VIOLÊNCIA. A solução para frear os homicídios em SM
POR MAIQUEL ROSAURO
Em entrevista ao repórter Tiago Baltz, do jornal A Razão, o delegado regional Marcelo Mendes Arigony falou sobre a onda de violência e o que fazer para derrubar a quantidade de homicídios em Santa Maria. Leia na matéria abaixo:
Homicídios caem com investimento social
Há três anos à frente da Polícia Civil de sua terra natal, o delegado regional Marcelo Mendes Arigony já enfrentou inúmeros desafios, como a investigação do incêndio da Boate Kiss e mais recentemente o aumento nos números de homicídios e latrocínios na cidade. Neste anos já foram 23 homicídos e 5 latrocínios em Santa Maria, totalizando 28 assassinatos até o fechamento desta edição. Em todo 2013, a cidade registrou 40 mortes violentas.
O ‘surto de violência’ que Santa Maria vive em 2014 preocupa. Mas, para Arigony, os principais problemas e as soluções estão fora da esfera policial. Para ele, a redução efetiva de roubos e crimes contra a vida só acontecerá com políticas públicas efetivas e atacando de frente o problema do sistema prisional. Hoje, na visão do delegado regional, as prisões fomentam a prática de crimes.
A Razão – Qual a causa da onda de crimes em Santa Maria?
Arigony – Nós estamos vivendo um surto de violência, talvez sem causas específicas relacionadas ao trabalho policial. Nunca prendemos tanto e as forças policiais nunca haviam sido tão ostensivas como nos últimos anos. Os órgãos de Santa Maria estão aparelhados e dotados de recursos para desempenhar satisfatoriamente a sua missão. Temos altos índices de resolução nos crimes graves, mas a criminalidade não cede. Os gargalos estão em áreas fora da agenda das polícias. Enquanto não houver uma articulação, talvez capitaneada pelo município, buscando a soma de forças privadas e políticas públicas de acompanhamento familiar, policiamento, saúde, educação e práticas desportivas, não teremos resultados duradouros. Poderia somar ainda a questão prisional. O sistema e a legislação não dão conta da massa carcerária e as polícias ficam trabalhando em cima de indivíduos que deveriam estar presos, num escancarado e oneroso retrabalho.
A Razão – O que a polícia está fazendo para prevenir os assassinatos em Santa Maria?
Arigony – Para responder essa pergunta, primeiro temos que estabelecer a diferença fundamental entre dois crimes que têm sido muito confundidos. De um lado estão os homicídios, que são crimes contra a vida, nos quais o autor tem a intenção deliberada de matar outra pessoa. De outro lado, embora também resultem em morte, estão os latrocínios, cujo objeto visado pelo meliante é o patrimônio e não a vida. A morte acaba ocorrendo como consequência não diretamente pretendida pelo latrocida. A prevenção dos homicídios é quase impossível de ser feita na instância policial. Esse tipo de crime ocorre em locais diversos, por circunstâncias variadas, com autores e vítimas diferentes. Contrariamente a outros tipos de crimes, os homicídios têm como padrão a vulnerabilidade social, o tráfico e o uso de drogas e álcool, e o sistema prisional, este último muito presente nas estatísticas recentes.
A Razão – Então não há como prevenir os homicídios?
Arigony – A prevenção dos crimes contra a vida pode ser feita sim, mas não consta da agenda da Polícia. Tudo o que a Polícia Civil e a Brigada Militar fazem funciona como paliativo. Mesmo que conseguíssemos triplicar o policiamento ostensivo nas áreas mais violentas, os homicídios continuariam ocorrendo. A prevenção dos homicídios ganha relevo em outras áreas, mais ligadas à questão social. Esses crimes ocorrem em locais de maior vulnerabilidade, onde muitas vezes estão faltando urbanização e políticas públicas mais efetivas que consigam integrar os adolescentes e adultos jovens à engrenagem social e não ao mundo da violência e das drogas.E temos a questão prisional. Vemos que a quase totalidade dos homicídios, latrocínios e roubos têm egressos do sistema. Essa questão precisa ser enfrentada em conjunto.
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