A decisão de Leite, seja sobre o partido, ou sobre o cargo que disputará (a presidência ou o Senado), impactará tanto a manutenção da aliança como a construção que vem sendo feita pelo vice, Gabriel Souza (MDB), para concorrer ao Piratini. Apoiadores de Gabriel tentam projetar qual futuro tem uma coalizão com o PSDB sem seu principal articulador do lado tucano. Enquanto isso, adversários do vice-governador dentro do próprio partido seguem, nos bastidores, ventilando a possibilidade de que o vice também troque de legenda.
A contenda que já se avizinha no MDB a partir da Capital, por sua vez, impacta o cenário porque o arco de alianças que a sigla vai conseguir fechar depende muito do nome do escolhido. Além de Gabriel e Melo, o deputado federal Alceu Moreira também pretende pleitear a indicação para concorrer ao governo. Sabedor de que o desgaste gerado pela batalha pode pôr a perder a construção de uma coalizão competitiva, o presidente da sigla no RS, o deputado estadual Vilmar Zanchin, diz que a prioridade é a candidatura ao governo amparada em uma aliança de centro.
“O partido tem como meta ter candidato a governador. Para isso, precisa articular de forma a atingir todos os segmentos. Os demais espaços (da majoritária, com as duas vagas do Senado inclusas) vamos ter que compor. Não sei ainda se o MDB terá candidato ao Senado. A partir de agora é que vamos construir 2026”, desconversa.
PP aguarda desdobramentos no MDB
O PP, aliado importante do governo estadual e da prefeitura da Capital, aguarda pelos desdobramentos da disputa do MDB para dar continuidade, ou não, às conversas sobre uma coalizão capitaneada pelos emedebistas. O modo como as siglas de direita, PP entre elas, se distribuirão no tabuleiro é o terceiro fator a pressionar as definições de 2026 no RS.
O PP avisou aos pretendentes que não vai aceitar “receita pronta”. O recado é direcionado principalmente ao PL, que já procurou pelo partido para encaminhar tratativas para 2026, mas que, há meses, ventila pelo menos três nomes próprios para o governo ou o Senado.
“Temos uma base eleitoral gigantesca, força e representatividade. Com certeza absoluta, seremos protagonistas na eleição de 2026. Mas precisamos antes construir um projeto, para depois ver quem vai capitanear. O PL já está apresentando candidato a governador, a vice e a senador. Isto atrapalha. De repente, pode surgir um terceiro projeto”, diz o presidente do diretório do RS, o deputado federal Covatti Filho. A alusão é a uma opção de centro-direita e direita a chapas encabeçadas pelo MDB ou o PL.
Anima o PP gaúcho a expectativa sobre o desfecho das negociações nacionais para a formação de uma federação partidária com o Republicanos e o União Brasil, o que deve se resolver até o final de 2024.
“Muitas coisas vão acontecer ainda entre o fim do ano e o primeiro semestre de 2025. A federação, por exemplo: se acontecer, já começa em um patamar de pontear cabeça de chapa”, estima Covatti Filho.
O presidente do PL no Estado, deputado federal Giovani Cherini, confirma que o propósito maior da agremiação é ter o candidato a governador e ocupar uma das vagas ao Senado. Mas admite que quem não faz coligação dificilmente chega a um resultado favorável. E refuta que já existam nomes postos da legenda, o seu entre eles. “A centro-direita foi a grande vitoriosa desta eleição. Temos que buscar o PP e o Republicanos para tratarmos de 26. É óbvio que o PL quer ter candidato a governador e a senador. Porém, tem vaga de vice, a segunda de senador, há como acomodar os interesses de três ou quatro partidos”, avalia.
Além de Cherini, cotado para o Senado, mas com a possibilidade de se apresentar ao governo, se necessário, o deputado federal Luciano Zucco e o ex-ministro Onyx Lorenzoni são as opções que já surgiram no PL para compor a majoritária. O dirigente, contudo, diz que não há candidatos definidos, e adianta as condições em que as decisões sobre nomes vão acontecer.
