Por PAOLA SALDANHA (com fotos de Arquivo Pessoal), Especial para o Site
Fortalecimento dos músculos. Estímulo as atividades cognitivas. Melhora da qualidade do sono. Aumento da concentração. Esses podem ser listados como alguns dos benefícios corporais e mentais da prática de esportes. Entretanto, para além de uma atividade física, o desporto também pode atuar como ferramenta de mudança social. Na cidade, os remos permitem que crianças e jovens ultrapassem as margens concretas e simbólicas.
A Associação Santamariense de Esportes Náuticos (ASENA) oferece o ensino de diferentes modalidades esportivas aquáticas, como a Canoa Havaiana, Stand Up Paddle, Canoa Olímpica e Caiaque Olímpico. Criada em 2010, pelos irmãos Gilvan e Givago Ribeiro, a entidade também desenvolve o projeto social Remar, que atende crianças e jovens da região. Conforme Gilvan, atleta olímpico e vice-presidente da ASENA, o estímulo para a criação da organização partiu da trajetória vivida por ele e pelo irmão. Ambos ingressaram no esporte por meio de um projeto social, em 2000, aplicado em uma parceria entre Clube Comercial e Prefeitura. “Foi uma vontade de devolver para a sociedade a oportunidade que nós tivemos, em ingressar no esporte por meio de um projeto social”, explica.
Segundo Ribeiro, a ação atendia escolas do entorno da barragem do Vacacaí-Mirim, e chegou até ele e seu irmão, moradores do bairro Campestre do Menino Deus e estudantes da EMEF Hylda Vasconcellos. Após o encerramento das atividades do projeto, em 2005, os irmãos já atuantes no esporte sentiram a necessidade de criar um projeto para a comunidade. “Nós víamos no bairro uma garotada muito ativa fisicamente, mas sem oportunidade de praticar um esporte de forma especializada”, relembra. Em 2010 a vontade dos irmãos ganha nome e endereço, ASENA, fixada a beira da barragem.
O projeto Remar, desenvolvido logo após a criação da associação, atende a um público restrito, voltando às atividades para crianças e jovens do bairro. De acordo com Ribeiro, o projeto ainda não possui a estrutura necessária para atender um grupo mais amplo, mas que a expansão da ação está nos planos da organização. Atualmente, cerca de 15 pessoas praticam esportes náuticos por meio da iniciativa. Cristina Bitencourt Ribeiro, mãe dos irmãos e presidente da ASENA, conta que além das atividades em água, as turmas também praticam exercícios em terra e participam de oficinas. “Há momentos de recreação e preparação física e oficinas de reaproveitamento. Também fazemos um trabalho ambiental com eles. Uma vez por mês fazemos recolhimento de materiais dentro e fora da água”, relata.
Conforme os responsáveis, o projeto Remar já atendeu mais de 300 crianças e jovens durante o período de atuação e que os resultados transcendem o ensino de uma prática esportiva, modificando outros meios dos quais os pequenos fazem parte, como família e escola. Cristina explica que a ação não determina um período de permanência aos participantes, mas abre espaço para o desenvolvimento das atividades enquanto houver interesse, pois o foco é estimular a prática esportiva, com trabalho de consciência ambiental e valorização do espaço pela comunidade.
Para Ribeiro, “a ASENA vem como uma entidade do terceiro setor que ajuda o poder público a manter algo que é de todos. Ela foi reconhecida como entidade de utilidade pública pela prefeitura. O foco dela com os alunos é o desenvolvimento humano. E para isso, a gente usa a ferramenta do esporte”.
Mariana dos Santos da Silva, 24 anos, compreende na prática o alcance e a relevância do projeto Remar. A jovem conheceu a iniciativa em 2011, por meio do irmão, que foi convidado a fazer parte das atividades. “Ele chegou em casa falando e eu fiquei curiosa. No outro dia eu vim ver e a partir daí não parei mais”, relembra. Desde então, Mariana já participou de competições estaduais, nacionais e a partir de 2015 disputa provas internacionais.
“Em 2012 foi meu primeiro campeonato nacional, no Mato Grosso. Em 2015 eu participei de um campeonato internacional, foi minha primeira viagem, para o Canadá, nos jogos Pan-Americano, em Toronto. Depois em Portugal, no mundial sub-23”, rememora a esportista.
Mariana, que pretende estudar Nutrição, destaca que mudou a postura após o ingresso no projeto e que pretender manter o vínculo com a entidade enquanto puder. “Eu melhorei bastante como pessoa. Eu era muito isolada, era muito difícil viver em grupo para mim. E a canoagem me ajudou bastante. Me soltei bastante, fiquei mais comunicativa. Eu pretendo continuar remando aqui. Enquanto a Asena estiver aqui eu vou continuar remando”, conta.
Cristina e Ribeiro enxergam que as pequenas mudanças geradas no cotidiano dos participantes do projeto representam uma transformação social. “Para mim é gratificante a partir do momento que tu vê as pequenas mudanças, sabendo que essa criança e esse adolescente vão levar isso para o resto da vida dele. Eu me sinto bem, me sinto útil para a sociedade. Sei que não vou mudar o mundo, mudar o bairro, mas o pouquinho que eu estou fazendo está dando resultado”, frisa Cristina.
“É uma ação político-social. Eu vejo que o que fazemos é entender que o governo somos todos nós. Da maneira que a gente pode, no setor que a gente vive, o que eu posso fazer para mudar enquanto estou aqui?”, reflete Ribeiro.
UMA DICA:
No dia 18 de dezembro, a entidade realiza a Quarta Edição do Natal ASENA. A partir das 17h, na sede da associação, serão distribuídos brinquedos às crianças da comunidade. A organização ainda está arrecadando material. Quem quiser contribuir, pode entrar em contato com os responsáveis pelos telefones: (55) 98445-8573 ou (55) 98437-4376
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