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CIDADE. Grupo da Juventude da Economia Solidária se posiciona contra saída da Irmã Lourdes Dill de SM

“A transferência da Irmã nos joga num lugar de incerteza”, afirmam os jovens

Mais um grupo se posiciona em relação à transferência da irmã Lourdes Dill (foto acima, de arquivo), coordenadora do Projeto Esperança/Cooesperança, enviadao para o interior do Maranhão, pela congregação da qual faz parte. Confira, a seguir:

Manifesto da Juventude da Economia Solidária

Quando nós chegamos, tudo já estava construído. A Irmã Lourdes tem mais tempo de trabalho do que muitos de nós tem de vida e quando nós chegamos, ela nos entregou algo maravilhoso e gigantesco funcionando perfeitamente. Mas não é por isso que não fomos atrás de sua história, que não procuramos saber como cada tijolo (literal e figurativamente falando) daquele lugar foi parar lá.

A história da Irmã Lourdes é inspiradora. Irmã Lourdes nos ensina a cada passo dado, a cada palavra dita. Ela lidera com pulso firme, todos sabem, mas o que rege sua liderança é o amor. É o amor pelo outro ser humano, seja ele quem for. Aquilo que, muitas vezes, as políticas públicas não dão conta, a Irmã Lourdes faz, com fidelidade aos princípios da solidariedade, sustentabilidade e ética.

Quando somos jovens e sonhamos com um mundo melhor e mais justo, muitas vezes nos chamam de ingênuos, talvez até de loucos. Mas, quando vemos nossos sonhos também sonhados por uma gigante como a Irmã Lourdes, entendemos que não somos ingênuos nem loucos, somos justos, corretos e queremos aprender como espalhar tudo isso pelo mundo. Pois bem, ela nos ensina.

A transferência da Irmã nos joga num lugar de incerteza. Primeiro, pelo bem-estar e pela saúde da própria: queremos garantia de conforto e segurança para quem se doou tanto durante sua vida. Segundo, porque entendemos a importância da articulação que ela faz entre os tantos agentes necessários para o bom funcionamento da economia solidária de Santa Maria, cidade que, a partir do trabalho dela e de suas equipes, tornou-se referência mundial em uma nova economia.

Por fim, pensamos na gratidão que devemos a quem tanto fez. Tirar a Irmã do lugar onde ela construiu seu maior projeto não demonstra gratidão pelo seu trabalho. Precisamos oferecer a ela a chance de envelhecer junto dos seus, junto de quem caminhou e construiu com ela a realidade de outra economia, de outra relação com o outro e com o mundo.

Devemos isso a ela como forma de gratidão. Dizer “obrigada” é pouco diante da grandeza de seu trabalho. É preciso que se valorize na prática, deixando-a continuar em seu lugar de pertencimento.

Nós, a Juventude da Economia Solidária, queremos manifestar nossa insatisfação com a transferência da Irmã Lourdes. E queremos dizer aos que tentam ensinar através de discursos que olhem para a Irmã a aprendam: é fazendo que se ensina.

Nós te admiramos profundamente, Irmã. Obrigada por nos acolher, nos ensinar e por ter dedicado tanto tempo de sua vida para melhorar o mundo. Tenha a certeza de que a senhora mudou muitas vidas para melhor. Tenha a certeza de que construiu um legado sólido e fez sua parte como ninguém jamais fez antes. A senhora está eternizada na grandeza do que construiu e nada poderá apagar isso. A senhora nos mostrou que, sim, outro mundo é possível.

Assinado: Coletivo Juventude da Economia Solidária de Santa Maria

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