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COMPORTAMENTO. O que a pandemia causou no mercado da moda? Designer e empresário explica

Junior Ruviaro e um setor que também se adaptou. E, aliás, não se saiu mal

A publicitária Jaqueline Adams veste pijama autoral do designer de moda, empresário e professor Junior Ruviaro. A peça é conhecida por sua levaza, sofisticação e “usável” em diversas ocasiões, dentro e fora de casa (foto Ronald Mendes/Arquivo Pessoal)

PorAndriele Hoffmann da Cruz / Especial para o Site (*)

A pandemia trouxe mudanças para a vida das pessoas, seja nas relações, no trabalho ou na rotina. Neste período em que o mundo precisou se adaptar ao novo cenário, o setor da moda não ficou de fora. Com trabalho em home office, aulas remotas e vida social limitada ao essencial, o varejo e a indústria têxtil passaram por transformações que buscam satisfazer um novo consumidor que, agora, preza por vestir-se de forma confortável, porém adequada para o trabalho frente às câmeras.

Já que o conforto assumiu um papel importante na rotina das pessoas, o consumo de peças como abrigos esportivos e conjuntos de malha cresceram de forma considerável na pandemia – produtos que foram colocados em evidência para tentar manter o consumo do setor.

Foi neste sentido que ganhou força na pandemia o conceito “loungewear”. O termo refere-se a roupas pensadas para gerar conforto em casa, mas que podem ser utilizadas para sair à rua se necessário. Junior Ruviaro, designer de moda, empresário na área e professor (no curso de Design de Moda) da Universidade Franciscana, provou que é possível usar pijama o dia inteiro, dentro e fora de casa.

Desde março – início da pandemia – o designer vêm produzindo pijamas sofisticados e exclusivos para que o trabalho de casa continue confortável, sem perder o estilo.  “Os pijamas mais sofisticados que podem sair da intimidade do lar e ganhar as ruas já eram uma tendência de moda, mas que, com a pandemia, ganharam maiores adeptas”, explica o designer.

Neste grupo está incluída a publicitária Jaqueline Adams, que relatou ter sentido a necessidade de adquirir roupas mais confortáveis e maleáveis, pois o trabalho de casa passou a ser mais descontraído e movimentado. “Às vezes eu ergo uma perna, às vezes vou para o sofá ler um texto ou discutir um trabalho no Whatsapp. Essa nova realidade exigiu roupas mais flexíveis”, explica Jaqueline. Além disso, Jaqueline sentiu que o cenário pandêmico cobrou dela adaptações em sua forma de consumir moda.

“Quando o Junior começou a fazer os pijamas eu imediatamente adotei, não só para ficar em casa, mas para ter uma atitude em conformidade com esse tempo. Já saí para jantar de pijama. É uma roupa para usar e passar uma mensagem de tranquilidade, de adaptação à realidade”, conta Jaqueline.

A indústria e o varejo têxtil estão entre os setores que mais tiveram seus faturamentos reduzidos. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a fabricação de produtos têxteis caiu 51,1% em abril deste ano e mais 46% em maio – uma das piores perdas da história do setor. Já o varejo de tecidos, vestuário e calçados teve uma queda de mais de 60% entre março e abril.

Ruviaro destaca que as máscaras de proteção, além de estarem salvando a produção de empresas do setor, estão agregando valor estético por meio de marcas internacionais grifadas, matéria-prima e design diferenciado.

Outra opção do setor para otimizar o faturamento têm sido o comércio on-line, em que o Instagram e Facebook são os principais canais de apresentação de produtos do vestuário de moda. A jornalista Natalie Aires, por exemplo, conta que, apesar de já ser adepta às compras online mesmo antes da pandemia, neste período o hábito ganhou ainda mais força.

Mesmo que as lojas físicas de Santa Maria estejam funcionando normalmente, Natalie relata ter adquirido o hábito de contatá-las pelas redes sociais para receber o produto condicional em casa por tele-entrega e pagar também no formato online. “É uma opção para mim, porque eu não estou trabalhando no centro, não saio de casa sem necessidade. Foi uma comunidade que realmente transformou minha forma de consumir moda”, finaliza.

Junio Ruviaro prevê dois tipos de comportamento do consumidor de moda em futuro cenário pós-pandemia, que são reflexos das tendências deste período: o consumidor que não abandonará o conforto e o consumidor que buscará usar peças que não eram utilizadas na pandemia em função do isolamento.

“Será difícil abrir mão do conforto após um período tão longo de roupas maleáveis e folgadas. Sair do tênis e voltar para o salto alto. Acredito que uma tendência do sport-chic, que já era uma realidade antes do isolamento, permaneça, porém com um pouco mais de sofisticação”, explica o designer e empresário.

O profissional da moda finaliza afirmando que em alguns consumidores permanecerá a busca pelo prazer e a negação desse período sombrio e triste. Haverá uma busca pela “glamorização” das roupas e um afastamento de tudo que lembre as imposições sofridas com a pandemia.

(*) Andriele Hoffmann da Cruz é acadêmica de Jornalismo da Universidade Franciscana e faz seu “estágio supervisionado” no site

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