ELEIÇÕES 2018. Huck, Dória e Bolsonaro causam delírios na Direita brasileira e vertigem na Esquerda
Por LUIZ COSTA PINTO, com montagem de reprodução, originalmente publicado no portal PODER360
Em condições normais de temperatura e pressão dir-se-ia, a contemplar o calendário político brasileiro, que 2018 está no dobrar da esquina. O ar rarefeito do Brasil da Lava Jato, contudo, põe-nos ao relento sob condições inauditas –uma atmosfera densa capaz de esmagar ossos, ferver sangue e liquefazer mucosas e um calor sufocante acima dos 50º. Sendo assim, a eleição do próximo ano é uma miragem. Para alguns, motivo até de vertigem.
Dadas as condições, começam a saltitar na savana brasiliense, ecossistema dominado pela paisagem de vastas extensões de capim entremeado por tufos de grama esmeralda e barro vermelho, alguns animais exóticos.
O mais conhecido deles, motivador de fã-clubes e detentor de um séquito que o segue como uma alcateia de hienas corre atrás do macho-alfa, é Jair Bolsonaro. Animal conhecido pela ferocidade inversamente proporcional à inteligência e por se alimentar de carcaças caçadas pelos outros –por exemplo, um Brasil golpeado por “mbl’s” e “vpr’s” da vida, sodomizado por percevejos e rapinado por tucanos– a hiena tem uma pelagem que cai bem em Bolsonaro. Posto à prova, fenecerá. Sairá por aí chorando e suas lamúrias serão confundidas com gargalhadas. Foi criado no combate a leões desdentados. Num jogo à vera, cai.
Posicionando-se como uma espécie de Trump tupiniquim, ensaiando um discurso histriônico com pinceladas messiânicas de quem se crê ungido pelo Divino para salvar o país, João Doria é um galimimo travestido de tucano. Se a pelagem que habita não estiver adequada até o fim de setembro, lança-a ao leu e assume-se o dinossauro ancestral dos avestruzes que é.
O nome dos galimimos (Gallimimus bullatos) vem de “imitação de galinha”. Esses seres corriam a até 70 km/h, o que os faria capazes de desfilar nas marginais do Tietê e do Pinheiros sem risco de levar multas. Até há pouco pensava-se serem herbívoros, mas hoje sabe-se que eram onívoros. Ou sejam, alimentavam-se de vegetais e de animais –qual alguém especialista em misturar o público e o privado, digerindo o público para fazer crescer o privado, por exemplo.
Os galimimos venciam combates sangrentos. Eram ágeis. Andavam em bandos. Fizeram ninho na Esplanada, em 1989, liderados por um exemplar old school, Fernando Collor de Mello. Desmoralizado, pego com as patas na botija, Collor se foi e deixou um ovo. Chocado pelas condições atmosféricas singulares desses tempos esquisitos, o ovo parece eclodir fantasiado de cardigã e determinado a exterminar as gravatas –sabe-se lá o porquê. Não deve ser desprezado, tampouco deve ser temido em excesso. Há algo de autofágico em sua natureza, e isso pode salvar a República.
Se Doria é um dinossauro metido em plumas e fala por bico postiço, começou a costear o alambrado desse zoológico bizarro imaginado em Brasília um tucano disfarçado de Unicórnio: Luciano Huck. O dublê de apresentador e marido de Angélica não disfarçou a ânsia por se posicionar nos bastidores da bicharada em entrevista magistralmente conduzida por Eliane Trindade, do portal Uol, publicada na quinta-feira 30.mar.
Ser mitológico, considerado um equino benéfico, os unicórnios são retratados portando um grande corno na cabeça. Povoam o imaginário associados…”
PARA LER A ÍNTEGRA, CLIQUE AQUI.
O tempo é senhor da razão. Bolsonaro chegou ao segundo lugar nas pesquisas e Lula foi condenado por causa do Triplex. Adivinhem quem é que vai ser eleito presidente da república em 2018?
