Por Fritz R. Nunes (com Bruna Homrich) / Da Assessoria de Imprensa da Sedufsm
Segundo o Relatório “The Future of Jobs 2020″ do Fórum Econômico Mundial (realizado anualmente em Davos, Suíça), citado pelo professor do departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSM, Lázaro Camilo Recompensa Joseph, as alterações que seguirão ocorrendo no mercado de trabalho são perturbadoras. Isso, em função de que os robôs e a inteligência artificial estão em grande ascensão.
O estudo citado pelo pesquisador mostra alguns efeitos dessa “evolução” no mundo do trabalho, tais como:
a) haverá uma perda de 8,5 milhões de postos de trabalho, que serão compensados pela criação de 9,5 milhões de postos automatizados;
b) Não há um setor mais afetado do que outro, as expectativas são de um avanço quer na área da produção quer na área da medicina;
c) 43% das empresas indicam que vão reduzir a força de trabalho devido à integração da tecnologia;
d) 41% das empresas buscarão “terceirizar” atividades não essenciais;
d) 50% de todos os funcionários (as) precisarão de uma requalificação e qualificação significativa.
Portanto, as perspectivas para a classe trabalhadora não são alvissareiras. E, no Brasil, especificamente, não é diferente. Conforme Lazaro Camilo, o país apresenta uma taxa composta de subutilização da força de trabalho de 23,6 milhões, um processo de desindustrialização precoce e bem acelerado, falta de estruturas de conhecimento, precário acesso à educação básica para desenvolvimento das habilidades requeridas para o emprego futuro.
O economista cita um outro dado do material elaborado no Fórum Econômico, no qual está destacado que 65% das crianças que estão entrando no ensino básico atualmente trabalharão em uma função completamente nova no futuro, ou seja, em um tipo de trabalho que nem existe atualmente.
Para entender um pouco a realidade do mundo do trabalho para além dos números, a professora do departamento de Ciências Sociais, Laura Senna, pontua: “O mundo do trabalho, hoje, tem se tornado essencialmente plural no que diz respeito às qualificações, gerações, etnias, gêneros etc. e mais homogêneo do ponto de vista da precarização e da diluição das fronteiras que separam o tempo de trabalho e o tempo de não trabalho”.
Na visão da pesquisadora, “todos(as) estamos trabalhando de modo mais intenso e mais horas por dia, como têm demonstrado os estudos sobre jornada de trabalho”. E, isso, segundo ela, se deve, por um lado, aos baixos salários que, com frequência, levam os trabalhadores(as) a acumularem mais de um emprego e, por outro lado, possui uma dimensão ideológica “associada a ideia de uma subjetividade empreendedora que se engaja no trabalho na crença de que, com isso, estaria ampliando as próprias competências e investindo em si mesmo”.
Emprego, salário e direitos, na visão de trabalhadoras e trabalhadores
Qual a situação do emprego, do salário e dos direitos, especialmente após a reforma trabalhista? Para Claudir Nespolo, oriundo do setor metalúrgico e atual diretor da CUT-RS, da qual já foi presidente, a categoria metalúrgica mantém o mesmo nível de emprego de antes da pandemia e da reforma trabalhista. “O que expandiu no setor metalúrgico foi a terceirização”, diz Nespolo. Segundo ele, o emprego está mais distribuído por empresas que fornecem mão-de-obra para as que demandam trabalhos específicos. “Esta expansão é visível e isso manteve o nível de emprego, mas caiu a renda da categoria”, constata.
Luiz Mário Coelho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santa Maria, também reforça que o emprego no setor metalúrgico até tem se mantido, mas no que se refere ao aspecto salarial, faz ressalvas. “Ano após ano, o que tem sido acordado de dissídio é o índice de inflação, ou até menos que isso”. E, com isso, diz ele, não se avançou para um ganho real no salário. “Eu não vejo com bons olhos essa situação, pois o trabalhador teria que ter ganho real todos os anos. Qual a categoria que teve ganho real nos últimos anos? Se existe, são poucas categorias. Isso é um prejuízo, pois na medida em que o tempo passa se perde cada vez mais o poder de consumo. E os empresários não estão preocupados com isso, mas só com o aumento da empresa”, critica Coelho.
Márcio Kolinski, diretor de Comunicação do Sindicato dos Bancários, afirma sobre o desemprego, que está em patamares acima do aceitável já há alguns anos. “Tivemos em 2020 a triste quebra de um recorde histórico: mais de 14% da população estava sem trabalho. A pandemia colaborou para isso, mas não é um fato isolado que gerou esse número. Desde 2016, o patamar ficou acima dos dois dígitos (acima de 11%) e permanece assim até hoje. Temos a quarta pior taxa de desemprego do mundo e é praticamente o dobro da média mundial”, ressaltou o sindicalista.
No que se refere a salário, avalia que junto à categoria bancária o que preocupa mais é “a inflação acumulada em alta, tendo em vista que, em 2021, o setor de habitação chegou a 13,05%, transporte 21,03% e alimentação 7,94%”. E isso reduziu muito o poder de compra do bancário e do brasileiro em geral, frisa Kolinsky…”
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