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ARTIGO. Paulo Pimenta e manifestações contra a democracia, do edil filho do Presidente Bolsonaro

O clã Bolsonaro é uma ameaça à democracia

Por PAULO PIMENTA (*)

Na última segunda-feira, Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro pelo PSL e filho do presidente da República, chocou o Brasil ao postar em sua conta no twitter que por “vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos”.  É declaração extremamente grave, especialmente por se saber da ascensão que tem sobre o pai, tanto que dispõe das senhas de acesso às redes sociais do capitão-presidente, do qual atua como uma espécie de porta-voz.

Não que seja surpreendente esta declaração vinda de um integrante do clã presidencial. Sabemos da sua falta de apreço pela democracia, pois têm como estandarte o legado da ditadura, da tortura e de torturadores. Defensores de milicianos, os membros do clã Bolsonaro desprezam as instituições e o Estado Democrático de Direito, estimulando uma onda reacionária, autoritária e fascista, marca do atual governo.

A democracia pressupõe pluralidade de ideias, o contraditório e a consideração das opiniões de maiorias e também de minorias. É um regime que pressupõe diálogos, debates, ouvir o outro para a construção de consensos.

Lamentavelmente, a cultura disseminada pelo bolsonarismo nos últimos tempos no Brasil é avessa a estes ritos. Tanto o pai como os filhos estão vinculados a narrativas, ações e métodos fundados na intolerância e no ódio ao diferente. Mais que flertar com o autoritarismo, assistimos no Brasil a um presidente da República e seu núcleo próximo atuarem com marcas neofascistas.

No episódio do vereador, é surpreendente o silêncio das instituições brasileiras ditas democráticas. Nenhuma palavra oficial do Supremo Tribunal Federal ou do Congresso Nacional. Os poderes da República – guardiões do Estado Democrático de Direito e da Constituição Federal  –  ao não repudiarem oficialmente a declaração golpista do vereador, as avalizam, alimentando a escalada autoritária no país.

Não se trata de um fato isolado. Temos hoje um governo de um presidente que durante os 28 anos que esteve na Câmara fez apologia à tortura, às ditaduras e não esconde de ninguém a sua admiração a genocidas como o general chileno Augusto Pinochet, que há exatos 46 anos perpetrou um sanguinário golpe no Chile, assassinando o democrata Salvador Allende sob comando dos Estados Unidos.

Como dizia Allende, “Não basta que todos sejam iguais perante a lei; é preciso que a lei seja igual perante todos”. Tramar contra a Constituição é crime. Não se pode aceitar com naturalidade o desprezo pela democracia, que é uma marca deste governo. É preciso uma reação dos Poderes constituídos e união das forças democráticas, progressistas e populares em defesa da democracia. Não podemos aceitar retrocessos, tampouco a insinuação de quebra do regime democrático.

(*) PAULO PIMENTA é Jornalista e Deputado Federal, líder da Bancada do PT na Câmara dos Deputados

OBSERVAÇÃO DO SITE: a imagem que ilustra este artigo é uma reprodução.

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