Racha na oposição evitou que fosse maior a queda da popularidade do Lula? – por Carlos Wagner
Insistência de Bolsonaro em virar “elegível” segurou o percentual antipetista
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A queda na popularidade do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 79 anos, só não foi maior porque a extrema direita, o centro e direita democrática estão rachados e não conseguiram indicar um candidato às eleições presidenciais de 2026.
E por uma dessas ironias da história, o racha que segurou a queda de Lula foi criado e vem sendo aprofundado pela insistência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), 69 anos, em tentar derrubar a sentença do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível até 2030.
E a de aprovar no Congresso um projeto de anistia para os bolsonaristas que participaram da tentativa de golpe de estado em 8 de janeiro de 2023, quando quebraram tudo que encontraram pela frente no Palácio do Planalto, no Congresso e no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília (DF). Vamos conversar sobre o assunto.
Antes, vamos contextualizar a história, como manda o manual do bom e velho jornalismo. Na sexta-feira (14/02), pesquisa do Datafolha mostrou que o índice de aprovação de Lula caiu de 35% para 24%. O pior resultado dos três governos do presidente (dois mandatos entre 2003 e 2011 e o atual, apelidado pela imprensa de Lula 3). A maior queda foi entre os eleitores do presidente.
O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom), Sidônio Palmeira, cita dois motivos que considera ser os principais que provocaram o tombo, que ele diz ter previsto. O primeiro é o caso do Pix, no início do ano. O governo informou que os bancos passariam a informar à Receita Federal as transações mensais com o Pix que somassem R$ 5 mil. Imediatamente, as redes sociais foram inundadas por uma enxurrada de fake news dizendo o governo iria cobrar impostos sobre o Pix.
Só para se ter uma ideia da enxurrada. Postagem do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), 28 anos, no seu perfil no Instagram, teve mais de 300 milhões de visualizações. No vídeo, o parlamentar levanta dúvidas sobre as intenções do governo na fiscalização do Pix. Tratei deste assunto no post que publiquei horas antes de sair o resultado da queda da popularidade de Lula com o título: Técnica de mentir de Trump será usada pela extrema direita em 2026 no Brasil.
O segundo motivo alegado por Sidônio para o tombo na popularidade do presidente é a inflação dos preços dos alimentos. Há dezenas de matérias, artigos e teses publicadas na internet sobre o assunto. Vou pegar um dos motivos da queda que passou batido pela imprensa. Lula é o primeiro presidente do Brasil que enfrenta uma oposição que opera uma eficiente e abrangente máquina de fake news, mentiras, para vender o seu peixe à população.
Tenho 75 anos e trabalho com jornalismo investigativo há mais de quatro décadas. Quem é oposição sempre tentou infiltrar notícias falsas nas redações. É do jogo. Mas não com o profissionalismo dos dias atuais. Essa profissionalização foi introduzida em 2016 por Steve Bannon, 71 anos, ex-assessor do presidente dos Estados Unidos Donald Trump (republicano), 78 anos – há muitas matérias publicadas sobre o assunto na internet.
O sistema de distribuição de fake news criado por Bannon foi responsável pela vitória de Trump nas eleições presidenciais americanas de 2016. Bolsonaro copiou e aperfeiçoou o sistema de Bannon e o usou para ganhar as eleições presidenciais brasileiras de 2018. E continuou a usá-lo durante o seu mandato, para atacar adversários políticos e desafetos.
Em 2020, Trump concorreu à reeleição e perdeu para Joe Biden (democrata), 81 anos. Durante o governo de Biden, Trump bateu em duas teclas: a primeira que seria o candidato a presidente do Partido Republicano em 2024. A segunda, que manteria funcionando a todo vapor a máquina de fake news contra a gestão democrata, espalhando mentiras sobre o presidente Biden, do tipo: “é amigo dos imigrantes ilegais, dos comunistas e defensor do aborto”.
A estratégia deu certo. Apesar dos democratas terem feito um bom governo, principalmente na questão econômica, nas eleições de 2024 Trump derrotou a vice-presidente Kamala Harris, 61 anos. Agora chegou a vez de Lula?
Fato é o seguinte. Desde que assumiu o governo, em 2023, o presidente tem estado sob fogo cerrado da máquina de fake news bolsonarista, que é manejada pelo Gabinete do Ódio, como a imprensa apelidou um grupo de pessoas que orbitavam ao redor do então presidente Bolsonaro. Já escrevi que a corrida para a disputa de 2026 começou no minuto seguinte ao término das eleições municipais de 2024.
