GOLPE: Estelionatários se passam por membros de ‘facção’ e ameaçam pessoas para extorquir dinheiro
Delegado santa-mariense diz que valores não devem ser pagos aos bandidos
Por José Mauro Batista (com foto Freepik) / Editor do site Paralelo 29
O delegado Marcelo Mendes Arigony, titular da Delegacia de Homicídios de Santa Maria, divulgou um alerta sobre um novo golpe: estelionatários escolhem vítimas aleatórias, captam informações e fotos em redes sociais e entram em contato com a pessoa afirmando saber que elas fizeram denúncias à polícia. A partir daí, para não assassinarem a própria e vítima e familiares, eles cobram valores.
Arigony diz que já foi procurado por vítimas desse golpe e orienta que as pessoas não paguem nada aos criminosos, já que se trata de um golpe. Nas ameaças, os estelionatários que se passam por membros de facções ameaçam as vítimas de sequestro, dizem que vão colocar fogo na casa ou na empresa das pessoas e até ameaçam matar familiares caso não paguem a quantia exigida.
Extorsão praticada por presidiários
De acordo com informações preliminares, este é mais um golpe aplicado por presidiários. Muitas vezes, nem são pessoas da cidade, mas sim criminosos que pegam informações na internet, de forma aleatória.
As vítimas, geralmente, são empresários, donos de pequenos estabelecimentos e profissionais liberais. Jà há registro de vítimas em outros estados e no Rio Grande do Sul.
“Em todos os casos até hoje se trata de golpe, meras ameaças, normalmente praticadas por presos que nem estão aqui na cidade. Que passam o dia inteiro dentro da cadeia fazendo esse tipo de coisa, em centrais do crime. O preso de fora do Estado entra no mapa da nossa cidade pelo Google, descobre as vítimas, normalmente empresários e profissionais liberais por ali”, explica o delegado.
Confira o alerta do Delegado
“Tem se popularizado um golpe em que ligam para as pessoas e dizem que são da facção criminosa e ameaçam as pessoas dizendo que descobriram que elas denunciaram alguém da facção ou alguma variação desse golpe.
Para isso eles usam grupos de puxadas de dados facilmente acessíveis no telegram. Jogam o nome ou CPF da pessoa alvo e descobrem dezenas de dados pessoais.
Depois vão para o Facebook ou Instagram e descobrem e salvam fotos da família, dos filhos, o colégio onde estuda.
A seguir usam essas fotos, enviando aos alvos fazendo ameaças que vão matar a família, sequestrar, colocar fogo na empresa etc.
Estou fazendo o alerta porque tenho sido demandado por alguns conhecidos que nos procuram bem preocupados, alguns até querendo ir embora da cidade com medo das ameaças.
Em todos os casos até hoje se trata de golpe, meras ameaças, normalmente praticadas por presos que nem estão aqui na cidade. Que passam o dia inteiro dentro da cadeia fazendo esse tipo de coisa, em centrais do crime.
O preso de fora do Estado entra no mapa da nossa cidade pelo Google, descobre as vítimas, normalmente empresários e profissionais liberais por ali.
O que escrevo aqui é para prevenir.
NUNCA pague. É golpe! Se pagar, as ameaças vão se tornar mais sérias porque eles percebem isso como um alvo potencial fácil. Em qualquer situação, ligar para o 190 ou procurar a delegacia de plantão.
Delegado Marcelo Arigony, Delegacia de Homicídios”…
…Vítima no Ceará
Em agosto do ano passado, um microeempreendedor (MEI) de 25 anos, morador do Ceará, foi vítima desse golpe. Conforme reportagem do G1CE, um golpista se passou por líder de uma facção que atua no Estado e enviou áudios e mensagens de ameaças ao jovem e a sua família.
Para não consumar as ameaças, o estelionatário exigiu um repasse de R$ 650. A vítima contou que dias antes de receber as ameaças, abriu um cadastro de MEI no portal do governo federal.
A partir daí, começou a receber emails com mensagens estranhas. Como ele não deu bola às tentativas de cobrança de uma taxa de MEI, as ameaças mudaram de tom e passaram a ser mais agressiva.
Golpistas tentaram extorquir mãe de desaparecido
Uma variação desse golpe também aconteceu em Santa Maria durante a pandemia de covid-19. Na época, o Paralelo 29 publicou uma reportagem sobre o desaparecimento de um jovem e colocou o telefone de um familiar para contato, a pedido da família.
Meses depois, o corpo do jovem foi encontrado. Possivelmente, ele tenha sido executado. Passado um tempo, o familiar entrou em contato com o Paralelo 29 para dizer que pessoas que teriam assassinado o rapaz estavam cobrando uma dívida que ele não teria pago e que seria o motivo da execução.
Os golpistas se passaram pelos assassinos do jovem e tentaram extorquir a família. O caso foi encaminhado ao então delegado de Homicídios, Gabriel Gonzales Zanella, que orientou a família a não pagar nada, já que se tratava de mais um golpe. Os golpistas desistiram, e as ligações cessaram.
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(*) Esse material foi publicado com a autorização do editor do Paralelo 29, dentro do acordo de parceria que une os dois sites.
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