Mas Dória aparece como uma exceção e tem dado medo nos vermelhinhos. Não por ser de direita, mas por entusiasmar a maior parte da sociedade que, não sendo nem direita nem esquerda, está cansada do tradicional lero-lero ideológico e do atual contexto político. Ele não é um aventureiro “salvador da pátria” como Collor. E ao contrário do Trump, é um empresário que no governo tem tido pé no chão. Realista. E vai ser candidato a presidente porque Serra, Aécio e Alckmin estão com rabos presos.
Doria tem se mostrado à altura para ser um forte candidato de oposição à Lula, não por ser de direita, mas porque representa um novo divisor de águas. Tem se mostrado um administrador incansável, dorme quatro horas por noite. Mostra respeito com o cargo que ocupa e à altura dele, vejam o caso envolvendo a Amazon recentemente, não só se saiu muito bem como fez a Amazon se ajoelhar por ter agido corretamente.
Não só o Lula treme de ouvir falar nele, agora, mas até o Bolsonaro vê suas chances de presidente virarem pó. Se não aparecer nenhum rabo preso, os vermelhinhos sanguessugas e incompetentes que quebraram esse país finalmente encontraram um opositor de verdade. Aliás, se não for Lula, nem candidato terão.
A prova que a direita no Brasil é uma apenas uma “leve suspeita” foi a falta de oposição aos vermelhinhos. Fizeram e aconteceram, lambuzaram-se no poder com os coligados, e não tinha oposição.
Aconteceram coisas absurdas em termos de gestão desde o governo Lula que passaram em branco exatamente porque o PT nunca teve uma oposição decente, e a maior parte da imprensa fazia de conta que não acontecia nada de ruim, a indiferença como contrapartida ao grande volume de verbas publicitárias governamentais que recebia.
Não havia forte oposição (decente) porque espertamente o PT se coligou com a direita mais “pragmática” (Maluf, Collor, etc). A “rancenta” do Bolsonaro não faz cócegas.
O PSDB tem fortes raízes sociais democratas, continua social democrata, logo, sempre foi um opositor “maria-mole”, principalmente em relação ao PT. Uma “oposição chique” não é oposição, é como se fosse uma mulher muda, cega e surda frente a notícia de o marido ter duas amantes. Aí o PT e seus coligados se lambuzaram, e deu no que deu.
Em primeiro lugar, não existe “direita brasileira” (estou dizendo em termos de volume na sociedade). O que existe são alguns gatos pingados representativos de minorias, como Bolsonaro, que só aparecem com mínimas chances de ganhar algum cargo majoritário importante por falta de opções, em circunstâncias específicas muito favoráveis que fizeram o Collor ganhar do Lula no passado.
Num panorama político decente, Bolsonaro teria votos ridículos para presidente. Mesmo no contexto atual, dificilmente ganharia se não tiver um bom marketing enganador dele mesmo, assim como fez o esperto Collor na eleição contra o Lula, onde o mote “luta contra os marajás” foi mais importante que a “luta pelo operário trabalhador e contra os bancos e os capitalistas selvagens” do vermelhinho Lula.
Bolsonaro está a 26 anos no Congresso e o que realmente fez? Nada de importante. É um “zé comum”. É um líder? Não. Passa respeito entre os seus pares? Não. É só um ideólogo dos tempos das cavernas em vários assuntos, um representante que se alavanca nos ideais extintos e caducos de algo parecido com a TFP. Só tem alguma chance na falta de opção do eleitorado frente a outras, mas repito, para isso precisará de um marketing eficiente, vendendo-o para a sociedade o que ele não é.
Lula não tem medo nenhum de competir com o Bolsonaro. Infelizmente, se o Bolsonaro ganhasse, seria mais um “estilo Collor”, aventureiro, incompetente para governar um país, isolado, sem grandes partidos para apoiá-lo, contra tudo e contra todos, e aí mais uma vez o Brasil perderia.
Do Huck como opção política não vou perder tempo comentando, é uma piada.