Por Gustavo Salin Nuh / Da Agência de Notícias da UFSM
Conforme dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Características dos Moradores e Domicílios (PNAD Contínua), divulgados em 2022 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira manteve a tendência de envelhecimento dos últimos nove anos. O estudo aponta que pessoas com 60 anos ou mais representam 14,7% da população residente no Brasil em 2021. Em números absolutos, são 31,23 milhões de pessoas.
O Estatuto da Pessoa Idosa, a partir da Lei nº 10.741/2023, deve destinar e regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Ademais, reconhece que é obrigação do Estado e da sociedade assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, seja enquanto pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais. A prática de esportes e de diversão é um desses aspectos de direito à liberdade.
Entenda o que é atividade física
O Guia de Atividade Física para a População Brasileira apresenta recomendações e informações do Ministério da Saúde sobre atividade física para que a população tenha uma vida ativa, promovendo a saúde e a melhoria da qualidade de vida. Além disso, o material define a prática de exercícios como importante para o pleno desenvolvimento humano e que deve ser feita em todas as fases da vida. Ou seja, crianças, jovens, adultos e idosos podem praticar algum tipo de atividade física.
Gustavo Duarte, professor do Centro de Educação Física e Desporto (CEFD) da UFSM, que atua nas áreas do Ensino e Didática de Dança, nos estudos de Gênero e Sexualidade, Corpo, Cultura e Envelhecimento, explica que pessoas idosas têm inúmeros benefícios ao fazer algum tipo de atividade física, sejam eles cognitivos, psicológicos ou sociais, pois interferem positivamente na qualidade de vida de maneira geral.
Atividade física é caracterizada como um comportamento que envolve os movimentos voluntários do corpo, com gasto de energia acima do nível de repouso e que promove interações sociais e com o ambiente. Esse tipo de atividade pode acontecer no seu tempo livre, em seu deslocamento, seja para o trabalho ou estudo e nas tarefas domésticas. São exemplos de atividade física: caminhar, correr, pedalar, brincar, subir escadas, carregar objetos, dançar, limpar a casa, passear com animais de estimação, cultivar a terra, cuidar do quintal, praticar esportes, lutas, ginásticas, yoga e muito mais.
Atividade física para idosos
Um dos capítulos do Guia de Atividade Física para a População Brasileira traz informações sobre atividade física para idosos e esclarece que a prática de exercícios possibilita mudanças na qualidade de vida. Alguns resultados podem sair mais rápidos do que outros, porém, mesmo aqueles que não são perceptíveis são importantes, sugere o guia.
Confira a seguir algumas dessas mudanças, conforme o Guia:
Ajudar na manutenção da memória, atenção, concentração, raciocínio e no foco;
Auxiliar no controle do peso corporal;
Melhorar a capacidade de movimentação, da postura e do equilíbrio;
Melhorar a qualidade do sono, da autoestima e da autoimagem;
Melhorar as habilidades de socialização;
Promover o desenvolvimento humano e bem-estar;
Reduzir o colesterol, o diabetes (alto nível de açúcar no sangue), riscos de desenvolver doenças do coração e alguns tipos de câncer;
Reduzir o risco de quedas, lesões, dores nas articulações e nas costas;
Reduzir os sintomas de ansiedade e de depressão;
Reduzir riscos de demência, como a doença de Alzheimer.
O professor Duarte destaca que a prática de 20 a 40 minutos diários de atividade física já traz benefícios a pessoas idosas. “O ideal é começar aos poucos e ir intensificando as atividades e tempo de duração. Pode-se começar pela atividade preferida, por exemplo, e depois ir agregando nova e variando”, indica o professor.
Projetos Corpo + e Dança +
As atividades do Corpo + e Dança + ocorrem todas as quintas-feiras, das 15h30 às 17h30, no Complexo Didático e Artístico (CDA), ao lado do CEFD. Ginástica e dança são atividades desenvolvidas nos projetos. Além do cuidado com a saúde em geral, o foco de trabalho nessas iniciativas está na sociabilidade de idosos e na melhora da qualidade de vida como um todo, explica Gustavo, professor e coordenador do projeto.
Qualquer pessoa com mais de 40 anos pode participar do Corpo +, apenas deve levar atestado médico que a libere a participar. Além da turma de 40+, há outra para pessoas com mais de 60 anos. Por enquanto, as turmas estão misturadas, com o intuito de integrar e fortalecer o grupo. Após essa junção, os grupos serão separados em duas turmas, a primeira de 40 a 60 anos e a segunda para quem tem mais de 60 anos.
Veja o que diz a comunidade:
Adriana Santos, 50 anos, diz ter interesse em participar do projeto porque tem dança. “É importante fazer essa movimentação para melhorar a saúde e o condicionamento”, completa.
Maria Cristina Godoy, 66 anos, relata que fica muito tempo sentada e que projetos como esses possibilitam a prática de exercícios. Além disso, diz ter as melhores expectativas, principalmente na melhora da saúde.
Vitória Mença, 73 anos, quer aproveitar a oportunidade de entrar em um projeto assim. “É muito bom para nós que estamos chegando na melhor idade. Se movimentar faz bem pra vida da gente, pra saúde”, explica.
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