
Por Bruna Homrich (Com foto de Italo de Paula e gráfico de Vilma Ochoa) / Da Assessoria de Imprensa da Sedufsm
Desde quando José Mariano da Rocha Filho fundou a UFSM e inaugurou o posto de reitor, em 1960, outros 11 professores ocuparam o cargo de gestor máximo da instituição. Desses, cinco vieram do Centro de Ciências da Saúde (CCS), quatro do Centro de Tecnologia (CT), dois do Centro de Ciências Rurais (CCR) e um do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE).
Os dados se originam de levantamento realizado por dois pesquisadores da UFSM – Alcir Martins e Micaela Jessof -, autores do artigo “A elite política na academia: uma análise da trajetória dos reitores da UFSM”, publicado no livro “A elite acadêmica: estudos sobre as formas de (re)produção do capital acadêmico”, cuja organização é do professor Everton Picolotto, professor do departamento de Ciências Sociais e presidente da Sedufsm. A obra será lançada na quarta, dia 30, às 16h, no Auditório do CCSH (74C).
Ao observar a predominância esmagadora de ex-reitores (incluindo o atual, Luciano Schuch/CT) vindos do CCS e do CT, pode-se questionar por que tais centros de ensino figuram como os principais berços acadêmicos da elite política na UFSM. A justificativa seria meramente quantitativa, indicando que estariam, ali, os maiores colégios eleitorais da universidade? Ou seja, os reitores teriam sido eleitos porque seus centros de origem concentram o maior número de votantes?
Nossa primeira análise, obtida através de dados cedidos pela Pró- Reitoria de Planejamento à Assessoria de Imprensa da Sedufsm, diz que não. Se as eleições à reitoria em 2025, por exemplo, fossem decididas tendo por critério a preferência política do maior colégio eleitoral, o candidato ou candidata vencedora seria aquele ou aquela que caísse nas graças da maioria de docentes, técnico-administrativos em educação (TAEs) e estudantes pertencentes ao Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH), já que este, hoje, é o maior colégio eleitoral da instituição. E não se trata de um cenário novo, pois há dez anos, em 2015, o centro já era o mais numeroso da instituição. Por que, então, nunca tivemos um reitor ou reitora dali oriundo?
Somando docentes, TAEs e estudantes, o CCSH tem atualmente uma comunidade de 5.256 pessoas. Em segundo, terceiro e quarto lugares, de fato, vêm os centros de onde se originaram todos os reitores até então: CT (4.271 pessoas), CCS (4.252 pessoas) e CCR (3.073 pessoas).

Para o presidente da Sedufsm, os três centros de onde vieram todos os reitores da UFSM não concentram apenas a elite política da instituição, mas também a elite científica, caracterizada pelos professores e professoras mais valorizados e reconhecidos por suas pesquisas.
“Então, além de concentrarem nesses centros o poder político, eles também concentram os mais reconhecidos programas de pós-graduação, os cientistas que têm maior renome, e não por acaso também concentram a maior parte dos recursos financeiros que são destinados pela instituição e por agências externas. A fórmula “capital atrai mais capital” funciona muito bem dentro da instituição. O que seria necessário para a democratização da instituição seria reduzir o poder desses centros, fazendo com que outros também recebam maiores e melhores recursos para poderem também se desenvolver”, opina Picolotto.
Ele diz que temos avançado nos últimos tempos, com um maior desenvolvimento das áreas das ciências humanas e a criação de cursos de graduação e pós-graduação. Contudo, muitos desses cursos ainda são novos e precisarão de um tempo para formar cientistas reconhecidos.
“Mas também penso que deveríamos ter uma reforma desses centros para que todos tenham igual poder nos conselhos superiores, tendo em vista que nós temos uma desproporção muito grande entre os centros, e todos eles deveriam ter o mesmo poder dentro dos conselhos superiores que tomam as decisões. Então penso que passam por aí algumas mudanças para a democratização da instituição”, acrescenta Picolotto, que é docente do departamento de Ciências Sociais.
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Os outros centros também “gestam gestores” bem fraquinhos. Numa eleição não muito distante, uma candidata nos debates chamava o Campus Descentralizado de Palmeira das Missões de “Palmares”, “Palmeiras” ou coisa que o valha, e insistia que a UFSM tinha campus em Itaqui (na verdade é um Polo EAD). Outro dizia que ia resolver o problema da permanência dos alunos instalando bancos de madeira no campus sede, para o aluno permanecer depois de comer no R.U. rsrsrs é rir pra não chorar. Certo gestor aconselhou um aluno indígena do nordeste a ficar “lá com a gente dele”, pois caso se deprimisse ficaria mais perto e não tiraria a vaga “dos daqui” no Sisu. Uma pré-candidata, em sua gestão não criou nem um curso de formação/capacitação com especificidades para desenvolvimento de gestoras, e agora posa como defensora feminista. Oremos.