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UDESSM. Conselho da UFSM autoriza funcionamento dos cursos de Silveira Martins no campus de Sta Maria

POR MAIQUEL ROSAURO

A história da UDESSM está chegando ao fim. E sobram críticas ao planejamento da UFSM. Confira na matéria de Fritz Nunes, da assessoria de imprensa da SEDUFSM:

CEPE finaliza um capítulo da expansão através da Udessm

Cursos da UFSM estão se retirando do município da Quarta Colônia
Conforme dados da UFSM, 90% dos acadêmicos da UDESSM seriam de Santa Maria

Os membros do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da UFSM autorizaram, na manhã desta sexta, 5, durante sessão extraordinária, que os cinco cursos da Unidade Descentralizada de Ensino Superior de Silveira Martins (UDESSM) podem funcionar no campus-sede, em Santa Maria. A decisão encerra um capítulo de uma novela que ainda se estende até os dias de hoje, que se refere ao projeto de expansão de ensino superior federal, através do Programa Reuni, que sempre foi criticado pelo movimento sindical docente pela forma de implantação, verticalizada e sem planejamento, gerando precariedades que causam efeitos até hoje, não apenas em Silveira Martins, mas em outras extensões da UFSM, como em Palmeira das Missões e Frederico Westphalen, e em outras universidades, entre elas, a Unipampa.

Os números mostram de forma clara que a tentativa de implantar a UDESSM não foi bem sucedida. Conforme o reitor Paulo Burmann, a estrutura da Unidade, hoje abrigada no que antes fora o Colégio Bom Conselho, prédio tombado pelo município de Silveira Martins, comportaria até mil estudantes. No entanto, os dados mais recentes mostram que houve cerca de 300 matriculados este semestre e, atualmente, cerca de 180 estariam efetivamente cursando. Desse total de acadêmicos, 90% moram em Santa Maria, percentual também parecido em relação aos servidores daquela Unidade, o que obriga a instituição a providenciar ônibus gratuito – pelo menos dois – para o transporte das pessoas para aquele local.

Burmann destacou durante o extenso debate desta manhã, que as mudanças em relação à UDESSM vêm sendo debatidas desde 2014 e atendem a um princípio de racionalidade administrativa. Segundo o reitor, a tentativa de criação da Unidade naquele município foi válida, mas na prática teria ficado demonstrado que o impacto não foi o esperado. Ainda segundo ele, o próprio MEC resistiu inicialmente a essa remodelação da Unidade, mas que teria sido convencido após os argumentos usados pela Administração de que não haverá fechamento de vagas e, portanto, os acadêmicos não sofreriam prejuízo.

Estudantes se manifestam por mudança
Durante a reunião desta sexta, estudantes da Unidade se manifestaram junto ao Conselho de forma favorável à transferência dos cinco cursos, que passarão a ser abrigadas em Unidades similares às suas origens. Dois cursos integrarão o Centro de Ciências Rurais, dois farão parte da estrutura do Centro de Ciências Rurais e um será integrado ao Colégio Politécnico. A defesa dessa mudança foi encampada pelo Diretório Central de Estudantes (DCE), que através de uma de suas representantes, Carolina Rothmann, argumentou de forma favorável à transferência.

A acadêmica e representante do DCE leu, inclusive, trechos de uma carta elaborada pelos estudantes da UDESSM, em que são relatadas diversas formas de precariedades, como as más condições do transporte até a localidade, a carência de políticas de acesso e permanência, incluindo a falta de restaurante universitário e de moradia estudantil, a insuficiência da biblioteca, a falta de acesso para portadores de necessidades especiais ao prédio, etc.

Críticas
Durante o debate que antecedeu à aprovação do parecer elaborado pela Comissão de Legislação e Normas do CEPE, algumas ponderações críticas foram feitas. O professor Rosalvo Sawitzki, do Centro de Educação e Física e Desportos, ressaltou que legalmente a transferência dos cursos está correta, mas que era preciso refletir sobre a conveniência de fazê-lo. Para ele, a universidade não pode trabalhar apenas sob a ótica de receita e despesa, mas pensar que é importante ter os cursos próximos à comunidade.

Marlon Maciel, da Unidade da UFSM em Palmeira das Missões, fez uma fala para destacar os equívocos da expansão que, segundo ele, não se referem apenas à Silveira Martins, mas também às demais extensões da instituição.

Alguns membros do CEPE também levantaram questionamentos quanto à forma como os cinco cursos da UDESSM serão incorporados à estrutura de Santa Maria. Conforme os argumentos de alguns deles, a situação seria temporária e que ainda necessitaria de um posicionamento dos conselhos das Unidades envolvidas. Em relação a isso, o reitor disse que as questões administrativas são tratadas com as direções das Unidades e que essas foram consultadas e se manifestaram favoráveis.

Burmann enfatizou que é preciso pensar na instituição como um todo e não em questões localizadas. “Os prédios, as salas de aula, são da instituição e não propriedade particular”, afirmou com ênfase. A fala do reitor foi reforçada pela do vice, Paulo Bayard, que afirmou que cabe ao CEPE apenas autorizar o funcionamento dos cursos, e ao Conselho Universitário debater a questão administrativa.

