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Coletivo Memória Ativa – por Orlando Fonseca

Neste mês, o Coletivo Memória Ativa completa quatro anos de atividade, em defesa do patrimônio cultural de nossa cidade. Mesmo tendo atravessado um tempo em que reuniões estiveram inviabilizadas pelos protocolos da pandemia Covid-19, mantivemos o propósito de agregar forças para a proteção dos ícones do Centro Histórico de Santa Maria. Semana passada, comemoramos nossa permanência ativa no curso da história do Município. Desde o já distante 4 de agosto de 2018, quando lançamos o primeiro manifesto, seguimos com o plano de ação do grupo, enfrentando as intempéries, variações climáticas e mudanças no Plano Diretor. Em face destas últimas, que colocavam em risco um expressivo número de prédios da região central, sem tombamento, é que começou a ganhar corpo o trabalho de conscientização que nos atribuímos como missão. Assim continuamos mais ativos do que nunca, ao longo desse tempo de nossa mobilização, como um grupo de profissionais de várias áreas, mas com um sentimento único que nos mantém coesos: o cuidado para com a história que nos identifica como cidadãos santa-marienses.

Durante os dois primeiros anos, tornaram-se rotina os encontros semanais, para definirmos pautas e buscar formas de contribuir com as autoridades locais para fortalecer as medidas de proteção ao patrimônio cultural. Desde que os encontros presenciais foram cancelados, passamos a nos reunir de forma remota, por plataformas digitais de reuniões coletivas. E desse modo mantivemos a efetividade de nossas intervenções na coletividade. Pudemos dar continuidade ao que nos propusemos desde que assumimos a identidade de Coletivo Memória Ativa, em 27-3-2019, qual seja, dar apoio ao COMPHIC (Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural); propor uma discussão ampla e democrática para constituir uma nova legislação que garanta, de modo efetivo, a proteção ao Patrimônio Cultural. Nossa expectativa se vê contemplada com a aprovação na Câmara de Vereadores, e sanção do Prefeito das Leis que dispõem sobre o Patrimônio, o Conselho e o Fundo Municipal, sabendo que só a lei não basta. Durante vários de nossos encontros, reunimos exemplos de legislação bem-sucedidos em outros municípios brasileiros, o que permitiu fazermos sugestões na elaboração dos Projetos encaminhados pela Prefeitura ao Legislativo.

Estamos atentos, do mesmo modo, com encaminhamentos para a recuperação e manutenção da Gare, cujo prédio foi cedido pela União ao Município, com a definição de prioridade de uso para a cultura e a memória ferroviária. Em razão de desconformidade com esse propósito, juntamo-nos a um grupo de cidadãos que questionaram judicialmente o edital para cessão onerosa. Com a decisão favorável da Justiça, estamos acompanhando os desdobramentos, a fim de que se garanta uma imediata ação para que aquele sítio histórico possa integrar, com eficiência, o registro de desenvolvimento de nossa cidade. Temos as maiores expectativas em relação ao Distrito Criativo Centro-Gare, que tem a nossa representação, e que dará a merecida feição a essa área nobre de nossa cidade.

Mantemos ainda viva a nossa missão de sensibilizar os santa-marienses de que uma cidade não se desenvolve apenas pela expansão em termos econômicos, pela abertura de vias modernas, implantação de novos empreendimentos, construção de novos prédios. Se os índices materiais dão a feição da cidade, a cultura é a sua alma. Não é eliminando os vestígios do passado que vamos dar uma cara nova à Santa Maria; simplesmente estaremos apagando a memória da construção de sua identidade. Queremos, neste aniversário do Coletivo, que o presente seja a manutenção da riqueza de nosso passado. Só assim o futuro terá a essência dos santa-marienses que convivem hoje neste belo lugar – o coração do Rio Grande do Sul.

(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.

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4 Comentários

  1. Deixando de lado o pessoal que acha que a aldeia tem futuro como centro logistico (vacas, bois e pés de soja compram muito pela internet), agora irão ocorrer muitas reuniões de ‘tree huggers’ onde já havia reuniões de ‘abraçadores de prédios velhos’. Para uns algo altamento ‘simbolico’. Outros desconfiam que algum grau de retardamento mental ou infantilidade estão está envolvido.

  2. Santa Maria perde tempo e energia querendo ser o que não pode (por uma serie de fatores, inclusive localização) e deixa de fazer o que tem vocação. Vide Plano de Desenvolvimento Estrategico, tem foto do shopping da ‘patotinha’, tem o ‘chip com reconhecimento mundial’ (Kuakuakuakua! este é para dar risada), uma lista de desejos e o substrato da coisa é deixar como está para ver como é que fica. Metas genericas para sonhos beirando o impossivel. Enquanto isto a cidade perdeu o protagonismo na saúde para Passo Fundo, Restinga Seca está crescendo devido ao Recanto Maestro e até Santo Angelo está se destacando. Alguns colocam a culpa na infraestrutura, culpa é sempre dos outros, mas na realidade é a mentalidade do pessoal que é responsavel, inclusive do bando de palpiteiros que se reune semanalmente (alguns há decadas) para falar a mesma coisa sobre os mesmos assuntos. Palpite sai barato, custa a saliva, não cria obrigação de fazer nada de pratico. Uma boa maneira de se eximir, ‘a minha parte está feita’.

  3. Soviet Memoria Ativa, parece Planet Hemp, cannabis sativa na cabeça ativa, é só mais um agrupamento da cidade. Existe o agrupamento que faz a governança do Distrito Criativo (o Indigesto entregou parte do centro para o PT como pagamento da reeleição e tenta emplacar o sucessor). Há também o Comite pelo Meio Ambiente que inclui as pessoas que foram eleitas para resolver o problema e não resolvem. Resumo é obvio, muito confete e serpentina, show de luzes, muito ‘debate’ e nada acontece. Simples assim.

  4. Governo Schirmer, algo já comentado, fez duas coisas dignas de nota. Convenio com a Embrapa (se não me engano) para o mapeamento do solo do municipio para determinar as culturas mais favoraveis. Contratação de um economista da capital para fazer um diagnostico do sistema hoteleiro da urb. Analise feita por gente de fora não é falta de capacidade dos autoctones. Objetio é que seja imparcial, as pressões são menores, o(a) especialista vai embora e os(as) descontentes que reclamem com o Arcebispo.

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