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POLÍTICA. Carta com 12 pontos de críticas à política de Leite na Educação marca renúncia de Burmann

Pedetista deixa cargo de direção na secretaria estadual. E não sai em silêncio

Por Claudemir Pereira / Editor do Site

Paulo Burmann faz um desabafo e pontua suas críticas às políticas do governo (foto Reprodução)

Havia uma clara divergência entre o ex-reitor da UFSM, o pedetista Paulo Burmann, nomeado Diretor Geral da secretaria estadual de Educação em fevereiro, e as diretrizes do governo de Eduardo Leite. O desenlace, após pouco mais de sete meses no cargo, foi inevitável. Ele se deu na última quinta-feira, 28 de setembro, quando o professor comunicou sua decisão à secretária Raquel Teixeira e a ela entregou sua carta de renúncia.

É exatamente este documento que tornou-se público nesta quinta-feira, dia 5. Nele, em nada coincidentes 12 (o numero do PDT) pontos, Burmann faz um verdadeiro desabafo e não esconde suas críticas. É o documento que você lê a seguir, na íntegra:

Porto Alegre, 28 de Setembro de 2023.

Indicado que fui pelo Partido Democrático Trabalhista, em janeiro do corrente ano para atuar pelo partido e seus princípios na nobre área da educação, pilar do trabalhismo de Getúlio Vargas, João Goulart, Alberto Pasqualini, Darcy Ribeiro, Alceu Collares, Brizola e de tantos outros expoentes e fundantes do trabalhismo brasileiro moderno, informo que pela coerência que tem orientado minhas ações políticas e pelas razões a seguir solicitei meu desligamento da função que ocupo na Direção Geral (DG) da Secretaria de Estado da Educação (SEDUC):

1. A DG é uma função que foi esvaziada e o cargo não conta com qualquer assessoria para o desenvolvimento da atividade e não permitiu a discussão e implementação dos princípios compreendidos como basilares para uma educação trabalhista frente ao liberalismo e as necessidades reais da população que depende da educação pública;

2. Incompatibilidade nas políticas adotadas frente a ideia de uma educação verdadeiramente emancipadora e cidadã a partir do modelo dos CIEPS com retomada da educação integral para o ensino fundamental, além da discordância com projeto das escolas cívico-militares;

3. A falta de um novo modelo de contratação do serviço de merenda escolar, para atender a milhares de crianças que também dependem da alimentação para melhor aprender;

4. Os Problemas vividos na educação no campo, particularmente o do transporte escolar. Há vários municípios no RS dependendo apenas de remuneração justa para que o município transporte os estudantes das escolas estaduais da zona rural; algumas escolas do campo, indígenas e quilombolas têm funcionado em condições precárias e as soluções se arrastam de maneira incompreensível;

5. A urgência na valorização da carreira dos profissionais da educação, que passa por profunda discussão sobre a federalização do sistema da educação pública como um todo e a federalização da carreira; Não haverá educação pública de qualidade sem investimento público, também qualificado, o que nunca poderá ser tratado como gasto ou algo “caro” – “Cara mesmo é a ignorância do povo brasileiro”;

6. Há um passivo de infraestrutura que se acumula há mais de 8 anos, agravados por entraves técnicos e burocráticos;

7. Há um passivo preocupante no PPCI das edificações escolares que não vem recebendo a devida atenção;

8. Quase 2.000 escolas sem quadra esportiva e/ou salão de eventos/área de recreação na forma de pavilhão coberto/fechado; programa Escola Aberta está suspenso e sem definição de futuro;

9. Programa “Escola melhor, sociedade melhor” precisa de maior articulação política e incentivo à comunidade;

10. Há um grande volume de emendas parlamentares disponíveis, inclusive de exercícios anteriores, ainda aguardando execução;

11. Preocupa o elevado volume de recursos empenhados em consultorias que poderiam ser realizadas, quando necessárias, junto às instituições gaúchas capacitadas e que conhecem a realidade gaúcha;

12. Apesar dessas dificuldades, procurei fazer o que esteve ao meu alcance e além, colocando, sempre que possível, minha experiência de duas décadas na gestão pública da educação e com grandes equipes, a serviço da SEDUC. Tratei a equipe da SEDUC e a todos aqueles que me procuraram com urbanidade, cordialidade, respeito e atenção; sempre lhes ofereci apoio e respostas, algumas delas truncadas pela burocracia que domina a tomada de decisões e compromete a agilidade necessária.

Portanto, entendo que é o momento de seguir outros caminhos e minha luta pela educação pública em outras frentes. Ressalto que continuarei à disposição e militando pelos ideais do Partido Democrático Trabalhista, na expectativa de muito melhores dias na educação pública do Rio Grande do Sul e do Brasil.

Também, estarei dedicado ao fortalecimento e à retomada do protagonismo trabalhista em Santa Maria e na região central do RS, onde há um grande espaço para crescimento. Como trabalhista convicto e com o currículo que construí nestes anos, me julgo capaz de alavancar a retomada dos espaços perdidos pelo PDT.

Agradeço pela oportunidade de ter contribuído para com a educação do Rio Grande do Sul, ainda que nos limites impostos para a Direção Geral.

Atenciosamente,

Paulo Afonso Burmann

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5 Comentários

  1. Importante observar. Não é fora de contexto. Ciro Gomes foi para as redes sociais. Tem ‘live’ semanal, videos curtos, etc. Tem uma newsletter. A retorica é ‘anti-capitalismo’, ‘anti sistema financeiro’, ‘anti mercado de capitais’, ‘desenvolvimentista’. Até ex-militares lobistas da ‘industria de defesa’ se utilizam desta ‘retorica’. Que é para lá de ultrapassada, são fosseis politicos. Getúlio Vargas, João Goulart, Alberto Pasqualini, Darcy Ribeiro, Alceu Collares, Brizola. Itagiba morreu há 19 anos. Collares está com 96 anos. ‘[…] e de tantos outros expoentes e fundantes do trabalhismo brasileiro moderno, […]’ não são citados porque não existe trabalhismo moderno no Brasil. É a mesma ladainha de sempre. Resumo da opera: existe orquestramento na coisa. E tem gente que se diz ‘neutra’ na urb que já se revelou no discurso.

  2. ‘[…] me julgo capaz de alavancar a retomada dos espaços perdidos pelo PDT.’ Tanto melhor, faz do partido um alvo mais facil.

  3. ‘[…] implementação dos princípios compreendidos como basilares para uma educação trabalhista frente ao liberalismo […]’. Governador eleito é do PSDB, programa de governo a ser implementado é o dele. É quem tem voto.

  4. ‘[…] o cargo não conta com qualquer assessoria para o desenvolvimento da atividade […]’. Faltaram aspones e cabides. Logo esfregar a barriga na mesa sem alguem para babar ovo não tem graça.

  5. O ‘trabalhista convicto’ acabou com o vestibular da UFSM num canetaço combinado com o DCE por motivos de alinhamento politico-ideologico. Terminou com a exposição feira também por motivos ideologicos (‘bem publico não pode ser utilizado para lucro privado’). Alas, recenseamento de pesquisadores de origem israelense. exemplos não faltam.

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