Diante dos questionamentos, o reitor também disse que os cursos serão integrados às Unidades do campus-sede e que isso será feito em parceria para que tudo seja encaminhado de uma forma harmônica. No caso de haver rejeição a essas mudanças, Paulo Burmann lembrou que a estrutura da UDESSM permanecerá e, que, portanto, existe a possibilidade de se voltar ao quadro atual. Sobre o futuro das instalação em Silveira Martins, o reitor destacou que já existem cursos de pós-graduação interessados em atuar no local e que se pensa também na criação de um centro de convenções regional.

Sedufsm
A Seção Sindical dos Docentes da UFSM (Sedufsm) tem posição crítica ao programa de expansão federal, o Reuni, implantado a partir de 2007. Contudo, a entidade sempre se posicionou, não contra a expansão em si, bandeira histórica do sindicalismo, mas sim contra o planejamento desordenado e a precarização. Quando do início das discussões, em 2014, sobre a possibilidade de transferência dos cursos ou mesmo fechamento da UDESSM, o sindicato se fez presente. No dia 17 de agosto de 2014, dois diretores da entidade participaram de uma reunião com professores da Unidade no sentido de ouvir e prestar apoio aos profissionais.

Na sequência a esse diálogo com os docentes, a diretoria da Sedufsm se reuniu, no dia 22 de agosto de 2014, com o vice-reitor, professor Paulo Bayard, relatando a conversa realizada em Silveira Martins e ressaltando o pedido para que, antes de qualquer decisão a ser tomada em relação ao futuro da Unidade, os professores fossem ouvidos. Para saber mais sobre essas duas reuniões, clique aqui e aqui.

Leia também o material de divulgação da UFSM a respeito da decisão tomada pelo CEPE nesta sexta-feira.

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6 Comentários

  1. A UFSM escolheu a pior cidade da Quarta Colônia para um Campus.
    Um final de linha de ônibus, não tem posto de combustível funcional no final de semana…
    Faxinal do Soturno deveria ter sido escolhida, por lá passam linhas para Nova Palma/Pinhal Grande, Agudo/Dona Francisca, poderiam melhorar linha interna com Restinga Seca, com Silveira Martins,…
    UDESM sempre foi um projeto natimorto, gastaram rios de dinheiro e agora falta na UFSM.

  2. Gastaram recursos, construiram coisas que a partir de agora terão uso reduzido.
    E dá-le cortes no Campus. Nesta semana cortaram bolsas de iniciação científica. Dezenas.
    Será que terminam as obras inciadas em Silveira Martins?
    A UDESM serviu para colocar, mediante concurso, um monte de gente na UFSM Camobi.
    Um desrespeito com alunos que alugaram imóveis em Silveira Martins.
    Agora dezenas de professores serão lotados na UFSM.
    Durante meses eles não cumpriram as 40 (QUARENTA) horas na UDESM, não moravam lá, no máximo ficavam as manhãs por lá.

  3. Uma pena, deveriam ter colocado só cursos de graduação noturnos, para contemplar a população local que trabalha.

  4. Tudo pode e deve ser reavaliado a qualquer momento, e se não deu certo, é preciso tomar novas medidas, sem medo de ser feliz.

  5. Bueno, para começo de conversa a expansão foi feita quando Felipe Muller era reitor. Parte da conta é dele, mas não fez sozinho, foi aprovado nas instâncias competente da UFSM. Outro aspecto, bastante óbvio por sinal, é a crítica que deve ser feita no momento propício. Lá atrás, quando começaram os movimentos a grande maioria achou o máximo, muito poucos os que criticaram.
    Aí entra a política na história, na UFSM porque se aproxima uma campanha eleitoral. Em Silveira Martins, idem. O objetivo da unidade em Silveira é o mesmo da que existe em Cachoeira (que não se sabe como está), pegar um pedaço da universidade para “ativar a economia da cidade” como ocorre em Santa Maria. Mas se os alunos, funcionários e professores continuam morando aqui, não aumenta a circulação de dinheiro por lá, logo não funciona. E o prejuízo de criar oferta onde não existe demanda, de quem é? Do erário. Gastam mal o dinheiro e reclamam que ele não vem de Brasília.
    O colégio e o terreno foram doados à UFSM, mas é tombado pelo município. Não sei como fica a situação jurídica, mas as despesas de conservação passaram para a União. Transformar em centro de convenções, além da falta de dinheiro, é criar oferta onde não existe demanda. A região toda tem problema de logística, chegar aqui é difícil. Pós-graduações devem estar brigando por uma viagem mais longa, têm as mesmas características da graduação, só que o público é menor. Há quem fale em “instituto de estudos avançados”, tira-se um professor concursado e qualificado de sala de aula para pensar na morte da bezerra. Depois ocorre concurso para um substituto carregar o piano. Sociedade paga a conta, óbvio.
    Colégio de aplicação só com ensino fundamental teria os mesmos problemas da graduação. Parque tecnológico, incubadora, também têm seus problemas. Saída seria algo atrativo sem nada semelhante ou substituto na sede, algo diferente, um hospital de clínicas talvez. Mas sem grana é difícil.

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