Cá entre nós, o título acima vale (em dimensões menores, mas nem tanto) para toda a mídia dita tradicional. Da grandona à pequenininha, passando pela que se acha, o fato é que o pessoal muda de assunto ao sabor do vento. Deixa para trás, eventualmente, algo importante, para se apegar ao detalhe do detalhe do detalhe do factóide.
O exemplo abaixo, capturado pelo sempre instigante (embora, reconheço, nem sempre concordo com ele) Carlos Brickmann, envolve o senador Tião Viana. Onde havia um escândalo, o pessoal simplesmente baniu do noticiário. Já onde era evidente que não passava de um equívoco, e a legalidade óbvia, o povo bateu, bateu e bateu. Uma injustiça, nesse caso.
Para saber do que é, acompanhe um trecho da seção “Circo da Notícia”, que Brickmann assina semanalmente no sítio especializado Observatório da Imprensa. A foto é de José Cruz, da Agência Brasil. Confira:
“…O primo do faxineiro do amigo
Está na hora de os meios de comunicação repensarem um pouco a cobertura política. Há escândalos que têm de ser denunciados; há também fatos que, embora irregulares, definitivamente não são escandalosos; e há coisas que só viram escândalo porque a imprensa insiste em dizer que são.
O caso do terreno de R$ 30 mil, que o senador Tião Viana (PT-AC) teria omitido em sua declaração de bens, é coisa normal. O terreno foi comprado por sua esposa e está no imposto de renda dela. Não há crime, não há sonegação, não há tentativa de esconder patrimônio. O casamento é em comunhão de bens, mas as declarações de renda são separadas. O terreno, portanto, é também dele; mas, como consta na declaração da mulher, não poderia constar na dele. No máximo, ele poderia mencionar o terreno, informando que está na declaração da esposa.
O escândalo que envolveu Tião Viana, este sim um escândalo, ficou esquecido: o celular do Senado que ele emprestou à filha para uma viagem ao exterior. Tudo bem, ele prometeu devolver o dinheiro da conta ao Senado; mas faltou lembrar que celular hoje é coisa baratinha, que se compra no aeroporto. Para que, então, pegar o aparelho do Senado, como se fosse coisa rara mas essencial?
Em resumo, substituiu-se um fato muito irregular por uma bobagem…”
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