UFSM: entre o discurso ideológico e o desenvolvimento que não acontece – por Giuseppe Riesgo
Tudo bem serem de esquerda; faz parte do jogo democrático. Problema é outro

A eleição para a Reitoria da UFSM escancarou uma verdade incômoda: a maior instituição de ensino da nossa cidade está desconectada da realidade de Santa Maria.
As duas chapas que disputam o comando da universidade fazem questão de repetir os mesmos discursos ideológicos de sempre. Tudo bem serem de esquerda, isso faz parte do jogo democrático. O problema é outro: a omissão completa diante dos erros do governo Lula. Mesmo com cortes orçamentários e promessas não cumpridas, ninguém se atreve a criticar. Parece que a UFSM virou uma extensão do Planalto, e não uma universidade autônoma.
Enquanto isso, Santa Maria segue perdendo oportunidades. Perdemos a fábrica de elevadores. Perdemos a escola de sargentos. E, em vez de liderar a defesa dos interesses da cidade, a universidade se recolhe ao silêncio ou ao ativismo político.
A UFSM precisa voltar a cumprir seu papel estratégico. Tem que ser protagonista do desenvolvimento regional, formar lideranças para o agro, para a indústria, para o comércio, para a tecnologia. Tem que gerar soluções, startups, inovações e não militantes partidários.
Foi com espírito empreendedor que Mariano da Rocha criou a universidade. E é esse espírito que precisa ser recuperado. A UFSM tem que ser um espaço de pensamento crítico, sim. Um pensamento que não tenha medo de apontar os erros, mesmo que venham do governo “amigo”.
Santa Maria tem potencial de sobra. Falta coragem de quem deveria estar à frente para transformar discurso em resultado. A próxima gestão da universidade precisa olhar menos para Brasília e mais para a realidade local, onde o emprego e o desenvolvimento acontecem ou deixam de acontecer.
Seja quem for o próximo reitor, que entenda isso: a UFSM não pode mais ser uma bolha. Precisa ser uma aliada de verdade na construção do futuro da nossa cidade.
(*) Giuseppe Riesgo é secretário de Parcerias da Prefeitura de Porto Alegre e ex-deputado estadual pelo partido Novo. Ele escreve no site às quintas-feiras.
Resumo da opera III. Esquerda é um problema que se resolve sozinho. Com choro e ranger de dentes para os que não aderem ao ‘ideário’.
Resumo da opera II. Se o texto fosse publicado anos atras não necessitaria de grandes alterações. O que indica varios problemas.
Resumo da opera. Universidade precisam de uma reforma universitaria. Ninguem quer comprar a briga, logo sera necessaria uma crise.
‘[…] a UFSM não pode mais ser uma bolha. Precisa ser uma aliada de verdade na construção do futuro da nossa cidade.’ Faltam lideranças na cidade. Não adianta procurar onde não existem. Ponto importante: liderar é diferente de ocupar cargo. Porque se o mesmo existe alguém vai ocupar. Não existe cabide vazio.
‘[…] que entenda isso: a UFSM não pode mais ser uma bolha.’ Problema é que UFSM é uma universidade no interior no começo da metade sul do RS. Nas capitais as Federais não tem tanto peso. Alas, outro efeito colateral, antigamente a população da cidade era menor, o cargo no magisterio da Universidade dava um status maior. Principalmente porque vinha muita gente de fora do pais. Este tempo já passou.
‘[…] onde o emprego e o desenvolvimento acontecem ou deixam de acontecer.’ Vão mencionar incubadoras, etc. ‘Ja estamos fazendo nossa parte’. Mais provavel que de em nada alem da marketagem. Total zero, não é função da UFSM, A cidade é que tem que se encontrar. Problema é que as forças vivas são moscas mortas.
‘ A próxima gestão da universidade precisa olhar menos para Brasília e mais para a realidade local, […]’. Nas duas chapas todos são, obviamente, servidores publicos. O mundinho deles é a UFSM. Nem ela vão ‘revolucionar’. A burocracia e a estrutra interna são feudais. Reitor(a) é um(a) função gratificada. Não consegue ‘demitir’ um diretor de centro (ou uma diretora), um(a) coordenador(a) de curso ou criar/extinguir um grupo de pesquisa. Ou um projeto de extensão.
‘Falta coragem de quem deveria estar à frente para transformar discurso em resultado.’ Falta capacidade, disposição para o sacrificio e ‘querer se incomodar’.
‘Santa Maria tem potencial de sobra.’ Outra palavra bonita que virou moda na aldeia. ‘Potencial’. A imbecilidade do ‘pertencimento’ deu uma folga. ‘Potencial’ é um conceito vago que transmite a ideia de que a cidade pode ser qualquer coisa que desejar ser. Lembra o ‘pais do futuro’ do Brasil. Também sugere que ‘está tudo aí, basta querer ou alguém tomar as redeas’. Preferencialmente alguém de fora. IOs problemas estão aqui, a cidade é cheia de ‘3,141592kas das galaxias’, mas não consegue se resolver.
Decadas atras a UFRGS criou o mestrado em informatica. Dali sairam Ricardo Felizzola que junto com Luiz Gerbase (com os mesmos cursos) fundaram a Altus. Chegaram a lecionar na universidade. Outro oriundo do curso de engenharia, mecanico e eletricista, Paulo Renato Ketzer de Souza, fundou a Parks. Também foi professor na UFRGS. Aqui na aldeia o exemplo é Odilo Pedro Marion. Lecionou na UFSM e acabou fundando a Agrimec.
‘Foi com espírito empreendedor que Mariano da Rocha criou a universidade. E é esse espírito que precisa ser recuperado.’ Para não ficar na catação de milho. João Daut Filho. Formou-se na Faculdade de Farmácia do RJ. Voltou para a aldeia, importação de cerebro, e fundou o primeiro laboratorio farmaceutico do pais em 1882. Em 1983 transferiu a empresa para POA. Ajudou a criar a Escola Livre de Farmacia e Quimica Industrial que depois se tornaria a Faculdade de Medicina e Farmácia. Em 1904 João Daut se mudou para o RJ. Empresa foi adquirida em 2016 pela Megalabs.
‘Tem que ser protagonista do desenvolvimento regional, […]’. Não é esta a função da UFSM ou qualquer instituição semelhante. Estrutura é um dos ingredientes. Mentalidade é outra. Pesquisadores até se dispõe, aposto, a solucionar problemas reais. Mas vai ter que pingar uma beirada, se tem lucro tem que ter beirada e pagamento dos custos. Caso contrario vão continuar a cuidar da carreira, afinal publicar é viver. Garante bolsas de BSB. São os incentivos.
Não ‘perdemos’ fabrica de elevadores ou escola de sargentos por um motivo simples: nunca foram da cidade. SM esta presa numa marketagem que nunca entrega o produto. De parque tecnologico a arranjos produtivos locais. Passando pelo turismo. Motivo simples: não consegue.