Como vencer um debate sem precisar ter razão – por José Renato Ferraz da Silveira
Na obra “Como vencer um debate sem precisar ter razão” de Arthur Schopenhauer (livro que o filósofo deixou inconcluso ao falecer), o “filósofo do pessimismo” lança alguns estratagemas retóricos – maquiavélicos e imorais – para vencer um debate e ao mesmo tempo ridicularizar (e ludibriar) o oponente.
Destacarei três estratégias retóricas extraídos do livro inacabado de Schopenhauer:
a) “Generalize as afirmações do seu oponente: consiste em levar a afirmação do oponente além de sua fronteira natural, tomá-la e interpretá-la da maneira mais ampla e generalista possível e exagerá-la; ou pelo contrário, tomá-la no sentido mais restrito possível, fechá-la nos menores limites possíveis, porque quanto mais geral se torna uma afirmação, mais ataques ela pode receber”.
Exemplo: generalize ou simplifique a afirmação do oponente. Utilize-se de ironias e sarcasmos. Demonstre que o seu oponente não possui sólidos e técnicos conhecimentos sobre o tema.
b) “Faça o oponente concordar de forma indireta: quando a disputa se desenrola de maneira um tanto rigorosa e formal e se deseja claramente chegar a um acordo, então quem fez as afirmações e quer prová-las deve agir contra o oponente, colocando-lhe questões para demonstrar a verdade a partir de suas conclusões. Esse método erotemático (também chamado de socrático) foi especialmente utilizado pelos antigos”.
Exemplo; procure demonstrar as fragilidades, as lacunas e as inconsistências das afirmações do oponente. Force-o a admitir que faltam rigor e precisão nos conceitos. Explore a insegurança, a passividade, o abatimento, as imprecisões e a falta de clareza na argumentação do interlocutor. Provoque-o. Que ele fique enredado na sua teia. Faça o reconhecer a própria ignorância sobre o tema. E, por fim, que ele concorde com seus argumentos e contrariem o pensamento dele original.
c) “Disfarce seu objetivo final: as perguntas quando não são feitas na ordem que levaria a uma conclusão possível podem levar a uma confusão muito grande. O oponente não sabe aonde você quer chegar e não pode se precaver. Também é possível usar suas respostas para tirar diferentes conclusões, até contrapô-las, de acordo com suas características”.
Exemplo: Comece o debate com perguntas simples, diretas e objetivas. Mostre-se cortês e gentil. Faça o seu interlocutor falar bastante. Memorize as respostas. E faça generalizações e simplificações a partir delas. Num segundo ou terceiro momento (ou no clímax do debate), pegue as respostas do seu oponente e faça perguntas mais sofisticadas e refinadas a partir delas. Procure demonstrar os equívocos e as contradições nas respostas do seu oponente.
FONTE: https://www.pensarcontemporaneo.com/7-dicas-de-schopenhauer-para-vencer-um-debate-sem-ter-razao/
(*) José Renato Ferraz da Silveira, que escreve às terças-feiras no site, é professor Associado IV da Universidade Federal de Santa Maria, lotado no Departamento de Economia e Relações Internacionais. É Graduado em Relações Internacionais pela PUC-SP e em História pela Ulbra. Mestre e Doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP.
Resumo da opera. Melhor não chupinhar textos da internet sem investigar a veracidades das afirmações primeiro. Em tempos de relativismo, este assunto vira uma ferramenta para desacreditar o discurso dos outros (ou outras), mesmo eles tendo razão.
Resumo da opera. Melhor não chupinhar textos da internet sem investigar a veracidades das afirmações primeiro. Em tempos de relativismo, este assunto vira uma ferramenta para desacreditar o discurso dos outros (ou outras), mesmo eles tendo razão.
Antigamente todos compartilhavam dos mesmos fatos e divergiam nas opiniões. Hoje os fatos são distorcidos para se adequarem as ‘opiniões’. Geralmente ideologicas. No tempo de Schopenhauer não existia Google. Se fosse vivo e escrevesse um livro a respeito do mesmo assunto quase com certeza o conteudo seria diferente. Bom lembrar que o titulo original do livro, lançado em 1831, era ‘Dialética Eritistica’ (Eristische Dialektik). Motivo era esclarecer o publico a respeito das falacias de maus filosofos. Alas, os vermelhos beberam muito nesta fonte. Premissas falsas, encolerizar o adversário, falsa proclamação de vitoria, ad hominem, mutatio controversiae, etc. Alas, o texto original peca nisto, colocou Socrates onde não cabia. Metodo dele era conduzir o aluno até a verdade atraves de questionamento. Metodo erotematico envolve exposição de doutrina antes.
Metodo socratico, bom lembrar, é um metodo de investigação filosofica. Utilizada em faculdades de direito. Mais famosa Harvard. Copiado pela FGV, onde o curso tem (ou tinha) estrutura peculiar. Tres anos para cobrir o conteudo dos 5 anos das faculdades tradicionais. Quarto ano uma especialização. Quinto ano estagios e preparação para a prova da Ordem.
Por algum motivo deixou-se de ensinar retorica e oratoria nas escolas. Total zero, grande maioria das pessoas se forem perguntadas a respeito do motivo de suas opiniões vão ficar no ‘porque sim’.