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JORNALISMO. Boicote de alunos continua a fazer seu estrago. Curso da UFSM, pior entre todos os avaliados

A Universidade Federal de Santa Maria pode contabilizar bons resultados no chamado Índice Geral de Cursos, elaborado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação. É a 17ª instituição do País.

No entanto, por conta de uma atitude absolutamente ridícula (na opinião deste ex-egresso do curso, e que não esconde de ninguém a vergonha), o boicote de “estudantes” no chamado Exame Nacional de Desempenho (Enade), o jornalismo simplesmente destoa, obtendo uma nota que o deixa na condição de insatisfatório – não obstante as óbvias excelentes condições técnicas e da qualificação dos docentes.

Lamentavelmente, isso é o que fica, nessa hora. Uma legítima “vitória de pirro”, pois a nota baixa terá consequências na hora de obtenção de mais recursos para o Jornalismo da UFSM. Bueno, para saber mais de tudo isso, inclusive das outras notas e da situação de outros cursos de instituições locais, confira a reportagem de Luiz Roese, publicada neste sábado pelo jornal A Razão:

Jornalismo da UFSM fica com conceito insatisfatório – Boicote dos formandos do curso ao Enade fez com  que a graduação tivesse a nota mais baixa de Santa Maria

O Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação (MEC), divulgou na sexta-feira os dados do Conceito Preliminar de Curso (CPC) e o Índice Geral de Cursos (IGC) das instituições de educação superior referentes ao ano de 2012. Em Santa Maria, o único curso que ficou com desempenho considerado insatisfatório foi o Jornalismo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Por conta do boicote dos formandos ao Exame Nacional de Desempenho (Enade, o antigo Provão), a graduação ficou com nota 2 no CPC, quando, para ter desempenho satisfatório, é necessário 3 ou mais.   

Com o boicote, a média dos formandos do jornalismo da UFSM no Enade ficou em 0,2911 (quando máximo era 5). Em outros itens avaliados, como infraestrutura, organização didático pedagógica, porcentagem de mestre e doutores e regime de trabalho, a graduação se saiu muito bem, obtendo quase as notas máximas.

Na prática, o conceito insatisfatório do jornalismo não ameaça o curso de fechamento, por enquanto. O que acontece é, segundo portaria do MEC, é que a UFSM perde sua autonomia para determinar o número de vagas para a graduação, assim como ampliá-las ou diminuí-las, 

Dos 28 cursos avaliados em Santa Maria, dois ficaram sem nota porque, de acordo com o Inep, ainda não foram reconhecidos pelo MEC. Nenhum obteve o conceito máximo de 5 (veja quadro)

De acordo com os dados do CPC, que avalia o rendimento dos estudantes, a infraestrutura da instituição, a organização didático-pedagógica e o corpo docente, 71,6% dos cursos no país apresentaram desempenho satisfatório, com os conceitos 3, 4 e 5. Foram avaliados 8.184 cursos de 1.762 instituições nas áreas de ciências sociais aplicadas e ciências humanas, além dos eixos tecnológicos de gestão e negócios, apoio escolar, hospitalidade e lazer, produção cultural e design. Os cursos representam 38,7% do total de matrículas da educação superior no país.

Os conceitos 4 e 5 foram apresentados na maioria por instituições públicas – 33,7% do total. As particulares somaram 21,5%. Na comparação com os resultados gerais de 2009, houve melhoria significativa em todas as faixas. Os conceitos satisfatórios (3, 4 e 5), que totalizavam 51,5% em 2009, chegaram a 71,6% em 2012 — aumento de 20,1 pontos percentuais. Os conceitos insatisfatórios (1 e 2) caíram para menos da metade — de 27% para 12%. Os cursos sem conceito, que não atenderam critérios mínimos de participação no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), diminuíram de 21,6% para 16,3%.

No CPC, o desempenho dos alunos representa 55% do total, a infraestrutura, 15% e o corpo docente, 30%. No quesito docentes, a quantidade de mestres pesa 15%; a dedicação integral, 7,5% e o número de doutores, também 7,5%.

UFSM é a 17ª melhor universidade do país – Já entre as 192 instituições avaliadas no Índice Geral de Cursos, a UFSM ficou na 17ª colocação no país e obteve o conceito 4. Apenas nove instituições conseguiram a nota máxima, 5. Entre elas, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), primeiro lugar do Brasil. No IGC, são avaliadas somente universidades.  

Na avaliação do MEC, o IGC também apresentou números positivos. O cálculo inclui a média ponderada dos conceitos preliminares de curso no triênio de referência (2010 a 2012) e os conceitos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), responsável por avaliar os programas de pós-graduação das instituições. Ao todo, foram avaliadas 2.171 instituições.

A maioria (73,4%) obteve conceitos 3, 4 e 5.Na comparação com o período de 2007 a 2009, o avanço chegou a 22,1 pontos percentuais — de 51,3% para 73,4%. Conceitos insatisfatórios caíram de 32,7% para 17,2%. Instituições sem conceito, que representavam 16,1% do total, passaram para 9,6%.

