PRESÍDIOS. Compreenda como agem as facções
POR MAIQUEL ROSAURO
O jornalista Carlos Wagner traçou em seu blog um interessante paralelo entre as facções que agem nos presídios nacionais e o Estado Islâmico. Ambos se utilizam de crimes bárbaros e das redes sociais para espalhar o pavor entre seus inimigos. Confira abaixo:
Facções criminosas do Brasil usam o estilo do Estado Islâmico para matar seus inimigos
A degola e o esquartejamento do inimigo, transformados em espetáculo nas redes sociais pelo Estado Islâmico (EI) para espalhar pavor entre seus inimigos, foram adotados como métodos de execução pelas facções criminosas brasileiras que estão em guerra aberta pelo controle do comércio de drogas (e das cadeias) no país.
A morte de maneira cruel foi a marca registrada dos recentes confrontos nas penitenciárias da Região Norte envolvendo integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, e seus inimigos do Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, estes aliados ao Famílias do Norte (FDN): foram 56 mortes no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compag) de Manaus (AM), e 31 mortes na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC), em Boa Vista (RR).
A influência da maneira de agir do EI não começou agora. Ela pôde ser notada nos últimos 15 meses, por exemplo, em Porto Alegre (RS), onde o Diário Gaúcho (DG) têm noticiado casos de degola e de esquartejamento entre criminosos de quadrilhas rivais. Na edição de hoje do DG, o repórter Eduardo Torres publicou uma reportagem dando conta que no período foram 16 decapitações e apenas um inquérito concluído.
Há dezenas de vídeos das execuções feitas pelo Estado Islâmico nas redes. Ao assistir aos vídeos publicados sobre as mortes em Manaus e Boa Vista, a ligação com o EI é automática na cabeça de muitos, ouvi de um especialista.
O Estado Islâmico não inventou a degola ou o esquartejamento. São duas maneiras de matar seculares, presentes ao longo da trajetória da humanidade. No Rio Grande do Sul, nos tempos das revoltas civis, sobretudo na Revolução Federalista (1893-95), a degola foi amplamente utilizada por todos os lados em combate.
O que acontece é que o EI usa com muita competência as redes sociais para divulgar os seus massacres. E graças ao barateamento do uso da internet, os vídeos circulam o mundo com imensa rapidez, como foi o caso das mortes em Manaus e Boa Vista.
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O assunto é tratado de forma superficial geralmente. Meados do ano passado, um traficante é assassinado no Paraguai. Principal intermediário entre os produtores (Bolivia e outros) e as facções criminosas. Canal servia para armas também. PCC assumiu a rota, daí inicou a guerra. Envolvimentos múltiplos no assunto, desde dissidencias das FARC e até falam no Hamas (por causa das armas).
Existe até uma ideologia de esquerda no meio do crime. Logo estes mutirões para soltar mais marginais é um paliativo baseado em preconceitos da comunidade jurídica. Pode até ter efeitos secundários, como o aumento de linchamentos por exemplo.