Por Ricardo Westin / Reportagem Especial da Agência Senado
Os prédios com a sigla IF em verde e vermelho na fachada costumam provocar confusão. Quem passa diante de algum dos institutos federais espalhados pelo Brasil pode imaginar, dada a imponência, que ali funciona um colégio frequentado pela elite ou então, em razão do adjetivo “federal”, que se trata de uma universidade federal com nome diferente.
Nem uma coisa, nem outra. Os institutos federais são, na realidade, uma mistura de escola com universidade. Neles, o ensino é público e gratuito.
No lado escola, oferecem ensino médio, educação de jovens e adultos (EJA) e cursos técnicos profissionalizantes. No lado universidade, contam com graduação, especialização, mestrado e doutorado.
Todos os cursos são ministrados dentro do mesmo prédio. Esse híbrido de escola e universidade é um modelo único no mundo e 100% brasileiro.
– Nos institutos federais, vamos do alfinete ao foguete – resume a diretora-geral do campus do Instituto Federal de Brasília (IFB) localizado no Plano Piloto, Christine Rebouças Lourenço.
Existem hoje 38 institutos federais, cada um com mais ou menos 20 campi na sua respectiva região de abrangência. São, ao todo, 705 campi em funcionamento – um campus para cada oito cidades brasileiras. A rede, assim, consegue estar presente em quase todos os rincões do país.
Quase 860 mil alunos frequentam as salas de aula dos institutos federais. Também são oferecidos cursos rápidos de qualificação profissional. Adicionando os matriculados nesses cursos, o número total de estudantes chega a 1,6 milhão.
Os institutos federais têm salas de aula com lousa digital, biblioteca, laboratórios, salas de informática, anfiteatro, ginásio esportivo e piscina, entre outros equipamentos.
– Quando conhecem a infraestrutura, muitos estudantes de escolas públicas convencionais, em vez de ficar empolgados, acabam se intimidando e imaginando que o instituto federal não é lugar para eles. Precisamos acabar com essa impressão equivocada – afirma a diretora do campus do IFB.
Apesar da capilaridade dos institutos federais pelo território brasileiro, o desconhecimento de parte da sociedade é compreensível. Primeiro, porque eles são o braço mais novo da rede nacional de educação. Depois, porque quase não se faz propaganda deles.
O modelo começou a ser posto em prática há apenas 16 anos, a partir de uma lei aprovada pelo Senado e pela Câmara dos Deputados e assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo mandato (Lei 11.892, de 2008).
Os institutos federais são a grande política pública do governo federal para o ensino voltado ao mercado de trabalho. A tecnologia é o eixo que precisa atravessar todos os cursos.
O EJA e o ensino médio, por exemplo, são integrados ao ensino técnico. Também há cursos técnicos avulsos, para quem frequenta ou já concluiu o ensino médio. Na graduação, formam-se diferentes tipos de engenheiros e tecnólogos, entre outros profissionais. Na pós-graduação, a prioridade é dada às pesquisas que tenham aplicação prática e sejam de inovação tecnológica.
O modelo tem outras particularidades. Uma delas é a busca da inclusão social.
Para selecionar os estudantes do ensino médio, cada instituto federal tem autonomia para adotar o método que preferir. Muitas optam pelo sorteio, o que permite que ricos e pobres tenham a mesma chance de ser admitidos. O vestibulinho, como comparação, dá vantagem aos jovens de nível social mais alto.
Optando pelo vestibulinho, pelo sorteio ou até pela análise de currículo, o instituto federal fica sempre obrigado a seguir a Lei de Cotas (Lei 12.711, de 2012) e reservar pelo menos 50% das vagas para jovens oriundos de escola pública, pobres, com deficiência e autodeclarados negros, quilombolas ou indígenas.
Para a graduação, a seleção costuma ser pela nota do aluno no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Alguns institutos federais aderem ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o mesmo mecanismo adotado pelas universidades federais. A Lei de Cotas também vale para a graduação.
Para evitar a evasão escolar, em especial dos estudantes que precisam trabalhar, o governo federal concede aos mais carentes a Bolsa Permanência, que varia de R$ 400 a R$ 900 mensais.
As estatísticas mostram que os institutos federais têm cumprido a missão de incluir socialmente camadas mais pobres da sociedade. Dos alunos, em torno de 56% são negros e perto de 72% têm renda familiar per capita de no máximo um salário mínimo e meio por mês.
As extintas escolas agrotécnicas federais, como comparação, costumavam ser frequentadas pelos filhos dos fazendeiros, e não pelos filhos dos camponeses. Dizia-se que só conseguiam entrar nessas instituições aqueles que tinham um padrinho político forte que fizesse a indicação…”
PARA LER A ÍNTEGRA, com ainda mais informações e imagens, CLIQUE AQUI.
‘O modelo começou a ser posto em prática há apenas 16 anos, […]’. Narrativa ‘nunca antes na historia deste pais’. Basicamente alguns Centros Federais de Educação Tecnológica mudaram de nome e outros foram abertos. Tudo naquela base, formar gente sem saber se existem vagas de trabalho depois. Desculpa? ‘Com nosso desenvolvimentismo as vagas surgirão’. Só dando risada.
Parece um high school ianque.