Este é um dos motivos da troca do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), 59 anos, no comando da Secom, por Sidônio, que foi o marqueteiro de Lula na campanha para presidente. A ideia inicial do novo ministro era não deixar nenhuma fake news sem resposta. Mas é o seguinte. Uma abundância de pesquisas e artigos mostram que a mentira caminha mais rápida nas redes sociais que a verdade. A história do Pix é uma prova desta realidade.
A máquina de distribuição de fake news usa, para se alastrar, um sistema muito semelhante ao utilizado pelos movimentos de resistência dos países ocupados pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945). Ela se infiltra entre os leitores. Essa infiltração é facilitada porque é camuflada como se fosse um fato verdadeiro, quando se trata de uma distorção da verdade.
Lula tem tempo para se reorganizar e se recuperar do tombo na popularidade porque ainda não está definido quem será o seu principal adversário nas eleições presidenciais de 2026. Lembro aqui o que já falei. O caso das eleições americanas, em que os democratas conheceram o adversário que iriam enfrentar no minuto seguinte a Biden ter tomado posse. A fake news torna-se mais eficiente quando quem a espalha diz que o seu candidato faria melhor.
O fato é o seguinte. Atualmente, Bolsonaro é o único que tem peso político para disputar com Lula. Isso o mantém no centro das atenções da oposição. Caso as pesquisas indiquem outra pessoa com peso político para enfrentar Lula, a figura do ex-presidente começará a esmorecer.
Quais as chances disso acontecer? Como sempre digo. Se colocarmos em uma matéria uma previsão do que irá acontecer amanhã na política, as chances de estarmos errados são enormes. Portanto, é melhor esperar para ver.
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(*) O texto acima, reproduzido com autorização do autor, foi publicado originalmente no blog “Histórias Mal Contadas”, do jornalista Carlos Wagner.
SOBRE O AUTOR: Carlos Wagner é repórter, graduado em Comunicação Social – habilitação em Jornalismo, pela UFRGS. Trabalhou como repórter investigativo no jornal Zero Hora de 1983 a 2014. Recebeu 38 prêmios de Jornalismo, entre eles, sete Prêmios Esso regionais. Tem 17 livros publicados, como “País Bandido”. Aos 75 anos, foi homenageado no 12º encontro da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI), em 2017, SP.
Resumo da opera. Quem ve pode até achar que os maiores problemas do pais são resolver eleições e popularidade. Verdade é que ocorrem mudanças estruturais mundo afora e o pessoal da primeira guerra fria, a esquerda e a direita, chegou na hora de entregar o boné. Dar lugar para gente gente mais nova, mais adaptavel e sem os ranços da politica do antanho. Não só na marketagem, obvio.
Alas, antigo Ibope divulgou pesquisa onde 62% dos entrevistados afirmaram ser contra a tentativa de reeleição do Rato Rouco. 36% criticaram o trabalho feito. 20% fizeram alusões a honestidade. 17% citaram a velhice. E 11% acha que tres mandatos já chegam.
Cavalão vai ser julgado e condenado. Ninguem espera resultado diferente. Xandão comandando o circo num tribunal presidido pelo ‘nós derrotamos o cavalismo’. Midia legada vai tentar faturar o maximo em cima utilizando como cortina de fumaça. Presta atenção quem quiser.
Enquanto isto a midia legada, a extrema imprensa, fica chutando candidatos. Numa destas pesquisas saiu até o Helder Barbalho.
‘O fato é o seguinte. Atualmente, Bolsonaro é o único que tem peso político para disputar com Lula.’ Acho que não, saiu uma pesquisa destas e nela Rato Rouco perde para Cavalão e empata com Michele e Tarcisio.
Também não foi mencionado a transição da ‘picanha barata’ para ‘se estiver caro não compre’. Sem esquecer o filet mignon do Taxad.
Artista conseguiu cometer um texto analisando a queda de popularidade culpando todo mundo e sem mencionar preço dos combustiveis e inflação de alimentos.
‘[…] o racha que segurou a queda de Lula […]’. Até final de março sai o reajuste dos remédios. Vamos ver o ‘segurou’ então.
‘[…] não conseguiram indicar um candidato às eleições presidenciais de 2026.’ Sim, o certo era indicar o candidato agora e ficar ‘polarizando’ e acumulando rejeição até o ano que vem.