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Uma nova Ágora para o Rio Grande – por Luís Henrique Kittel

A região central e a necessidade de uma articulação política unificada

Na Grécia Antiga, as ágoras eram mais do que simples praças; eram o coração da vida pública, onde os cidadãos se reuniam para debater os rumos da pólis (cidade). Era ali que as ideias se confrontavam, propostas eram discutidas e o futuro era construído, não pela imposição do poder, mas pelo livre exercício da palavra e da cidadania.

Hoje, precisamos resgatar esse mesmo espírito de participação e responsabilidade – sobretudo aqui, na Região Central do Rio Grande do Sul. É hora de unirmos nossas vozes para defender as demandas locais e construir um Estado mais justo, eficiente e verdadeiramente conectado às necessidades de quem vive e trabalha longe da capital.

Em um momento crítico de reconstrução e diante de desafios socioeconômicos sem precedentes, é essencial que a região central assuma o seu protagonismo político. Chegou a hora de formarmos representantes com coragem, preparo técnico e visão de futuro, que tenham a clareza de que o verdadeiro progresso nasce da liberdade econômica, do respeito ao cidadão que produz e da eficiência na gestão pública.

Infelizmente, temas centrais para o desenvolvimento regional seguem estagnados – consequência, em parte, da falta de uma articulação política unificada, capaz de defender com firmeza os interesses da nossa região, principalmente no parlamento estadual.

Outras regiões do Brasil, como o Norte e o Nordeste, há décadas demonstram que coerência e unidade política são ingredientes essenciais para conquistar espaço e fazer valer suas demandas. O Rio Grande do Sul – e, em especial, a sua região central – não pode continuar fragmentado e disperso.

Um exemplo claro disso foi na semana passada, quando participei de uma audiência pública sobre a duplicação da RSC-287 – uma obra crucial para o desenvolvimento e a segurança da nossa região. Apesar da urgência e da importância do tema, ficou evidente que ainda estamos longe de alcançar os avanços necessários.

Percebi com preocupação que, enquanto não houver coesão e unidade entre as lideranças que nos representam em nível estadual para pressionar por essa pauta, a duplicação continuará sendo adiada. E é claro, a região central seguirá enfrentando gargalos que freiam seu potencial econômico.

A reconstrução da ERS-348, uma das principais vias da Quarta Colônia, é um outro termômetro da capacidade de nossas lideranças de ouvir e lutar pela comunidade local. Essa estrada, destruída pelas enchentes, continua em situação crítica, e a população segue na incerteza, com informações vagas e sem um cronograma claro para a retomada das obras.

Dessa forma, vejo que é fundamental que tenhamos representantes comprometidos não no discurso, mas na prática efetiva da política: cobrando celeridade, buscando soluções concretas e, sobretudo, se comunicando diretamente com a população, de forma transparente, para que todos saibam o que está sendo feito e o que ainda precisa ser conquistado. Essa conexão é essencial para garantir a reconstrução da estrada, e principalmente a confiança e a esperança da comunidade na força da representação política.

Por isso, nossos representantes precisam estar alinhados a princípios sólidos. É essencial termos líderes que compreendam que representar a região central não é apenas ocupar uma cadeira, mas assumir um compromisso com a construção de um Estado mais próximo da realidade de quem vive longe da capital, mas que sustenta a economia gaúcha com trabalho árduo e dedicação diária.

Como nas antigas “ágoras”, é o momento de nos unirmos e fazer da política o verdadeiro espaço do diálogo construtivo e da defesa dos nossos interesses coletivos. Afinal, quem melhor do que nós mesmos para defender o futuro da nossa própria região?

(*) Luís Henrique Kittel, 39 anos, é jornalista formado pela então Unifra, atual UFN). É prefeito reeleito do município de Agudo (o único do PL na região), foi vice-presidente do Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia e atualmente é vice-presidente da Associação dos Municípios da Região Central (AM Centro). Ele escreve no site às quintas-feiras.

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Um Comentário

  1. ‘Dialogo construtivo’ é o que mais acontece em SM. Só que chega uma hora que é necessario arremangar a camisa e trabalhar um pouco.

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