“Quem colocar o nome na frente, com certeza não vai ser candidato. Eu estou no oitavo mandato de deputado (entre estadual e federal), estou pronto para tudo, inclusive para não ser nada. Candidato a governador e a senador tem que vir da base e ter a mão do Bolsonaro na cabeça. Se qualquer um dos partidos tiver um candidato maior do que os nossos, a gente tem que discutir. A discussão sobre 2026, aliás, já começou no domingo de noite.”
Na ponta oposta do tabuleiro, está o quarto fator que vai definir o jogo eleitoral de 2026 no Estado: a estratégia a ser traçada por partidos de esquerda e centro-esquerda para recuperar eleitores, voltar ao Piratini e manter em seu campo a vaga que hoje é do petista Paulo Paim no Senado. Nesta terça-feira, a executiva estadual do PT faria uma reunião para avaliar o resultado final da eleição e começar a estabelecer uma linha de ação para os próximos dois anos. O partido hoje tem dois nomes postos para colocar na mesa de negociações. Mesmo que, de público, siga a cartilha geral e informe que, primeiro, vai discutir uma união programática.
A sigla vai trabalhar para emplacar a candidatura do ministro Paulo Pimenta preferencialmente ao Senado. Há possibilidade de que ele dispute o governo. Mas, internamente, o nome consolidado para o Piratini no momento é o do presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto. A legenda arranca oferecendo a aliados a cadeira de vice e a outra vaga ao Senado, com dois focos: manter a aliança com o PSol e insistir em atrair o PDT para uma frente.
“É fato que 2024 informa 2026. Sendo assim, a unidade da esquerda é fundamental. O ambiente político onde se darão as eleições de 2026 vai exigir uma unidade cada vez maior e a ampliação das temáticas que dialogam com a população. Manter a construção que tivemos até agora é prioridade”, adianta a presidente do PT gaúcho, Juçara Dutra Vieira.
Uma negociação com o PDT não é menosprezada pelos trabalhistas. Mas será uma construção difícil. O prefeito eleito de Osório, Romildo Bolzan Júnior, que se licenciou da direção partidária, mas segue como uma das lideranças a conduzir articulações, diz que a prioridade da sigla para 2026 no RS serão as eleições legislativas e as alianças com legendas que tentem sair da polarização, a exemplo do que foi feito na disputa recente pelo comando da Capital.
Ele não descarta uma união do campo à esquerda, e admite que o processo regional estará vinculado ao nacional. Mas diz que, primeiro, o PDT deverá tentar apresentar candidatura ao governo e ao Senado. O nome do próprio Bolzan, assim como os dos federais Afonso Motta e Pompeo de Mattos, e o do estadual Eduardo Loureiro, são ventilados entre pedetistas, seja para encabeçar uma chapa ou fazer uma composição. O dirigente, contudo, é taxativo: “Não temos nomes ainda.”
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Boules já tinha sido candidato a prefeito. Mesmo com 80 milhões a mais para gastar só conseguiu 155 mil votos a mais do que a primeira vez. Cavalismo claudica, a rejeição não, está muito bem obrigado.
Muita gente coloca as emendas, dinheiro, como fator preponderante da eleição. Boules tinha Marta como candidata a vice. Ela foi prefeita e não conseguiu se reeleger, perdeu para o Serra. Com meia duzia de partido apoiando e, segundo pesquisas, aprovação de 48%. Um dos fatores, penso, foi ter deixado muitas obras para a ultima hora. Experiencia pessoal, antes da eleição era sair de um engarrafamento para entrar no outro.
PDT não tem candidato, mal tem partido.
PL se for atras de Cherini vai parar no mato.
Bom notar que muitos candidatos eleitos não são ‘carismaticos’. Bananinha em SP, Mello em POA, Pessimo em SM.
Onyx está queimado e Zucco ainda está verde. Melhor irem para a Camara. Onde teriam papel mais importante.
O que se sabe de concreto. Gnomo é o vice, candidato natural a sucessão de Dudu Milk. Este não vai trocar de partido, pegar o bonde andando e ganhar lugar na janela. Kassab declarou em varios lugares, PSD vai ter candidatura proprio e Ratinho Junior só não sai candidato a presidencia se não quiser.