Reflexos acerca do Carnaval e da Guerra – por Elen Biguelini
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Este final de semana é uma celebração no Brasil. Bloquinhos de carnaval por todo lado, fantasias de carnaval nos lugares mais inusitados, cantos de “Anistia não”, ao mesmo tempo em que o mundo acompanha de olhos arregalados um fiasco de relações internacionais. E ao mesmo tempo de tudo, hoje temos festa de Oscar em que podemos sair com estatuetas.
É um final de semana que para uns passará batido, enquanto outros estarão completamente envoltos ou em festa ou em conflitos.
A situação nos faz raciocinar sobre a história da humanidade e como acontecimentos banais acontecem ao mesmo tempo que eventos de relevância internacional. No mesmo momento em que se inicia uma guerra, nasce uma criança. Falece um idoso enquanto em outro canto finaliza uma competição mundial de algum esporte.
As sociedades como um todo sobrevivem…
É engraçado como isto comprova e refuta a necessidade humana de dicotomizar as situações. O preto e o branco, o bom e o mal, o nascer e o morrer, etc. Porque ainda que tenhamos esta tendência em dividir tudo em dois opostos, na verdade tudo existe em multiplicidade. Entre o preto e o branco: o cinza. Entre o bem e o mal: a neutralidade. Entre o nascer e o morrer: a vida.
As festas do Carnaval brasileiro são mais um exemplo disto. Enquanto a festa se opõe a guerra; enquanto serve de “circo” para um possível conflito iminente, é também espaço de crítica social. Tradicionalmente os mesmos blocos de marchinha que tiram de nossas mentes a situação política mundial, berram pedidos amargos de justiça. A mesma escola de samba que usa brilhos e paetês, chora em música a dor dos escravizados.
E assim, entre risos e lamentos passamos mais um carnaval, observamos com olhos atentos as coloridas fantasias e ouvimos com ouvidos apreensivos as notícias internacionais.
Que este domingo traga um Oscar, mas também conversas de paz. Que tenhamos todos um final de semana de alegrias.
(*) Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.
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