Russofobia, discriminação e xenofobia – por Michael Almeida Di Giacomo
Sentimento anti-Rússia não se restringe a Putin, mas chega até aos civis
O atual conflito no Leste fez com que a Europa reavivasse sua necessidade de aumentar os recursos destinados a gastos militares. Visto que, nas últimas décadas, as nações europeias estiveram voltadas ao restabelecimento do seu crescimento econômico, tem-se agora uma mudança de rota, que pode ser tida como uma medida acauteladora.
Não obstante a isso, impulsionados pela pressão dos Estados Unidos, os países do velho mundo impuseram uma série de retaliações políticas e econômicas à Rússia.
É a guerra longe do front, mas que demonstra ainda existir uma forte hegemonia norte-americana nas relações internacionais. Para se ter uma ideia, na Guerra do Iraque, os EUA sofreram oposição por parte de outras potências; contudo, não houve uma concertação punitiva contra o país e aos seus cidadãos.
Assim, desde o início do confronto estabelecido na Ucrânia, tem-se o fechamento de oitocentos restaurantes McDonald’s, passando pela suspensão/redução do consumo do petróleo e o não funcionamento do Apple Pay e do Google Pay no sistema de metrô de Moscou, entre outras inúmeras restrições em solo russo.
E o sentimento anti-Rússia não se restringe somente às autoridades ligadas a Putin, mas aos civis, imigrantes, artistas e até – pasme – à gastronomia. Entre as dificuldades enfrentadas pelos cidadãos russos fora do seu país, tem-se movimentos – concertados ou não – a externar um único objetivo, no caso, boicotar tudo o que seja associado à cultura, esporte e ao comércio russo em outros países.
Nessa toada, há vandalismos contra igrejas ortodoxas, estabelecimentos comerciais e centros culturais, além do cancelamento de espetáculos e peças teatrais. A rede de hotéis Pytloun, na república Tcheca, passou a não hospedar pessoas da Rússia e da Bielorrússia.
Na Universidade Milano-Bicocca, na Itália, a reitoria da Instituição, após pressão da comunidade acadêmica, voltou atrás do cancelamento das palestras a serem proferidas pelo escritor Paolo Nori, e que tinham como pauta falar sobre as obras de Fiódor Dostoiévski (1821-1881).
Na Bélgica, em Bruxelas, o ministro da Educação, Ben Weyts, anunciou que os estudantes russos não poderão mais solicitar apoio financeiro, pois a Federação Russa está excluída do programa de bolsas.
Na Alemanha, em Munique, cidade conhecida mundialmente pela realização da Oktoberfest, uma clínica privada anunciou que não atenderia os cidadãos russos e bielorussos. Após intensas manifestações contrárias, a restrição não durou muito tempo.
A direção da referida clínica pediu desculpas, pois sua atitude foi classificada como discriminatória e xenófoba. Em seguida anunciou a retomada dos atendimentos, além de uma doação de dez mil euros à organização Médicos Sem Fronteiras, como apoio ao trabalho realizado na Ucrânia.
Há muitos outros exemplos a serem citados, no entanto, em poucas letras, o que chama a atenção para a russofobia do século XXI, é o fato de que estamos a vivenciar uma perseguição xenófoba, pois não é uma ação contra um déspota, um tirano e seu governo, mas contra um povo.
A história da humanidade nos ensina que não devemos condenar as pessoas pelos malfeitos de seus governantes, e que esse é um caminho sem volta.
(*) Michael Almeida Di Giacomo é advogado, especialista em Direito Constitucional e Mestre em Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público. O autor também está no twitter: @giacomo15. Ele escreve no site às quartas-feiras.
Nota do Editor: a foto que ilustra este artigo, sem autoria determinada, é uma reprodução obtida no portal “Mundo ao Minuto” (AQUI), no original)
O que acontece no leste europeu não é possivel saber com certeza. Muitas analises são feitas com base em propaganda. Resumo da opera: tem muito mais coisas acontecendo e não estão no holofote da mida tradicional. Movimentações comerciais, tropas preparando para um futuro conflito na região artica. etc. Por aqui a velha guarda, ao menos alguns, fala ‘Brasil precisa de um planejamento para os proximos 50 anos’. Se aparecer algum é empulhação. Não se sabe o que vai acontecer semana que vem. Negocio é arrumar o que não está funcionando,o que não depende tanto lá de fora. Educação por exemplo.
Presidente Chines convidou Putin para a abertura das olimpiadas de inverno. Foi divulgado um comunicado conjunto. Fevereiro, dia 4, 2022. ‘Entrada das Relações Internacionais numa Nova Era e Desenvolvimento Global Sustentavel’. Publicado pelo ‘China Aerospace Studies Institute’. São 12 paginas. Até mais ou menos a metade as criticas ao ocidente/EUA são indiretas. Depois a coisa fica mais explicita. Até o caso dos submarinos australianos foi mencionado. Australia tinha contrato com os franceses para submarinos convencionais. Ianques e britanicos meteram o bedelho e fizeram o negocio gorar. Australianos comprariam submarinos movidos a energia nuclear. Russos reconheceram que Taiwan e da China, como os argentinos (que, alas, comemoram 4,7% de inflação em fevereiro).
Valery Gergiev, maestro da filarmonica de Munique, foi demitido. Apoiador de Putin foi lhe exigido a condenação da invasão da Ucrania. Anna Netrebko, cantora ligada a Putin, teve varios compromissos com a Opera Estadual da Bavaria e a Casa de Opera de Zurique cancelados. Nos EUA falar que a OTAN não tinha nada o que fazer na beirada da Russia é acusado de ‘disseminar propaganda russa, traidor, anti-patriota’. Ou seja, liberdade de expressão é coisa da Globo. De hipocrisia em hipocrisia o sistema é minado.
Basico é não confundir as pessoas com os governos a que estão vinculados. Muitos americanos são contra o que acontece atualmente. Inclusive veteranos de guerra. Dizem textualmente ‘não é nossa guerra, os EUA não são a policia do mundo’. Polarização é muito grande em certas bolhas por lá. Guerra cultural comendo solta. Exemplo? Serie no streaming sobre vikings. Um rei viking, figura histórica, esta sendo interpretado (com as devidas adaptações) por uma atriz negra. ‘Polemica’ gera muito lucro para alguns, obvio.