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ESPAÇO ALVIRRUBRO. Leonardo da Rocha Botega e uma vitória da fé. E, claro, do futebol até além dos 90

Fé de Pedro e fé de Paulo: os Henriques que garantem vitórias

Fé é uma palavra que vem do latim fide! Fide também significa confiança! Apesar do predomínio do seu uso religioso, fé pode ser entendida para além das próprias religiões. Pode ser entendida como um sentido para a vida. Fé não precisa verificação. É algo que habita um lugar do ser humano que está fora do cientifico. Não é à toa que fé e ciência muitas vezes se chocam. Mas não são irreconciliáveis, afinal é preciso ter fé para errar muitas vezes até acertar um experimento.

Entre choques e conciliações, o certo é que ciência e fé são termos clássicos. Tão clássicos que no futebol para vencer um clássico é necessário ter ciência e fé. Ciência para saber como ocupar os espaços de forma a não dar chances ao adversário para que o melhor do futebol, a arte, possa fluir tranquilamente. Fé para acreditar que no futebol tudo é possível, até mesmo superar aquilo que parece estar já definido.

O clássico Inter-SM e São Gabriel pode ser definido como o clássico da fé. A fé de que a tempestade de sábado não estragasse o jogo de domingo. A fé de que é possível, mesmo sendo descreditado no início do campeonato, recuperar a confiança. A fé de que mesmo diante do imprevisto, do que não estava planejado, algo pode salvar o dia. A fé de que seguir em frente é sempre necessário, mesmo quando somos desacreditados.

Num jogo de muita tradição, que até então esteve empatado em número de vitórias, uma para cada lado, tivemos duas fés que se sobressaíram as demais: a fé de Pedro e a fé de Paulo. Que além da fé têm em comum o segundo nome: Henrique.

Pedro Henrique é um menino, “criado” nas arquibancadas da Baixada Melancólica, que (tenho quase certeza) por dentro do peito tem o símbolo do alvirrubro colado no coração. Este menino foi um dos premiados na ação de marketing do Inter-SM que acontece em todos os intervalos dos jogos. O desafio proposto para aqueles que recebem o Guia da Partida premiado é bater pênaltis. Se fizer o gol decisivo ganha um prêmio. Assim, após os primeiros 45 minutos iniciais, Pedro foi para a marca do pênalti. O primeiro chute não deu certo, mas era apenas um teste. O que valia mesmo era o outro chute. Então, o menino chutou com fé e comemorou (com direito a coreografia!) como quem diz para a torcida: sigam com fé no nosso time.

O intervalo era um momento um tanto tenso, afinal, em um clássico tudo se aproxima, até mesmo a distância de oito pontos favorável ao alvirrubro. A tensão vinha da postura surpreendente do adversário que luta contra o rebaixamento, por isso, para a quase totalidade dos torcedores viria retrancado. Mas não! O São Gabriel veio para buscar a vitória, assim como o Inter-SM. E quando os dois times têm vontade de vencer, o jogo fica bonito.

O primeiro tempo foi marcado por um belo futebol. Logo aos 10 minutos, Pablo fez uma linda jogada pela esquerda e cruzou buscando Chiquinho, a bola foi desviada do zagueiro Mauricio que quase fez um gol contra. Aos 18 minutos, Clebinho, em um descuido da marcação alvirrubra, recebeu em velocidade, driblou o goleiro João Paulo e chutou, Dionatan de carrinho tirou o gol do adversário. Clebinho terá uma chance igual aos 41 minutos, desta vez o salvador foi Padel. Quem evitaria o gol, porém do alvirrubro, por três vezes seria o bom goleiro gabrielense Paulo Sérgio. Primeiro em um chute de Santana, depois em um chute Chiquinho aos 31 minutos, e por fim em um chute do Jackson, três minutos depois. Apesar de ter sido tão intenso quanto o calor de 30 graus, o primeiro tempo terminou num 0X0.

O segundo tempo começou com o alvirrubro bastante disposto a vencer. Aos 6 minutos, Chiquinho chutou de fora da área errando o alvo. Dois minutos depois, o camisa 10, que jogou uma partida sensacional, digna da expressão “jogou de terno”, encontrou Jackson na entrada da área. O artilheiro chutou e fez 1×0. Aos 21 minutos, o São Gabriel teve um gol anulado, após cobrança de falta lateral e cabeçada para o gol em posição de impedimento de Yuri. Aos 23 minutos, foi a vez do São Gabriel evitar o segundo gol alvirrubro em um lance onde Jardisson, após limpar o goleiro chutou para que o lateral Urnau tirasse a bola de cima da linha. Na sequencia do lance Pablo obrigou o goleiro Paulo Sérgio a fazer uma defesa salvadora.

O Inter-SM estava mais perto de fazer o segundo gol, quando Santana (que fazia uma boa partida) errou um passe próximo da área defensiva e o atacante Maranhão acabou aproveitando o lance para empatar o jogo: 1×1. Eram 36 minutos e a sensação de empate com sabor de derrota esteve presente na Baixada Melancólica.

Uma sensação que aumentou quando Chiquinho cobrou falta na área e Manolo, de meia bicicleta, não consegue desviar a bola; quando Jackson girou e chutou por cima; quando Santana, aos 43 minutos, desviou de cabeça e a bola foi para fora. A sensação aumentou ainda mais diante do milagre feito pelo goleiro gabrielense em um lindo voleio de Jackson.

Foi então que a segunda fé se sobressaiu. Paulo Henrique entrou em campo nos minutos finais do jogo. O jovem atacante chegou ao clube como uma promessa, passou a ser visto com desconfiança por parte da torcida após os primeiros jogos onde, mesmo jogando bem, não consegui fazer gol. Mas como disse em uma crônica anterior, é um menino de muita fé.

E foi essa fé o que fez acreditar que aos 49 minutos, Padel conseguiria fazer um cruzamento perfeito, que os zagueiros do São Gabriel não conseguiriam desviar a bola, que toda desconfiança ficaria para trás quando a bola chegasse ao encontro de sua cabeça e de lá rumaria para o fundo da rede espantando a sensação ruim que estava na torcida: 2×1.

A fé de Paulo Henrique fez a Baixada Melancólica explodir em um misto de alivio e alegria incontável. A mesma alegria incontável do outro Henrique, o Pedro quando conseguiu fazer a bola atingir o mesmo fundo do gol, na mesma goleira onde a fé do menino de Nilópolis se eternizou em um gol que será contado por muitas gerações de torcedores alvirrubros. De minha parte, só me resta agradecer a fé. Ela faz com que os meninos de Vinicius Munhoz demonstrem aos mais descrentes que o sonho do Acesso é possível.

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a foto (da qual não consta o nome do autor) que ilustra esta crônica é do perfil do Inter-SM no Facebook.

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