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ELEIÇÕES 2022. Mais da metade dos candidatos aos cargos no pleito de outubro se autodeclarou negro

Participação dessa população na política ainda necessita de avanços

Por Assessoria de Imprensa do TSE

Este domingo, 20 de novembro, é o Dia da Consciência Negra. A data reforça a importância de uma sociedade antirracista, o fomento do protagonismo negro e a conscientização para construir uma efetiva democracia racial no Brasil. E na democracia não pode ser diferente. Nas Eleições 2022, o número de candidatos negros, 14.712, superou o de brancos, o que representa 50,27% do total de inscrições (29.262). Em 2018, quando também houve eleição geral, as candidaturas negras foram 46,4% do total. Apesar disso, os dados mostram que ainda há muito a fazer para alcançar a equidade racial também entre os representantes do povo.

Embora tenha sido registrado o aumento de 8,64% entre as candidaturas negras neste pleito em relação a quatro anos atrás e o incremento de 11,4% na quantidade de eleitos em comparação ao mesmo período, em 2022, somente 32,12% negros foram eleitos. O número ainda continua baixo, apesar de os negros serem a maioria da população brasileira, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em relação às candidaturas de autodeclarados negros, os cargos para presidente, deputado federal e governador registraram aumento em comparação a 2018. O incremento foi de 1,6%, 43,1% e 34,3%, respectivamente. Já os cargos de deputado estadual e distrital registraram queda, sendo 0,86% e 41%, na ordem.

Em relação às pessoas negras eleitas, houve aumento no pleito deste ano quando comparado com as eleições de 2018. Os cargos para deputado estadual, federal e governador registraram elevação de 23,7%, 9,8% e 28,6%, respectivamente. Para o cargo de deputado distrital, disputado somente no Distrito Federal, o número de negros eleitos permaneceu o mesmo, 11.

Avanços
Em 2020, o TSE aprovou que a distribuição dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) e do tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão deve ser proporcional ao total de candidatos negros que o partido apresentar para a disputa eleitoral. A partir disso, foram inseridos nas Resoluções TSE nº 23.605/2019 e nº 23.610/2019 artigos que tratam das candidaturas negras.

Em março de 2022, o TSE instituiu, por meio da Portaria nº 230/2022, a Comissão de Promoção de Igualdade Racial. O grupo é responsável por elaborar estudos e projetos para ampliar a participação da população negra nas eleições.

Luta constante
No dia 8 de novembro deste ano, durante evento do projeto “Diálogos Democráticos” que abordou a importância das mulheres na política e o papel delas para o aprimoramento da democracia, a questão racial permeou os assuntos em pauta. O encontro foi organizado pela Escola Judiciária Eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em parceria com a Escola de Formação Política Kátia Tapety, o Instituto Internacional Sobre Raça, Igualdade e Direitos Humanos e a Fundação Friedrich Ebert Siftung (FES Brasil).

Em um dos painéis, o coordenador executivo da Comissão de Igualdade Racial do TSE, Fábio Esteves, trouxe à reflexão os privilégios masculinos e afirmou que houve um baixo número de pessoas autodeclaradas pretas e pardas eleitas em 2022. Segundo ele, o racismo estrutural na sociedade e na política não melhorou, mas sim criou novas formas de segregação, o que faz muitas pessoas acreditarem que o cenário está diferente. Ele destacou ainda que, apesar de pessoas negras se candidatarem, a maioria não é eleita.

O ministro Benedito Gonçalves, que também é coordenador institucional da Comissão de Igualdade Racial do TSE, expressou a satisfação por ter participado de um evento dessa natureza no mês da Consciência Negra. “Consciência negra que nasceu em atos de violência que se tornaram atos de sucesso, de glórias e de superação de obstáculos”, pontuou, ao relacionar os avanços nas políticas de igualdade racial no Brasil a eventos de violência e discriminação que os precederam.

O evento foi concluído com as palavras do presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes. Ele destacou que, apesar de muitas conquistas, o Brasil hoje vive um momento de grande desrespeito à diversidade. Mas, segundo Moraes, é em situações como a que vivemos atualmente que a luta cresce e os avanços são conquistados. “É uma luta constante. Nós vamos continuar avançando. Vamos continuar tendo problemas, mas vamos continuar avançando”, incentivou Moraes.

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