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Celular x vida – por Orlando Fonseca

"Precisamos urgentemente readequar o valor das coisas"

A bolsa ou a vida! Era uma frase comum dos ladrões de rua, há algumas décadas. Hoje, é o celular ou a vida; e a vida está perdendo, pelo que se pode ver nas notícias. Coincidentemente, grande parte de nós tem colocado a  vida no celular, tanto em termos de memórias afetivas, quanto em termos econômico/financeiros. Isso não cabia nas bolsas, antigamente, quando se andava pelas ruas à mercê de um trombadinha, um larápio descuidista. Logo, o valor simbólico de um latrocínio, nome requintado para o que se passa em fração de segundos, nos quais uma vida se perde, ao mesmo tempo em que um celular desaparece de imediato nos descaminhos urbanos e policiais.

Mesmo que se tenha de considerar imenso o valor prático do equipamento, uma vida humana é ainda infinitamente mais valiosa. Claro que, se estamos considerando que existem pessoas capazes de matar para roubar, não estamos tratando de um equilíbrio em termos de humanidade. No entanto, até porque deliberadamente colocamos nossas vida nos processadores do celular, não podemos deixar de considerar o que queremos dizer com “valor” de uma e outra coisa.

Antes – até inícios deste século – a gente guardava senhas na memória; as fotos estavam em porta-retratos ou em caixas de sapato. Ouvíamos nossas músicas no rádio, no toca-discos (ainda uma vitrola), embora começasse a proliferar um equipamento (walkman) capaz de nos acompanhar, como diz o nome, em nossas caminhadas. Tudo isso foi parar dentro deste aparelho cobiçado por gatunos, pois virou moeda de troca entre bandidos, traficantes e presidiários. Enquanto a vida, bem, a vida cada vez vale menos em um mundo regido pela cotação do dólar.

São fortes as imagens dos roubos, é a advertência dos veículos da imprensa, nas manchetes que tomam de assalto nosso cotidiano. Uma pessoa solitária, em uma rua quase deserta, é abordada por assaltantes em motos, e, no azar de se atrapalhar para entregar o objeto de desejo dos meliantes, paga com a vida. E a ação tem se sofisticado, pois já existe até olheiros que dirigem os movimentos de bandidos, assim como a polícia monitora as ruas com as câmeras de vigilância. Em uma dessas matérias, ouve-se o áudio do tal bandido-monitor: “Se não der, mata! É estarrecedor e patético, pois a tecnologia era para nos dar um mundo melhor, em que pudéssemos nos mover por aí tranquilos.

No mundo antigo da comunicação era complicado, só quem viveu (mesmo que achando o máximo) sabe o quanto evoluiu para facilitar as coisas. Foi bom ter melhorado, embora tenha facilitado os furtos e desvalorizado a vida, pois, diante do preço de um smartphone, uma bolsa para levar objetos pela rua era bem mais barato. Os efeitos colaterais da evolução só testemunham que o ser humano abriga em sua índole traços que o aproximam das bestas feras, na menor possibilidade de deixar que elas aflorem.

Precisamos urgentemente readequar o valor das coisas, incluindo o celular na vida das pessoas. As escolas fazem bem em eliminá-lo das salas de aula, pois não servem para o propósito sublime da educação, que se dá nas trocas interpessoais da relação professores, alunos e colegas. Um adulto só não vê isso se estiver de má intenção, e pretende delegar ao celular as responsabilidades sobre crianças e adolescentes. Nações desenvolvidas se deram conta, e já aboliram faz algum tempo o uso de telas (tabletes, celulares) nas salas de aula.

As mudanças por aqui seguem uma tendência humanista no mundo. Para o que mais precisa em seu aprendizado, um aluno encontra nos livros, só precisa ser ensinado a buscar, lição que nos conduziu na evolução do humano, da ciência e das tecnologias (incluindo aí o celular) até aqui. E o futuro depende de que se coloque em prática este modus operandi da educação de qualidade. Isso, inclusive, pode mudar o quadro de violência urbana, no qual a vida tem valido menos que um telefone celular.

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8 Comentários

  1. Resumo da opera II, a missão. Vermelhos quebraram o sistema de educação superior na Ianquelandia. Pessoal com ensino superior votou majoritariamente na Kamala. Porém, antes da eleição, as ‘zelites’ diplomadas acharam que seria uma boa idéia ridicularizar os eleitores do Agente Laranja com os adjetivos de sempre, caipiras, burros, ignorantes, etc. Deu no que deu.

  2. Resumo da opera. Admirável Mundo Novo. Brasil virando uma ‘reserva selvagem’, com exceção das ‘zelites’ (que têm acesso a tecnologia e medicina de ponta). Serviço de Propaganda. Colégio de Engenharia Emocional.

  3. ‘[…] educação de qualidade. Isso, inclusive, pode mudar o quadro de violência urbana, no qual a vida tem valido menos que um telefone celular.’ India tem perto de 30% de analfabetismo e os indices criminais são muito menores. Ideologia diz que o problema estrtural causa crime, logo o/a criminoso(a) ‘não tem culpa’, ‘não é responsável’. Obviamente é furado. Alas, ‘educação de qualidade’ é algo que não está no horizonte. Vermelhos querem ‘educação’ que não ensina nada e que ‘formate’ o(a) cidadão(ã).

  4. ‘Um adulto só não vê isso se estiver de má intenção,[…]’. Para os vermelhos concordar e aquiescer é compulsório. Caso contrario existe um ‘defeito’. De caráter, de ‘educação’, de capacidade cognitiva, etc.

  5. ‘[…] pois não servem para o propósito sublime da educação,[…]’. kuakuakuakua! Parecem crianças de 5 anos! Kuakuakuakuakua!

  6. ‘Precisamos urgentemente readequar o valor das coisas, incluindo o celular na vida das pessoas.’ Não ‘precisamos’ p#rr@ nenhuma. Megalomania narcisista dos vermelhos faz pensarem que podem ‘policiar’ a humanidade.

  7. ‘É estarrecedor e patético, pois a tecnologia era para nos dar um mundo melhor, em que pudéssemos nos mover por aí tranquilos.’ O assalto não é culpa da tecnologia. É culpa do coitadismo penal.

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