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CÂMARA. Moção aprovada, Kaus critica Igreja, Escola Marista, Enem, CPERS e fala em “gravar” professores

Manifestantes contra à moção do Projeto Escola Sem Partido protestam contra a iniciativa e impedem Kaus de defender a proposta

Por MAIQUEL ROSAURO (texto e fotos), da Equipe do Site

A simbólica moção de apoio ao Projeto Escola Sem Partido foi aprovada nessa quinta-feira (6), na Câmara de Vereadores de Santa Maria. A sessão foi realizada sob forte esquema de segurança e com manifestações nas galerias. Já no fim da tarde, o vereador João Kaus (MDB), autor da iniciativa, discorreu na tribuna sobre os próximos passos para impedir o que ele chama de ‘doutrinação’ pelos professores.

Para evitar que a confusão que ocorreu na terça (4) se repetisse (AQUI), o que incluiu uma agressão ao vereador Daniel Diniz (PT), a Mesa Diretora da Casa não poupou esforços para garantir a segurança. Do lado de fora, o Batalhão de Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar ficou de prontidão, enquanto que a entrada no Casarão da Vale Machado ficou sob responsabilidade da Guarda Municipal. Dentro do Plenário, os seguranças do Legislativo garantiam a ordem.

Finalizada a votação que aprovou a moção, o grupo a favor do Escola Sem Partido comemorou nas galerias da Câmara de Vereadores

O que ninguém esperava é que membros da inteligência da Guarda Municipal também agiriam a paisana nas galerias. Foram distribuídos ingressos para a entrada na Câmara, sendo que 40 seriam destinados aos favoráveis à moção e 40 para contrários. Contudo, sobraram ingressos para os apoiadores da proposta, o que acabou gerando pelo menos um incidente antes da sessão iniciar.

Um rapaz identificou-se como favorável à moção e teve sua entrada liberada. Porém, ao chegar às galerias logo se aproximou do grupo contrário, o que gerou uma rápida intervenção de membros da inteligência. Como resultado, o rapaz foi retirado do Legislativo, mas não sem antes haver bate-boca no hall do Parlamento (confira no vídeo abaixo).

Do lado de fora ficaram dezenas de pessoas que não conseguiram ingresso. Entre eles, estavam duas conhecidas lideranças da esquerda, a presidente municipal do PT, Helen Cabral, e o diretor do 2º Núcleo do CPERS/Sindicato, Rafael Torres.

A entrada de Torres até chegou a ser negociada com representantes da Mesa Diretora, que cogitavam a saída de outro membro do grupo contrário à moção para a sua entrada. Porém, a direção da Casa decidiu não abrir exceções.

No Facebook, Helen, que é ex-vereadora, fez uma live denunciando o fato de ter sido barrada no Legislativo.

Dentro da Casa não demorou para a moção entrar na pauta. Porém, foi impossível ouvir qualquer palavra de Kaus na tribuna.

Enquanto o emedebista tentava fazer sua defesa, os manifestantes contrários à proposta gritavam palavras de ordem contra a moção.

Como Kaus foi impedido de falar, a sessão foi paralisada por alguns minutos.

“Não é assim que se faz democracia. Não estão respeitando os vereadores”, disse o presidente da Câmara, Alexandre Vargas (PRB), aos manifestantes.

No retorno, de imediato, Vargas determinou a votação. Por 15 votos a 5, a moção foi aprovada (confira como cada vereador votou no fim da matéria).

Após o pleito, o grupo favorável à iniciativa começou a gritar “Escola Sem Partido”. Do outro lado, a resposta em uníssono era “vergonha”.

Alguns vereadores ainda fizeram rápidas justificativas de voto e, no final, a maioria dos parlamentares que votaram a favor posou para uma foto com o grupo pró-moção. Entre eles estava o presidente do PSL em Santa Maria, Oscar Ramos Neto, que defende a não imposição de ideologias aos estudantes.

“Existia uma campanha pela aprovação da moção por entender que a educação em sala de aula tem que ser desprovida de ideologia e partidarismo. Não se pode obrigar os alunos a adotarem um partido ou uma tendência”, explica Neto.

A maioria dos vereadores que aprovaram a moção em favor da proposta posou para uma foto com os apoiadores após a votação

Por outro lado, a coordenadora do Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria (Sinprosm), Martha Najar, não ficou contente.

“Embora seja apenas uma moção, ela é simbólica e abre precedentes para eles (os vereadores) aprovarem um projeto desses aqui em Santa Maria. Simbolicamente tem força”, analisa Martha.

Em entrevista ao site, Kaus comemorou o fato de ter conseguido apoio da maioria dos vereadores da Casa, inclusive de Deili Silva (PTB), que havia divulgado à imprensa, na terça, que era contrária à proposta. Contudo, ele lamentou o fato de ter sido ceifado do seu direito de defender a moção.

“A Casa foi lesada e eu fui lesado no meu direito de usar a tribuna por duas vezes. Isso abre uma lacuna para que, amanhã ou depois, outro grupo organizado faça da mesma forma. Existe um ganho, que foi a aprovação, e também uma perda, que foi a intervenção externa no trabalho dos vereadores”, relata Kaus.

Horas depois, na tribuna, Kaus fez uma longa explanação sobre os fatos ocorridos na sessão e criticou a ‘doutrinação’ da Igreja Católica, das provas do Enem e do CPERS/Sindicato. Também disse que a direção da Escola Marista Santa Marta é tendenciosa. Mas o destaque foi sua intenção de gravar os educadores em sala de aula.

“A partir deste momento, da Lei proposta a nível federal, os deputados estaduais certamente vão entrar neste debate e os vereadores de cada cidade do país, nós vamos começar a fiscalizar e por que não gravar, e aí tenho certeza que a inibição vai ser bem maior do que estava tendo até então. E, certamente, quem vai ganhar será a educação do país”, afirmou o emedebista.

Como os vereadores votaram

A favor
Adelar Vargas – Bolinha (MDB)
Admar Pozzobom (PSDB)
André Domingues – Deco (PSDB)
Cida Brizola (PP)
Deili Silva (PTB)
Francisco Harrisson (MDB)
João Chaves (PSDB)
João Kaus (MDB)
Juliano Soares – Juba (PSDB)
Leopoldo Ochulaki – Alemão do Gás (PSB)
Luci Duartes – Tia da Moto (PDT)
Manoel Badke – Maneco (DEM)
Marion Mortari (PSD)
Ovidio Mayer (PTB)
Vanderlei Araujo (PP)

Contra
Celita da Silva (PT)
Daniel Diniz (PT)
Jorge Trindade – Jorjão (REDE)
Luciano Guerra (PT)
Valdir Oliveira (PT)

Não votou
Alexandre Vargas (PRB), presidente da Casa (*)

(*) O presidente vota apenas quando é preciso desempatar alguma votação.

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3 Comentários

  1. Eita!
    Tinham que parar com esta bobagem e permitir escola com partido, no dia seguinte professores dando ordem unida, exaltando a direita, o Trump,… bem capaz que a esquerda fosse reclamar, bem capaz.
    Poderiam pregar a direita sempre pois a Liberdade seria igual para todos.
    A vida é mais simples que moção, mocinhas, moçoilas e leite Moça.

  2. Lei municipal promovendo ‘escola sem partido’ seria inconstitucional. Nada impede que alguém apresente o projeto, bafafá é bom, tira atenção de outras coisas, promove muita gente, é bom para a ‘identidade’.

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