Senado. E diziam que a esbórnia era apenas, e tão somente, na Câmara dos Deputados!
Já perguntei aqui, há alguns dias, e bem provocativamente, se alguém sabia quem era o primeiro suplente de cada um dos senadores gaúchos. Eu próprio reconhecia a minha ignorância, tendo a certeza apenas acerca do segundo do peemedebista Pedro Simon (o vereador porto-alegrense do PTB, Elói Guimarães). E uma quaaase certeza, mas não muita convicção, acerca do suplente do petebista Sérgio Zambiasi (Cláudio Monfrói, dirigente da sigla no Estado). E total ignorância acerca do substituto eventual de Paulo Paim, do PT.
O Senado, inclusive por força da legislação (que, nunca é demais esquecer, constitui tarefa dos legisladores, e não do Judiciário, do Executivo ou das flores que cercam o Congresso), tem essa peculiaridade abominável. Os suplentes (e o Rio Grande do Sul ainda é uma saudável exceção, mas nem tanto) são escolhidos para compor politicamente. Mas não é a regra. Antes, são definidos pelo titular. E tanto podem ser parentes (como o filho de Antonio Carlos Magalhães, na Bahia) ou até financiadores de campanha, como o engraçado (ridículo?) Wellington Salgado, suplente do atual ministro das Telecomunicações, Hélio Gosta, de Minas Gerais. Ou, ainda, Pedro Piva, que virou senador quando José Serra se afastou para ser ministro da Saúde de Fernando Henrique Cardoso.
Mas, curiosamente, isso nem era tão importante assim. Ou não era notado pela opinião pública, menos ainda pela mídia grandona (ou pela que se acha). Só agora, com a sucessão de escândalos, e a transformação do chamado Conselho de Ética do Senado (que sequer regimento tem) em depósito de suplentes, que nele são maioria, é que a chamada Câmara Alta revelou-se, incrivelmente, pior que a baixa, no caso, a Câmara dos Deputados. Nesta, bem maior, pelo menos o Conselho, com todas as suas imperfeições, consegue funcionar. E até mesmo a absolvição de sanguessugas e outros se deu pelo plenário. E não pelo Conselho.
Pois é. Pois é. Por conta disso, e fugindo um pouco às características atuais desta (nem sempre) humilde página de internet, em vez de simplesmente sugerir a leitura, passo a reproduzir interessante nota da comentarista da rádio CBN, a cientista política Lucia Hippolito. Confira, que vale a pena. A seguir:
Mistério ronda o Senado da República
Nesta crise, o Senado tem sido dominado pelo baixo clero, povoado de não-entidades.
Ora são suplentes, os sem-voto, como Sibá Machado (AC), Wellington Salgado (MG) e Adelmir Santana (DF), entre outros não-votados, ora são senadores provincianos enredados com a Justiça como Joaquim Roriz (DF, Leomar Quintanilha (TO) e Romero Jucá (RR), entre outros indiciados.
O baixo clero age em conjunto, recebe a adesão de figuras folclóricas como Almeida Lima (SE) e segue as orientações da brava líder do PT, senadora petista Ideli Salvati (SC).
Mas o que está acontecendo com o colégio dos cardeais do Senado?
ACM e Cafeteira estão no estaleiro (e são aliados de Renan Calheiros), Sarney está mudo, assim como sua filha, a senadora Roseana.
Onde andam Aloísio Mercadante, Tasso Jereissati, Patrícia Saboya, Francisco Dornelles, César Borges, Efraim Morais, Cristóvam Buarque, Gerson Camatta, Eliseu Resende, Delcídio Amaral, Marco Maciel, Sérgio Guerra, Heráclito Fortes? Enfim, o que está acontecendo com as principais lideranças do Senado?
Acoelhados diante da tropa de choque renanzista. Assistindo de braços cruzados à desmoralização galopante do Senado da República.
Só se ouve aqui e ali uma ou outra voz, como as de Jarbas, Agripino, Pedro Simon, Demóstenes, Jefferson Perez, Renato Casagrande, Suplicy.
O fato é que o colégio de cardeais tem número e legitimidade suficientes para formar uma comissão e comunicar ao senador Renan Calheiros que ele não tem mais condições de presidir o Senado da República.
Que segredos o senador Renan Calheiros guarda contra esses senadores, que os mantém manietados, diante do descalabro que está acontecendo?
O Senado da República, uma das instituições mais importantes do país, está-se esfarinhando diante dos nossos olhos.
Esses senadores que aí estão poderão continuar sendo reeleitos, confiando em seus currais eleitorais, mas a História não os perdoará
SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui outras notas publicadas pela cientista política Lucia Hippolito.
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