(IN)SEGURANÇA. Audiência pública debate queda de efetivo policial e a relação com a criminalidade maior
Por MAIQUEL ROSAURO (com foto de Divulgação), da Equipe do Site
É preocupante a questão da segurança pública em Santa Maria. Embora em alguns índices o município esteja melhor do que cidades gaúchas de mesmo porte, em um curto período de tempo, o efetivo de profissionais tende a ficar menor em diversos órgãos. A situação foi exposta na tarde dessa segunda-feira (8), na Câmara de Vereadores, durante audiência pública da Comissão Especial de Segurança Pública da Assembleia Legislativa.
A audiência foi conduzida pelo deputado estadual Luiz Fernando Mainardi (PT), uma vez que o presidente da comissão, Ronaldo Santini (PTB), não esteve presente. Também participaram da atividade os deputados estaduais Vilmar Zanchin (PMDB), na condição de relator, e Valdeci Oliveira (PT), como convidado.
Diversas autoridades com atuação em Santa Maria e região relataram os serviços que vêm desempenhando na área e também as dificuldades enfrentadas. Em comum, todos destacaram a diminuição no quadro efetivo, seja em nível estadual quanto federal.
O delegado da Polícia Federal de Santa Maria, Getúlio de Vargas, por exemplo, afirmou que devido a iminente Reforma da Previdência, mais da metade dos agentes podem sair da corporação em curto prazo.
“De um efetivo de 30 agentes, dez entraram com pedido de aposentadoria e sete estão com abono permanência. Inclusive eu estou analisando a reforma, pois não podemos perder direitos conquistados ao longo de 40 anos”, analisou Vargas.
O problema é maior no Instituto Geral de Perícias (IGP). Segundo a responsável pela 5ª Coordenadoria Regional de Perícias, Maria Angela Zucchetto, a entidade tem um déficit de quase 500 servidores em nível estadual. O órgão possui um concurso em andamento, mas apenas 106 vagas são oferecidas.
“Tínhamos onze peritos em Santa Maria, mas agora são apenas seis. Mas, em breve, serão apenas quatro”, alerta Maria Angela.
Na Brigada Militar, conforme o tenente coronel Ricardo Hofmann, comandante do Comando Regional de Policiamento Ostensivo (CRPO), falta 35% do efetivo do Batalhão de Operações Especiais (BOE) e 40% no 1º Regimento de Polícia Montada (1º RPMon). Porém, Hofmann salienta que este não é um grande problema para a cidade.
Índices referentes, por exemplo, a roubo a pedestres e roubos a veículos na cidade apresentam percentual menor do que o apresentado em Pelotas, Canoas, Gravataí, Novo Hamburgo, Passo Fundo e Rio Grande. Todavia, há em Santa Maria um aumento relacionado aos crimes violentos letais e intencionais. Este ano, até o momento, foram registrados 22 homicídios e dois latrocínios.
“Nestes 22 homicídios, 70% das vítimas eram egressas do sistema prisional e em 100% dos homicídios a pessoa tinha ficha criminal. Através de um movimento integrado, com a inteligência da Polícia Civil, Susepe, Brigada Militar, Ministério Público e Judiciário, buscamos entender quem está querendo matar quem e que tipo de quadrilha está se formando na cidade”, afirmou Hofmann.
Bolsões de pobreza
O defensor público do Estado, Juliano Ruschel, lembrou que a solução da criminalidade não depende apenas de equipar as polícias. Ele ressaltou que Santa Maria cresceu muito e possui bolsões de pobreza, quase não acessíveis aos serviços do Estado e do Município.
“Há pessoas que não vêm para uma audiência no Fórum porque não têm dinheiro para pagar a passagem de ônibus”, declarou Ruschel.
Apenas 9% das câmeras de vigilância são acompanhadas por servidor
O superintendente da Guarda Municipal de Santa Maria, Sandro Nunes da Silva, relatou as ações realizada pelo órgão. Segundo ele, das 800 câmeras do sistema integrado de vigilância do município, apenas 9% são acompanhadas por um servidor.
“Estamos utilizando 72 câmeras para mobilidade, pois pouco têm ajudado na prevenção e no pós-crime. Estamos buscando bons exemplos, como o da cidade de Marau, para utilizarmos melhor esta tecnologia”, afirmou Silva.
Hoje, a Guarda Municipal conta com 144 servidores, sendo que 30% está atuando nas ruas (no início do ano eram apenas 5%). O órgão possui dez veículos circulando pela cidade graças a parcerias público-privadas.
8ª audiência
A audiência pública realizada em Santa Maria foi a 8ª da Comissão Especial. O debate já ocorreu em Rio Grande, Capão do Leão, Pelotas, Caxias do Sul, Vacaria, Passo Fundo e Taquara. O órgão foi instalado em 2016 devido ao aumento nos índices de infrações penais no Rio Grande do Sul, sobretudo, homicídios e latrocínios.
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