Caso Dantas. Quero saber quais jornalistas receberam propinas do banqueiro. Cadê a Fenaj?
Noticiei na madrugada de ontem, nota originalmente publicada por Luis Nassif, com base em reportagem do jornal O Globo. Através dela, se fica sabendo que documentos apreendidos na Operação Satiagraha apontam a existência de um esquema de propinas que totalizava R$ 18 milhões e beneficiava políticos, juizes e jornalistas.
Como profissional, devo dizer que não recebi propina alguma – e sinto minha reputação manchada. E estou estranhando que, até agora, salvo engano, nenhum sindicato de jornalistas, nem a Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ) ainda veio a público para exigir que se digam quais foram os que receberam esse troco para facilitar a vida do megavigarista Daniel Dantas. Inclusive para preservar o todo, essas batatas podres precisam ser tiradas do saco. Ou não?
A propósito do assunto, embora não tenha minha compreensão nem aprovação integral, vale a pena ler texto publicado pelo jornalista Carlos Brickmann, na coluna Circo da Notícia, editada no sítio especializado Observatório da Imprensa. A seguir:
Atenção: está sobrando para nós
O delegado Amaro investiga o delegado Protógenes que investiga o banqueiro Daniel Dantas, e o delegado Saadi investiga simultaneamente o delegado Protógenes e o banqueiro Dantas. Quem perde nessas brigas de Polícia Federal?
Bingo: nós, jornalistas. A Federal vaza mais do que cárter furado e a culpa é dos jornalistas que fazem reportagem a partir dos vazamentos (ou que simplesmente transformam os vazamentos em reportagens não-checadas). Já houve interceptação de telefones de jornalistas, já houve tentativa de prender uma jornalista, há insinuações, tanto de policiais federais como de colunistas de outras tendências, de que repórter que não concorda com eles certamente recebeu algo em troca. Divergência de opinião? Tudo besteira: no submundo da troca de vazamentos por reportagens, acredita-se que quem não foi comprado está vendido.
O problema não é de agora, nem surgiu com o caso Dantas. Já vinha acontecendo há algum tempo (e este próprio Observatório da Imprensa acompanhou muitos episódios): o jornalista não pode se afastar das fontes a ponto de perder a informação, nem pode se aproximar delas a ponto de ser contaminado.
Mas agora o problema se agravou: Dantas tem poder e dinheiro para reagir, tem conexões políticas, tem excelente estrutura jurídica. Mas, ao longo de sua carreira, juntou inimigos poderosos (com alguns dos quais conseguiu se compor, mas não com todos), também dotados de dinheiro, estrutura e conexões políticas, e movidos por incansável espírito de luta. E, nos dois lados, a vontade permanente de esmagar quem estiver em seu caminho, sejam ou não jornalistas.
Vale a pena debater esse tipo de problema, antes que os inimigos que gostariam de transformar-nos em vítimas alcancem seus objetivos. Há várias entidades do setor, sindicais ou patronais, associações setoriais, que poderiam encabeçar discussões sobre o assunto. Alguém precisa lembrar que jornalista existe para relatar o jogo, não para entrar em campo…
SUGESTÕES DE LEITURA – confira aqui a íntegra da coluna Circo da Notícia, da Carlos Brickmann, no sítio especializado Observatório da Imprensa.
Leia também a nota Caso Dantas. Megavigarista e a propina de R$ 18 milhões a políticos, juizes e… jornalistas, que publiquei na madrugada passada.
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