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Madame Marie de Flavigny – por Elen Biguelini

Fervorosa republicana na França, de vida agitada e grande obra literária

Marie Catherine Sophie de Flavigny (1805-1876) nasceu no último dia do ano de 1805, em Frankfurt, na Alemanha. Filha do Conde de Flavigny, Alexandre Victor François de Flavigny (1770-1819) e sua esposa Marie Elisabeth Bethamnn (1772-1819). Ela havia nascido na Alemanha pois seu pai era um nobre francês, que precisou fugir do país após a Revolução Francesa. Seus pais retornaram à França após seu nascimento, e lhe deram uma educação esmerada, tanto no francês quanto no alemão. Entre 1819 e 1821 teve acesso a educação em um convento, o que era prática de algumas famílias de alta nobreza e possessões durante este período.

Casou-se aos 22 anos, em 16 de maio de 1827 com o francês Conde de Agoult, Charles Louis Constant d’Agoult (1790-1875), passando a ser conhecida como Condessa de Agoult. Teve duas filhas com seu marido, mas apenas uma chegou a maioridade.

Além de um casamento, Marie de Flavigny teve um grande relacionamento amoroso, com o compositor e pianista  hungaro Franz Liszt (1790-1875). Ela fugiu do marido com seu amante em 1835, indo viajar com Liszt pela Italia. Teve três filhos desta união, dentre eles uma filha que posteriormente casou com o celebre compositor de óperas Wagner.

Em 1839, já sem o amante, ela retornou a Paris e começou sua carreira como escritora. Assinou com o pseudônimo Daniel Stern. Ela escreveu uma vasta obra, e algumas de suas cartas podem ser encontradas publicadas postumamente. Era amiga de outra autora do período, que escreveu sobre um pseudônimo masculino como forma de ser aceita, George Sand.

Escreveu uma grande quantidade de textos morais, históricos e políticos.

Sua primeira obra, “Nélida”, de 1846, é uma brincadeira com o nome de um filho perdido, Daniel.

Após 1839 também iniciou um importante salão, no qual grandes literatos e pensadores do período se reuniam. Não surpreende, então, que as ideias presentes em seus salões sejam refletidas na Revolução de 1848. (Nota-se que aqui referimos a segunda revolução francesa, a mesma que foi representada no clássico francês “Les Miserable”, de Victor Hugo). A autora pode ser definida como uma republicana fervorosa e defendia as causas desta nova revolução.

Faleceu em Paris em 5 de março de 1876, há quase exatos 149 anos.

Sua obra: (Lista retirada de “Destin de Femmes”, na Open Book Publishers.

“Valentia, Hervé, Julien” (1883)

“Nélida” (1846)

“La Boîte aux letres”(1883)

“Ninon au couvent, ou Il ne faut jamais manquer à ses amis” (, 1883)

“Letras Republicanas”, “Lettres républicaines” (1848)

“Esquisses morales et politiques” (1849)

“Florence et Turin: études d’art et de politique” (1862)

“Histoire de la Révolution de 1848” (1862)

“Essai sur la liberté considérée comme principe et fin de l’activité humaine” (1863)

“Dante et Goethe” (1866)

“Histoire des commencements de la république aux Pays-Bas” (1872)

“Esquisses Morales” (1880)

“Mes souvenirs, 1806–1833” (1880)

Póstumos:

d’Agoult, Marie. “Correspondance Générale”,  (Paris: H. Champion, 2003-)

“Mémoires (1833–1854)” (Paris: Calmann-Lévy, 1927)

Referências

Retrato de Marie de Flavigny. Acesso via: https://www.meisterdrucke.pt/impressoes-artisticas-sofisticadas/Henri-Lehmann/951346/Retrato-de-Marie-de-Flavigny-(1805-1876)-Condessa-d%27Agoult,-escritora-com-o-nome-de-Daniel-Stern,-companheiro-de-Liszt.-Pintura-de-Henri-Lehmann-(Karl-Ernest-(Ernst)-Rudolf-Heinrich-Salem-dit)-(1814-1882).html

Retrato da condessa com uma filha. Acesso via: https://www.artic.edu/artworks/244917/comtesse-charles-d-agoult-born-marie-de-flavigny-and-her-daughter-claire-d-agoult

“Árvore Genealógica de Marie de Flavigny”. Acesso via: https://gw.geneanet.org/fond33?lang=pt&n=de+flavigny&p=marie

“Destin de Femmes. Marie Catherine Sophie de Flavigny… “. Acesso via: https://books.openbookpublishers.com/10.11647/obp.0346/ch28.xhtml

“Marie de Flavigny, countess d’Agout”. Acesso via: https://www.britannica.com/biography/Marie-de-Flavigny-comtesse-dAgoult

Caretti, Samantha. “Marie de Flavigny, comtesse d’Agoult, Correspondance Générale”. Elseneur, 36. 2021. 161-172. Acesso via : http://journals.openedition.org/elseneur/351

Leitão Bandeira, Lourdes. “Salões culturais abertos por figuras femininas: O salão ‘Univeristas Gratie’”. Lisboa: Carvalho e Simões Lda, 2006. P. 130.

(*) Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.

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