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Constança Oliva de Lima (segunda metade do século XIX) e Anna Maria das Virgens Pereira Rabello e Gavinho (1832-1856) – por Elen Biguelini

Constança Oliva de Lima foi educadora em Macaé. Ela compilou duas obras de receitas de confeitaria. Seus livros foram reeditados diversas vezes durante o século XIX.

Ainda que tenha compilado ambos os livros, as receitas são da autoria de Anna Maria das Virgens Pereira Rabello e Gavinho, uma fidalga de uma região próxima a capital do Império.

Anna Maria nasceu em Macaé, em 15 de abril de 1832, filha do Coronel José Pereira Rabello e de sua esposa Anna Maria das Virgens Cardoso. Casou em 30 de janeiro de 1847 com o comendador José Gavinho Viana. Faleceu na fazendo que morava em Macaé, no dia 2 de abril de 1856. Era conhecida como “Sá Dona”.

Seu livro “Doceira Brasileira” é o primeiro manual de confeitaria do país.

Obra
“Doceira Brasileira ou novo guia manual para se fazerem todas as qualidades de doces seccos, de caída, cobertos ou confeitados, compostas, sopas doces, natas e cremes de leite, geleias, fabricações das pastilhas flores e fructas, diferentes figuras e flores de assucar: conservação das fructas em agoardente, depuração e refinação do assucar, do mel e da rapadura, fabricação dos xaropes, ratalias ou lições de sumos de fructas por enfusão, gelos artificiais em todo o anno, e sorvetes de todas as qualidades”. Rio de Janeiro, Livraria de H Laemmert, 1850. Vendido no “pateo do Collegio, casa do livro azul”.

“Cozinheiro Imperial ou Nova Arte do Cozinheiro e do Copeiro em todos os seus ramos, contendo as mais modernas exquisitas receitas para com perfeição e delicadeza se prepararem differentes sopas, e variadíssimos manjares de carne, de vaca, vittela, carneiro, porco e veado; de caris, vaitapás, carurús, angus, moquecas, e diversos quitutes de aves, peixes, marisco, legumes, ovos, leite; o modo de fazer massas e vários doces, procedido do methodo para trinchar e servem bem á mesa, com ma estampa explicativa, e seguido de um diccionario dos termos thecnicos de cozinha, por R. C. M. , chefe de cozinha. Terceira edição, mais receitas novas por Constança Oliva de Lima” . Rio de Janeiro, Livraria de H Laemmert, 1851. Acesso via https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/3828?locale=en

Referências
Periódico “Diário de Pernambuco”, 1850. Edição 232, de 14 de outubro de 1850, pg 4.

Periódico “Correio Mercantil”, 1851. Edição 164, de 12 de julho de 1851, pg 4. E edição 171, de 21 de julho de 1851.

Frossard, Larissa; Gavinho, Vilcson, org. “Macaé nossas mulheres, nossas histórias.” Macaé, RJ: Macaé Offshore, 2006, pp. 199-200.

Monteleone, Joana. Uma análise do livro Doceira Brasileira. Revista Ingesta, 1(2), 2019, 245. Acesso via https://www.revistas.usp.br/revistaingesta/article/view/164686.

Morena, Socialista. “Segundo livro de receitas publicado no Brasil foi escrito por uma mulher ou duas”. Acesso via. https://revistaforum.com.br/blogs/socialista-morena/2020/8/30/segundo-livro-de-receitas-publicado-no-brasil-foi-escrito-por-uma-mulher-ou-duas-81624.html

Soares, Lucia. “O Dicionário do Doceiro Brasileiro: os livros de confeitaria do Segundo Império Brasileiro”. Acesso via https://museudoacucar.com.br/o-dicionario-do-doceiro-brasileiro-os-livros-de-confeitaria-do-segundo-imperio-brasileiro/

Viana Junior, Fernando Santa Clara. “Construindo o nacionalismo à brasileira: os livros de cozinha do séc. XIX”. Acesso via https://periodicos.ufes.br/semanadehistoria/article/view/23090

(*) Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.

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