CONCEITO PRELIMINAR DE CURSO (CPC) EM SANTA MARIA

Centro Universitário Franciscano

Administração – 3

Ciências Contábeis – 4

Ciências Econômicas – 3

Design – 3

Direito – 4

Jornalismo – 3

Psicologia – 4

Publicidade e Propaganda – 3

Turismo – 3

Fadisma

Direito – 3

Fames

Administração – 3

Ciências Contábeis – Sem conceito

Direito – 3

Fapas

Administração – 4

Direito – 3

Fisma

Administração – 3

Psicologia – 3

Ulbra

Administração – 4

Direito – 3

UFSM

Administração – 4

Ciências Contábeis – 4

Ciências Econômicas – 3

Design – 4

Direito – 4

Jornalismo – 2

Psicologia – Sem conceito

Publicidade e Propaganda – 4

Relações internacionais – Sem conceito”

PARA LER OUTRAS REPORTAGENS DO JORNAL A RAZÃO, CLIQUE AQUI

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3 Comentários

  1. Universidades são autarquias, não são geridas pelo MEC. Recebem uma grana alta da União para gastarem. A função é ensino, pesquisa e extensão. Se os recursos são mal geridos, o que se mede pelo conhecimento teórico cobrado pela prova do Enade, é justo que diminuam.
    Os egressos fizeram bobagem. E Pirro ao menos tinha noção do que estava acontecendo. Coisas do Brasil, “intelectuais de esquerda” e “idealistas mentecaptos”.

  2. Parabens CLAUDEMIR PEREIRA,pelo teu sucesso.Talvez não lembre mais de mim.Eu fui colega teu em Santa Maria.Na UFSM no Curso de Direito em 1977.Pois em seguida passastes para o Curso de Jornalismo.Eras um jovem com idéias próprias naqueles tempo de DITADURA,que espero não volte mais. SALAM ALEICUN-ABDALAH RAHAL-ADVOGADO.PORTO ALEGRE

  3. Este egresso do Jornalismo da UFSM não sente vergonha por defender que o MEC deveria rever, e profundamente, a sistemática de aferição de cursos. Considera sim vergonhoso uma faculdade que vai oferecer três diplomas a alunos que pagarem 48 mensalidades – já são tecnólogos em Fotografia, título obtido no final do ano passado -, arrumam a fantasia pra colar na parede o de bacharel em Publicidade no início do ano e serão jornalistas no final de 2014. Tudo em singelas 2700 horas-aula, e pior: com aval do MEC! Este egresso acredita também que não cabe ao MEC cortar recursos pelo conceito por ser uma atitude anacrônica: cabe ao MEC a gestão das universidades federais…
    As outras razões já expus aqui, e reitero uma: os professores e coordenadores que atiram lixo nas costas dos alunos que se rebelaram, como forma de protesta, em responder a prova. O fato de o estudante ir bem ou mal na prova não o credencia nem o descredencia para o mercado de trabalho. Em última análise, isso faz com que sejam os professores e o coordenador os vitoriosos pela aprovação de seus cursos: se convenceram os aluninhos, palmas aos pupilinhos, do contrário pedra neles. De uma pobreza insuportável esse tipo de comportamento, ainda mais vindo de professores das federais que via de regra costumam se considerar a última bolacha do pacote acadêmico. E como já fui triturado por uma banca de uma federal e creio que que a sindicância para apurar irregularidades, severas diga-se, até agora não se manifestou, nada mais tenho a perder: pra levar pau basta entrar na fila de concurso, o que está definitivamente fora de questão.
    Resumindo a questão do Enade:
    1. A sala de aula não reproduz a realidade do mercado de trabalho, no máximo aproxima algumas práticas;
    2. A sala de aula constitui-se num espaço de sedução, não necessariamente para fins sexuais, genitaliamente falando;
    3. A sala de aula constitiu-se em espaço de manifestação e fortalecimento de estruturas de poder;
    4. Nem todo aluno presente numa mesma sala de aula tem os mesmos objetivos: a moçoila foi ver se acha um marido, outro pelo pai que mandou, outros que basta a imaginação para identificar, e, sim, aqueles realmente interessados e preocupados e nem por isso cordeiros de coordenadores, diretores de centro, professores e de acordo com políticas de gestão, tanto em nível micro quanto macro; e
    5. O Enade é ferramenta de troca e por isso serve pra chantagem.

    Errado sim está o MEC, que mantém esse sistema de avaliação viciado, quase duas décadas desde que o sinistro da Educação do FHC Paulo Renato Souza inventou esse troço pra servir de cortina para que os tubarões do ensino pago abocanhassem a grana que rola na área. E errados também estão aqueles que achincalham seus adorados aluninhos quando estes se rebelam. Deveriam exigir critérios menos perigosos, e identificar as possíveis distorções provocadas por tal sistemática.

    PS: Anda mais que na hora de acabar com essa confusão: Educação: inclui o ensino mas não começa nem se encerra nele; Ensino: repasse de técnicas necessárias para que um determinado grupo social tenha habilidades para atendimento das necessidades do grupo e superação de eventuais contradições.

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