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CÂMARA. Vereador é agredido durante ocupação do Plenário, por militantes contrários à moção polêmica

Momento em que o vereador Daniel Diniz é agredido durante confusão no Plenário, na tarde desta terça (Foto TV Câmara / Reprodução)

Por MAIQUEL ROSAURO (texto e videos), da Equipe do Site

A Câmara de Vereadores de Santa Maria viveu cenas lamentáveis na tarde dessa terça-feira (4). O líder do PT no Parlamento, Daniel Diniz, foi agredido por um manifestante contrário à moção de apoio ao Projeto Escola Sem Partido, defendida pelo vereador João Kaus (MDB), momentos após uma invasão ao Plenário. A desocupação do espaço só ocorreu mais de uma hora depois, após muita negociação.

Antes mesmo de Kaus defender a moção na tribuna, os ânimos na Casa já estavam exaltados. Nas galerias do Parlamento havia movimentos contra e favor da moção, ambos com faixas, cartazes e, lógico, fazendo muito barulho.

O grupo contrário à moção era formado pela Frente Única de Trabalhadores, Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria (Sinprosm) e representantes de partidos de esquerda, como PT, PCdoB e PSOL. A favor da moção estava o Movimento Resistência Popular-SM e representantes do PSL, PP, PROS e Podemos.

“De forma alguma a gente quer defender a castração de pensamento do professor em passar o conhecimento aos seus alunos. O que não queremos é a influência de partidos e nenhum tipo de ideologia dentro da sala de aula”, argumenta a ex-candidata a deputada federal pelo PSL, Tatiane Marques.

Ocupação do Plenário durou mais de uma hora e só terminou porque Kaus retirou sua moção da Ordem do Dia. (Foto Maiquel Rosauro)

Pensamento semelhante tem o membro do movimento Resistência Popular-SM, Beto Rossi (PP), que defende a moção de Kaus.

“São pautas polêmicas e importantes. Escola Sem Partido nada é mais do que seguir a lei. Não queremos que um professor com a camisa do Bolsonaro em sala de aula e nem com camisa de Che Guevara. Queremos é que o professor, quando for falar do Golpe de 64, fale sobre os dois lados”, defende Rossi.

A ocupação do Plenário ocorreu no momento em que Kaus defendia a moção e teve início com estudantes e também dirigentes do 2º Núcleo CPERS/Sindicato, membros da Frente Única de Trabalhadores. À medida que os seguranças da Casa tentavam conter a invasão, outras pessoas contrárias à moção também ingressaram no Plenário, o que acabou gerando um empurra-empurra.

A TV Câmara transmitiu ao vivo a confusão. No vídeo abaixo, editado pelo site com o início do tumulto, é possível ver o presidente em exercício Adelar Vargas – Bolinha (MDB) e outros vereadores tentando conter a desordem junto com seguranças da Casa (em 2min7s Daniel Diniz leva um soco).

“Fui proteger o cidadão, mas em determinando momento em que eu estava ajudando fui atingido no rosto. Ele estava desequilibrado. Defendo qualquer tipo de movimento, desde se respeite a democracia. Era uma pauta importante e relevante, mas temos que manter o equilíbrio e o respeito entre todos nós”, relata Diniz.

Após o tumulto, os ânimos se acalmaram parcialmente e o Plenário seguiu ocupado por mais de uma hora, com a sessão interrompida. Enquanto os vereadores buscavam achar uma saída, os ocupantes do Plenário ganhavam apoio de parte das galerias.

“Esta situação demonstra o nível em que se encontra o pensamento crítico destes alunos e o que representa para eles o Projeto Escola Sem Partido”, argumenta a coordenadora do Sinprosm, Martha Najar.

Em busca de uma solução, a Mesa Diretora convidou representantes da Frente Única de Trabalhadores que estavam no Plenário para debater na Sala de Reuniões. Neste momento, Bolinha e as vereadoras Deili Silva (PTB) e Luci Duartes – Tia da Moto (PDT) apelaram pela desocupação, uma vez que os parlamentares necessitavam fazer, ainda na terça, uma sessão extraordinária para aprovar um Projeto do Poder Executivo que autoriza a abertura de crédito adicional suplementar no Orçamento de R$ 4,1 milhões para a área da Saúde. Porém, o diretor do 2º Núcleo do CPERS/Sindicato, Rafael Torres, disse que a desocupação só sairia se Kaus retirasse sua moção.

Os representantes da ocupação saíram da sala e retornaram para o Plenário. Enquanto isso, a Mesa Diretora seguiu reunida e tomou uma decisão polêmica: interromper a transmissão ao vivo da TV Câmara.

“Interrompemos (a transmissão) porque poderia haver agressões e fica feio passarmos essa imagem para a comunidade. É a Casa do Povo e temos democracia, mas violência não é do meu caráter. Respeito às opiniões contrárias”, ressalta Bolinha.

Enquanto isso, o clima seguia tenso na tribuna entre membros da esquerda e da extrema-direita.

Já no Plenário, a ocupação era mantida por estudantes, integrantes do DCE/UFSM e dirigentes do 2º Núcleo do CPERS.

“Estamos nos posicionamento pacificamente contra essa ideia inoportuna. Por que no dia que se vai votar um projeto tão importante para a saúde se coloca esta moção? Tentamos uma conciliação com a Mesa Diretora, mas da nossa parte não sairemos enquanto Kaus não retirar sua moção”, informou Torres.

O ato só foi finalizado após a confirmação de que Kaus retiraria sua moção da Ordem do Dia. Minutos após o Plenário ser desocupado, o emedebista, atendendo pedido da Mesa Diretora, solicitou o adiamento da votação para a próxima quinta (6).

“Eles conseguiram se superar e fazer mais uma vez a Casa do Povo ser alvo de baderna, invasão e desrespeito com aqueles que representam  a sociedade como um todo, que são os vereadores. Acredito que foi uma demonstração de desespero dos sindicatos  dos professores  e junto  com a esquerda, por estar perdendo espaço entre a população brasileira”, aponta Kaus.

Os movimentos pró e contra a moção se retiraram da Câmara, porém, o tema seguiu tinindo na tribuna. Os vereadores passaram as horas seguintes se revezando em críticas e apoio ao Projeto Escola Sem Partido, entre outros temas.

Segurança

Bolinha afirmou ao site, na noite dessa terça, que a segurança será reforçada na próxima quinta. Serão distribuídas 80 fichas para entrar no Plenário, sendo que 40 serão para apoiadores da moção e 40 para os contrários à proposta.

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3 Comentários

  1. Circo. O assunto não é decidido no Casarão da Vale Machado, é coisa de Brasília.
    Enquanto isto o elefante branco continua do lado do parlamento, o centro de convenções não termina, o prédio da Rio Branco continua sem solução, lista é interminável.

  2. Lamentável!

    Esse vereador que levou o soco tinha é que ficar com vergonha da baderna que o partido dele criou.
    Que lastimável!

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