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Cuidado. Olha aí o monopólio. Abril toma conta do mercado de distribuição de revistas

Certa feita, não faz muito, o professor e escritor Orlando Fonseca, olhou-me lendo a Veja, num consultório. E a edição era daquela semana, aliás. Nem precisou perguntar: me adiantei. E disse: “adoro sofrer”. Sim, porque a publicação da Editora Abril, outrora um grande veículo de comunicação, com reportagens (vou repetir, reportagens), hoje é apenas um veículo grande de comunicação, transformado em cartapácio de artigos de opinião. Não gosto da atual Veja, mas a leio. E, pior, pago (e bem caro) por isso.

 

Pois a edição que está hoje nas bancas atrasou. Somente na manhã desta segunda-feira estava disponível aos assinantes em Santa Maria. Não sei a causa. Provavelmente técnica. Ou outra, independente da vontade dos editores. De qualquer maneira, o atraso não me atrapalhou. E já dei uma “folheada”. Nada de interessante, de novo.  Mas o fato me levou a imaginar o que acontecerá quando a Abril consumar o negócio feito há poucos dias, que a transforma em monopolista, também, na distribuição de revistas no Brasil.

 

Sim, isso acontecerá. É bom para o consumidor? Não terá ela o poder de impedir a concorrência de chegar no dia certo ao seu leitor. Hein? Pois bem, para refletir comigo, leia o que escreve Daniela Alarcon, em reportagem publicada no site especializado Observatório da Imprensa. A seguir:

 

“MERCADO EDITORIAL – Grupo Abril detém monopólio na distribuição de revistas

…O oligopólio da distribuição de revistas no Brasil está prestes a se converter em monopólio. As duas empresas que dominam o mercado – Dinap e Fernando Chinaglia – anunciaram que vão se fundir, originando uma nova distribuidora, a Treelog S/A. Hoje, a Dinap é responsável por cerca de 70% do mercado, e os outros 30% cabem à Chinaglia. A fusão foi anunciada há em 11 de outubro, pela revista Imprensa. No mesmo dia, o Grupo Abril, acionista majoritário da Dinap, emitiu um comunicado confirmando a operação.

Tão logo foi anunciada publicamente, a compra da Chinaglia pela Dinap despertou preocupação naqueles que trabalham no mercado editorial. “Essa compra vai matar uma série de editoras que concorrem com a Abril em algum nível, vai eliminar do mercado as pequenas editoras”, avalia Renato Rovai, publisher da revista Fórum.

“Não acreditamos que o negócio foi feito para prejudicar alguém. Mesmo assim, a concentração de distribuição em um único grupo é preocupante, pois os outros editores acabam por se tornar reféns e não há pluralidade”, afirma Hercílio de Lourenzi, presidente da Editora Escala, que edita cerca de 150 publicações por mês, distribuídas atualmente pela Fernando Chinaglia.

Hoje, as principais revistas semanais – como a Época e a Carta Capital, que disputam mercado com a Veja, da Abril – são distribuídas pela Chinaglia. Com o monopólio da mais poderosa editora de revistas do país no setor de distribuição, o que acontecerá com elas?

Ditadura das bancas

A situação, que tende a piorar, já não é um mar de rosas. Pequenas revistas e jornais – em especial os considerados “de esquerda” – caminham há anos na corda bamba. Para que a Fernando Chinaglia aceitasse distribuir o jornal Brasil de Fato, por exemplo, foram necessárias “articulações políticas” junto ao dono da empresa, lembra o editor do jornal, Nilton Viana. À época, o Brasil de Fato acabara de rescindir o contrato com a São Paulo Distribuição e Logística, distribuidora dos grupos Estado e Folha e que atende alguns poucos clientes. 

“Na primeira semana de publicação, o jornal havia esgotado em cidades como Santos e Campinas. Na semana seguinte, a São Paulo Distribuição não mandou o jornal para essas cidades, argumentando que estavam com problemas na região. Aos poucos, percebemos que era um boicote: isso ocorria sistematicamente em todas regiões onde a venda do jornal era boa”, diz Viana.

Para Rovai, da Fórum, a justificativa das empresas para não distribuir uma revista “nunca foi política ou editorial: vem travestida de argumentos técnicos”. Quando da criação da Fórum, ele procurou a Dinap, que exigiu um reparte mínimo para venda em banca. “A tiragem mínima exigida por eles é proibitiva para revistas que não são de caráter comercial. Eles criam uma linha de corte para quem eles não consideram conveniente distribuir, por motivos comerciais ou… “

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui a reportagem “MERCADO EDITORIAL – Grupo Abril detém monopólio na distribuição de revistas”, de Daniela Alarcon, publicada pelo Observatório da Imprensa.

 

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