Busca da felicidade – por Orlando Fonseca
Em tempos de propaganda eleitoral, é um bom momento para revisarmos alguns conceitos importantes para o que se desenha ao nosso país, no próximo período. Em primeiro lugar, é recomendável esquecer boa parte do que aconteceu na conjuntura, nos últimos anos. Claro, não a ponto de repetir erros, tanto mais se considerarmos que, como eleitores, o futuro depende de nossas decisões e escolhas. O voto, por mais importante que seja, não esgota nossas responsabilidades como cidadãos. Já que vivemos em uma democracia representativa, nosso dever é também fiscalizar o que aqueles que nos representam estão fazendo nos parlamentos e gabinetes da administração pública. Mas o que desejo apontar, com esta despretensiosa crônica, é que o fim último dos projetos da cidadania é a busca da felicidade. Pode ser até que o leitor ache que isso não tem a ver com a política, mas é bom estar atento.
Tanto é uma aspiração política que está na “Declaração da independência dos Estados Unidos”. Como um modelo das democracias modernas, este documento registra: “Consideramos estas verdades como autoevidentes, que todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes são vida, liberdade e busca da felicidade.” Embora tenha sido trazida ao texto oficial por Thomas Jefferson – o redator principal – na verdade há uma corrente de pensadores que acompanha a evolução do pensamento civilizatório. Em um ensaio de 1681, o filósofo inglês John Locke firmava o conceito, dentro do pensamento liberal, mas ele comunga das ideias e as desenvolve a partir dos filósofos gregos, Aristóteles e Epicuro, para os quais o ser humano, um ser racional e social, está dotado de uma propensão natural para buscar a felicidade. Para tanto, precisam desenvolver as virtudes e o aperfeiçoamento da mente.
Da Constituição brasileira depreendemos que a busca de felicidade está assegurada pelos direitos fundamentais, relacionados ao princípio da dignidade da pessoa humana. Entretanto, o senador Cristovam Buarque propôs uma alteração no Artigo 6º da CF, para tornar explícito (e mais evidente) o direito à busca da Felicidade por cada indivíduo e pela sociedade, mediante a dotação pelo Estado e pela própria sociedade das adequadas condições de exercício desse direito. É o que se lê na Ementa daquela que ficou conhecida como a PEC da Felicidade, que ficou só na pretensão. Em uma busca rápida no site do Senado, podemos notar o destino que foi dada à tal emenda: “Arquivada ao final da Legislatura (art. 332 do RISF) Destino: Ao arquivo Último estado: 26/12/2014 – ARQUIVADA AO FINAL DA LEGISLATURA. Ou seja, até mesmo a busca da felicidade em nosso país se perde nos descaminhos da vida política. Não por acaso, se lembrarmos de tudo o que aconteceu em nosso Brasil, despois daquela data.
Por isso reivindico aqui, para o eleitor, a atenção para este quesito em sua escolha, nas próximas eleições – que estão bem próximas. Primeiro, é preciso refutar promessas infundadas, e pesar muito bem o histórico dos que buscam se reeleger, porque o seu histórico como político ou administrador diz muito sobre a sua capacidade de realizar esta virtude cidadã. Pode não estar explicita na nossa Magna Carta, como queria o senador, mas os artigos que tratam dos direitos do cidadão trazem um desdobramento deste propósito. Por isso, ao eleitor cabe dar o seu voto consciente, com acerto, para não se arrepender (causa de muita infelicidade) depois. E isso não se refere apenas à sua condição pessoal, mas é uma realização para a coletividade, para toda a sociedade, enfim para toda a Nação. Um voto solidário e altruísta será capaz de construir as bases para que cada um, sem medo, tenha a condição de ser feliz.
Temos um sistema realmente eficaz, não apenas pelas testagens técnicas, mas pelos relatórios de observadores internacionais. Então, tudo o que precisamos fazer é agir como um ser racional (não se deixar levar por fake news) e social (pensando no bem comum), para buscar a felicidade, pois serão difíceis os anos que se seguem.
(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.
Dizem que uma das preocupações da FIFA é com a gurizada Tik Tok. Quem gosta de video de um minuto não tem paciencia para ficar mais de 90 minutos olhando um esporte que na maior parte do tempo nada acontece. As pessoas tem que se adaptar ao periodo que vivem e não o contrário. Observadores internacionais só observam. Não analisam nada tecnicamente, até porque o tribunal não abre muita coisa. Eleição ocorrera como sempre e será respeitada. Problema são os problemas que não se resolvem, ao menos não fora do marketing. Muita cavalgadura ambulante por ai se acha muito racional. Fake News existem para todos os gostos e bandeiras. Bem comum? Cada um por si e Deus por todos, farinha pouca meu pirão primeiro. E a filosofia dos paços.
Coletividade, voto solidário e altruista, blábláblá. Não é pela repetição que alguém muda de idéia. Alás, mudar de ideia é não é coisa simples. Coisas de velhos. Lembra o chato das calçadas, acha que alguém liga o radio ou a tv para o mala reclamar sempre das mesmas coisas. Ou os ‘super éticos’, os ‘sabe com quem está falando’. Prefeitura tem aplicativo e lugar no site para informar as lampadas queimadas da iluminação publica. Os que se acham melhores que o resto da população não querem se dar ao trabalho, têm acesso a microfones (rádio/televisão) e ficam mandando recados para o integrante da patotinha que trabalha no paço municipal. Muito republicano e muita ‘cidadania’.
Mais Adam Smith? “Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que esperamos nosso jantar, mas da consideração que eles tem pelos próprios interesses.” ““A virtude deve ser mais temida do que o vício, porque seus excessos não estão sujeitos à regulação da consciência.” “Felicidade é aquilo que ganhamos pelo agir.” Falou algo sobre ‘muitos trabalharem para o beneficio de poucos” também, no Brasil a frase lembra os agentes politicos e os servidores publicos.
Adam Smith, muito falado e pouco lido. ‘Ser humano é um animal que faz barganhas, nenhum outro animal faz isto; um cachorro não troca ossos com outro”. “O que vai gerar a riqueza das nações é o fato de cada indivíduo procurar o seu desenvolvimento e crescimento econômico pessoal”. “A ambição universal do homem é colher o que nunca plantou.” “A ambição individual serve o bem comum”. “Felicidade é aquilo que ganhamos pelo agir.” “Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que esperamos nosso jantar, mas da consideração que eles tem pelos próprios interesses.” “Para um homem muito rico deve haver pelo menos quinhentos pobres, e a riqueza de poucos supõe a indigência de muitos. A riqueza dos ricos excita a indignação dos pobres, que muitas vezes são movidos pela carência e motivados pela inveja para invadir suas posses.”
Século XVIII já terminou faz tempo. Felicidade não é um estado permanente, obvio. Emenda de Cristovão Buarque foi só mais uma asneira. Dizia que quando sentia necessidade de se informar ia até a Embaixada de Cuba, lá a informação era ‘melhor’. Alás, porque não acrescentou outra copia dos ianques, imprimir em toda nota de dinheiro o ‘Em Deus nós confiamos”.
‘Em primeiro lugar, é recomendável esquecer boa parte do que aconteceu na conjuntura, nos últimos anos.’ Para quê? Para não lembrar que o STF tirou uma pessoa da cadeia para concorrer? Ou talvez as Jornadas de 2013? ‘Até aqui não vale porque me é prejudial”? Obvio que não.